O eurodeputado italiano Roberto Gualtieri, do partido Democrático da Itália e presidente da Comissão de Economia do Parlamento Europeu, esteve nesta quinta-feira (26/7), na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, para uma visita ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso há 113 dias em um processo sem provas. Gualtieri, representando o Bloco Social Democrata no Parlamento Europeu e o Partido Socialista Europeu, entregou a Lula mensagens de apoio dos parlamentares e de ex-presidentes do Conselho Italiano.
No mesmo dia, um grupo de 29 congressistas norte-americanos, incluindo o senador Bernie Sanders, que foi pré-candidato à presidência dos Estados Unidos, enviou carta ao governo brasileiro na qual denuncia a prisão política de Lula, com base em “acusações não comprovadas” em um julgamento “altamente questionável e politizado”. Os parlamentares defendem que ele responda ao processo em liberdade e afirmam que “a luta contra a corrupção não deve ser usada para justificar a perseguição de opositores políticos ou negar-lhes o direito de participar livremente das eleições”.
Em maio, o ex-presidente da França François Hollande e da Espanha José Luis Rodriguez Zapatero já haviam assinado documento em favor da libertação e candidatura de Lula nas próximas eleições. “O impeachment de Dilma Rousseff, eleita democraticamente por seu povo e cuja integridade nunca foi questionada, já era uma preocupação séria. A luta legítima e necessária contra a corrupção não pode justificar uma operação que questiona os princípios da democracia e o direito dos povos de eleger os seus governantes”, afirmam no texto. Também subscrevem o documento o ex-primeiro-ministro da Bélgica Elio Di Rupo, além de três ex-presidentes do conselho de ministros da Itália: Enrico Letta, Massimo DÁlema e Romano Prodi.
Da Espanha, a solidariedade ao ex-presidente também veio do Secretário Geral do Podemos e deputado, Pablo Iglesias. Ele se manifestou publicamente durante o encontro internacional “En Marcha 2019!”, enviando solidariedade ao povo brasileiro que está lutando contra uma ofensiva autoritária: Libertem Lula”.
Antes mesmo de sua prisão, Lula já estava recebendo o apoio de diversos políticos italianos de centro-esquerda, que assinaram um apelo contra a rejeição do pedido de habeas corpus, expressando “preocupação” com a democracia brasileira. Entre os políticos estavam: Romano Prodi, Massimo D’Alema, Susanna Camusso, Luigi Ferraioli, Marina Sereni, Piero Fassino, Lia Quartapelle, Luciana Castellina, Pier Luigi Bersani, Vasco Errani, Guglielmo Epifani, Gianni Tognoni; Roberto Vecchi. No documento, afirmavam: “Somos pessoas que vivenciaram a experiência do governo Lula e conseguimos apreciar as mudanças ocorridas naqueles anos, especialmente no nível social. Para convicções ideais e políticas, estamos próximos do povo brasileiro e de todas as forças do país.
Os apoios a Lula, vindos da Europa e dos Estados Unidos, somam- se a uma série de manifestações internacionais em que líderes veem expressando o absurdo de sua prisão por um crime sem provas, com o objetivo único de impedi-lo de concorrer nas eleições de outubro.
Um velho amigo de luta, José Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, foi até Curitiba para visitar Lula no cárcere. “Na realidade, a cabeça de Lula nunca poderá ser presa. Podem prender seu corpo, mas nunca seu coração. Sua cabeça e seu coração andarão pelos confins do Brasil”, disse Mujica na ocasião da visita. Outra visita presencial foi a do ator e embaixador da ONU para os direitos humanos e assuntos raciais, Danny Glover, que defendeu a libertação de Lula e afirmou: “Eu o apoio porque é o presidente do povo”.
Do Chile, a ex-presidente Michelle Bachelet assinou, junto a outros 42 dirigentes da esquerda de seu país, uma carta de apoio à candidatura presidencial do ex-presidente Lula. A carta foi dirigida ao Poder Judiciário brasileiro com “uma defesa pela democracia”, considerando que “eleição presidencial sem Lula como candidato poderá ter sérias impugnações de legitimidade”. Entre as personalidades da esquerda chilena que assinaram a carta, estão Maya Fernández, presidenta da Câmara de Deputados e neta do ex-presidente Salvador Allende.
A atual senadora e ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, enviou várias mensagens de solidariedade a Lula, destacando ser evidente que “as elites do poder, que nunca se interessaram pela justiça ou pela democracia, usam o aparelho judicial para sua proibição”.
Uma “canalhice vergonhosa”, assim o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, classifica a prisão de Lula. Em discurso pelo VTV (TV Venezuela) disse: “É um líder democrático, moral, um homem comprometido com o povo, que tirou 38 milhões de pessoas da pobreza no Brasil”, afirmou.
Pelo Twitter, políticos internacionais também se manifestam em defesa a Lula. O ex-presidente colombiano Ernesto Samper, em sua conta, denunciou o tratamento injusto e distorcido que Lula vem recebendo do poder judiciário brasileiro.
Também pela rede social, o deputado norte-americano da Califórnia, Ro Khana, do Partido Democrata, se posicionou contra a prisão de Lula: “Estou muito preocupado pelo fato de que o candidato à Presidência do Brasil líder das pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva, está preso no que parece ser um processo por motivações políticas”, pontuou.
O presidente boliviano Evo Morales por várias vezes publicou mensagens em apoio ao ex-presidente por meio do Twitter. “Os crimes de Lula são: ter sido presidente dos trabalhadores, estar do lado dos trabalhadores e dos pobres que são vítimas dos estados coloniais. A luta continua por Lula livre”.
A solidariedade sul-americana veio também do ex-presidente do Equador, Rafael Correa: “Companheiro Lula: podem prender nossos corpos, mas não nossos ideais. Venceremos”. Correa, assim como Lula, teve prisão decretada recentemente.
Além das lideranças políticas, mais de 300 acadêmicos e intelectuais renomados assinaram um manifesto para pedir a libertação do ex-presidente Lula. Entre os signatários, há nomes como o economista francês Thomas Piketty, a filósofa e ativista norte-americana Angela Davis e o filósofo esloveno Slavoj Žižek.
No manifesto, os intelectuais afirmam que Lula é um preso político e pedem para a comunidade internacional tratá-lo desse forma. Na petição, eles chamam o processo contra o ex-presidente de “kafkiano”.