Fernando Haddad, em entrevista coletiva em Florianópolis, abordou temas ligados diretamente à economia e ao desenvolvimento do estado, nesta terça-feira (18/9). Ao lado dele, estavam a candidata a vice Manuela D’Ávila e o candidato a governador Décio Lima.
“Pautamos nossa visita a Santa Catarina em quatro pontos: a pesca, a agricultura familiar, a rede federal de educação e as ferrovias”, explicou Haddad. Ele lembrou que esteve mais cedo em Itajaí, reunido com setores da pesca, e manifestou a sua preocupação com a falta de apoio a uma indústria importante, com as várias dimensões da piscicultura, pesca artesanal e ornamental. Para Haddad, esses setores precisam ser recolocados na agenda do país.
Outro tema que merece muita atenção e que não pode sofrer retrocessos, segundo o candidato do PT, é a agricultura familiar. “Sabemos que Santa Catarina foi um estado que deu certo do ponto de vista da reforma agrária, tamanho dos lotes, o número de famílias assentadas, produtivas, e possui uma agroindústria importante”.
Um terceiro ponto abordado foi o reforço à rede federal de educação, relembrando a importância dos Institutos Federais. Criados por Haddad quando ministro da Educação de Lula, os institutos tiveram grande progressão no interior e no litoral do estado.
A ferrovia que sai de Chapecó e vai até o litoral, uma antiga reivindicação dos catarinenses, segundo Haddad, será retirada da gaveta para reexame de estudos em seu governo.
Haddad reafirmou que trabalho e emprego são as duas vertentes que irão guiar o seu governo. As primeiras medidas a serem tomadas serão em relação às reformas tributária e bancária. “Nós temos que criar um sistema bancário em que os juros sejam menores do que o lucro, porque fica impossível empreender no Brasil com esse sistema bancário”, disse.
Reforma trabalhista e democratização da comunicação
Perguntado se revogaria a reforma trabalhista promulgada por Temer, Haddad explicou que se trata de uma reforma “toda torta” e que, para se fazer mudanças, é preciso sentar com os trabalhadores e pactuar as propostas, mas “isso não foi feito”.
O candidato a presidente também falou sobre a democratização da comunicação, esclarecendo que a propriedade nos meios de comunicação é muito concentrada no Brasil e isso acontece por falta de regulação. “E do mesmo jeito que enfrentaremos o cartel dos bancos, vamos enfrentar o cartel dos meios de comunicação. Nós queremos outras vozes sendo ouvidas para que o brasileiro possa formar sua opinião livremente”, explicou.
Empoderamento de mulheres
Ao ser questionada sobre as declarações recentes sobre lares compostos apenas por mulheres, a candidata a vice Manuela D’Ávila explicou que “somos um país com 40% dos lares chefiados por mulheres e a maior parte das mulheres cria seus filhos sozinhas, com a ausência grave de seus companheiros, dos pais biológicos dos filhos, mas também com a ausência de políticas públicas que são imprescindíveis para que elas possam criam, sustentar e educar seus filhos, como são as políticas vinculadas, por exemplo, ao universo da educação. Não é uma casualidade que tenhamos a educação infantil, pela primeira vez, incluída no Fundeb sob a gestão do Haddad no ministério da Educação. Ou seja, a ausência que as mulheres sentem é a do pai biológico, mas também a ausência do Estado. Então, desconhecer ou agredir as mulheres que chefiam 40% dos lares do nosso país é não compreender, na vida real, o que é central para o Brasil se desenvolver: valorizar essas mulheres e permitir que elas possam contribuir plenamente para o nosso país”.
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