Em entrevista coletiva concedida nesta quarta-feira (19) durante atividades da campanha em Guarulhos (SP), Fernando Haddad respondeu a perguntas de jornalistas sobre as colocações de outros presidenciáveis. O candidato petista à presidência afirmou que é preciso ter duas qualidades para presidir o país: “Firmeza de propósito e muito autocontrole, para evitar provocação”.
Haddad afirmou ser “uma pessoa firme e controlada”, que sabe dos desafios que estão pela frente, mas que também “representa um projeto que expressa os anseios da grande maioria da população em ver o Brasil voltar a ser feliz”.
Haddad desenvolveu as atividades em Guarulhos acompanhado de Manuela D’Ávila, sua candidata à vice-presidência, por sua esposa, Ana Estela Haddad, e pelos candidatos ao Senado pelo PT, Eduardo Suplicy e Jilmar Tatto. O ex-prefeito de Guarulhos Elói Pietá e o deputado estadual Alencar Santana Braga também acompanharam as atividades. Os dois são candidatos a deputado federal pelo PT.
No ato público realizado hoje em Guarulhos, Haddad destacou a subida de 11 pontos que ele e Manuela tiveram na pesquisa Ibope divulgada ontem (18/09). “Subimos 11 pontos na pesquisa. O outro cresceu 2 pontos. Eu oscilei 11 pontos”, afirmou, brincando com a forma que o Jornal Nacional havia noticiado sua subida na pesquisa anterior.
Para Haddad, quando deram o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e contra o país, “esqueceram de prender o povo”. O petista defendeu que “só tem um jeito para o Brasil sair dessa crise: apertar 2 botões. É apertar 1 e 3” e falou para a militância não aceitar provocação, baixaria e fake news até o dia 07 de outubro. “Vamos sem arrogância, com humildade. E, depois, vamos tirar o país dessa crise aqui. Vai dar trabalho, mas nós sabemos o que fazer, porque nós já fizemos e vamos fazer de novo”.
Economia para o povo
Na conversa com os jornalistas, Haddad afirmou que a prioridade da economia tem que ser a resolução dos problemas do povo, e que os gestores dessa área precisam apresentar um “perfil pragmático (…), sem serem sectários”. O ex-ministro defendeu que, “quando você está no governo, tem que ter jogo de cintura, pragmatismo, flexibilidade para buscar a solução”.
O petista afirmou que a política econômica de Temer, com apoio do PSDB, foi desastrosa. Haddad relembrou que foi o PSDB que indicou Pedro Parente para a presidência da Petrobras. “Ele foi demitido, mas não resolveu. Os preços continuam atrelados ao mercado especulativo em dólar. Isso nós não vamos permitir”. Para Haddad, “a Petrobras não pode nem ser utilizada para combater a inflação, porque é uma empresa que precisa ter rentabilidade, nem pode ser usada pelos especuladores. Nós não vamos deixar essas coisas acontecerem”.
Sobre as propostas do retorno da CPMF e da unificação do Imposto de Renda em uma única faixa, apresentadas esta semana pela candidatura de Bolsonaro (PSL), Haddad disse se tratar de “um pequeno desastre”. O candidato explicou que a faixa única do IR “vai fazer o pobre, que já paga mais imposto que o rico via consumo, pagar ainda mais. Quando você impõe a mesma alíquota para rico e pobre, no fundo, você está penalizando ainda mais os pobres”.
Haddad assegurou que vai implementar a isenção de Imposto de Renda para Pessoa Física para quem ganha até cinco Salários Mínimos.
Guarulhos, amor e educação
No ato, Haddad afirmou possuir um carinho especial por Guarulhos, pois Ana Estela, esposa de Haddad, trabalhou por oito anos em uma universidade da cidade. “Eu ficava com saudades, ela demorava para chegar em casa”, brincou, contando que essa semana completaram 30 anos de casados.
“A Ana Estela é professora universitária como eu. Nós fomos para o governo Lula em 2003. Ela começou no Ministério da Educação, eu no Planejamento”. Haddad lembrou que os dois, a quatro mãos, estabeleceram as bases do Prouni: “A ideia foi dela. Levamos para o presidente Lula e para o ministro Tarso Genro e hoje é essa beleza”, com mais de 2,5 milhões de universitários beneficiados pelo Prouni.
Guarulhos é a segunda cidade com a maior população no Estado de São Paulo e é a 13ª mais populosa do Brasil, com mais de 1,3 milhão de habitantes. Haddad contou que, quando ele era ministro da Educação de Lula, Elói Pietá, prefeito de Guarulhos na época, “não saía de Brasília”, do gabinete do ministério da Educação, até trazer a Universidade Federal para Guarulhos.
“Foi uma luta construir o câmpus no Bairro dos Pimentas, um bairro popular, e que hoje está cheio de gente estudando. São 4 mil estudantes, em uma cidade com mais de 1 milhão de habitantes e que não tinha uma universidade pública. Agora tem”. O ex-ministro destacou que o mesmo aconteceu com outras cidades paulistas importantes, como Osasco, Diadema, Santos, Santo André e São Bernardo.
Haddad lembrou que Lula foi “um presidente que, por não ter diploma universitário, sabia qual era o nosso papel como governo: distribuir oportunidade para todo mundo crescer na vida”. Por causa disso, “quase triplicamos as vagas nas universidades federais no Brasil. Só eu, como ministro, inaugurei 126 câmpus como esse de Pimentas”.
Ministro da Educação de Lula e Dilma entre 2005 e 2012, o petista destacou que o número de universitários no país saltou de 3 milhões para 8 milhões. Haddad completou que “[o aluno que] foi bem no Enem, entra na universidade. Para nossa felicidade, não escolhe cor da pele, não escolhe renda – seja rico, seja pobre; seja branco, seja negro; seja homem, seja mulher”. De acordo com Haddad, a universidade mudou completamente de figura, com presença da mulher, do negro, do trabalhador.
Haddad concluiu sua fala no ato dizendo que “Lula sempre diz uma coisa: você garante para uma pessoa trabalho e educação, que o resto ela faz” e que ” todo mundo nasceu com algum talento, algum dom”. O petista lamentou que “muitas vezes, os políticos não percebem que o papel deles é distribuir oportunidades, e não favores. O que o povo pede é oportunidade, não é favor”.
Ele criticou, ainda, a afirmação de um dos candidatos a vice-presidente da atual campanha, que, resumidamente, disse que um menino criado pela mãe e pela avó é um menino candidato a ser delinquente. “Essa pessoa não compreende o que é a luta diária das mulheres brasileiras”.
Para Haddad, independentemente do que dizem as pesquisas, é hora de “conversar com os amigos, com a família, com os colegas de trabalho para lembrar o quanto fomos felizes durante 12 anos” e para mostrar que a situação atual chegou a esse ponto a partir do momento em que a oposição não aceitou sua derrota nas urnas em 2014 e sabotou o governo de Dilma.
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