Bolsonaro e seu desprezo pelo meio ambiente não param de promover recordes negativos: dados do Inpe indicam que o desmatamento na Amazônia entre agosto de 2020 e julho de 2021 foi o maior em 15 anos. Neste mesmo período, o número de autuações pelo Ibama foi o menor da série histórica. Enquanto isso, o interesse dos brasileiros por preservação ambiental aponta sinais de crescimento: as buscas no google por termos correlatos cresceram 420% em um ano.
O crescimento da devastação da Amazônia observada durante o (des)governo Bolsonaro é oposta ao movimento observado durante os governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT, em que a tendência de queda acentuada do desmatamento e crescimento da fiscalização do governo federal foi patente. A queda de desmatamento na Amazônia entre 2003 e 2015 foi de 80%, caindo de 25.396 km² para 5.012 km² – em 2010, o Brasil viu os menores índices de desmatamento desde 1977, e 2012 viu os números caírem a 4571 km². Entre 2018 e 2021, Bolsonaro promoveu crescimento de 72% do desmatamento da maior floresta do mundo. Os números passaram de 7536 km² para impressionantes 13 mil km² em 2021.
Uma análise feita pelo instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) mostra que terras públicas, que deveriam ser protegidas pelo governo federal mas foram criminosamente griladas, tiveram 3,7 mil km² de área desmatada entre agosto de 2020 e julho de 2021. Isso representa 28% de todo o desmatamento criminoso do período.
Ao todo, entre todas as categorias nas quais as áreas da Amazônia podem ser classificadas, as “florestas públicas não destinadas” foram as que mais perderam árvores, um total de 13 mil km² apontados pelo relatório anual do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes). Essas regiões são áreas na Amazônia que deveriam ser destinadas à proteção ou uso sustentável, mas estão à mercê dos grileiros por falta dessa destinação específica.
Desde 2015, a área devastada por tratores, correntes e motosserras aumentou, chegando a 10.129 km² em 2019 e 10.851km² em 2020. Os números do Prodes apontam o maior desmatamento em 15 anos. A alta na taxa de desmatamento vai contra as promessas apresentadas pela comitiva do Brasil na 26ª Conferência do Clima em Glascow, a COP26, que aconteceu recentemente, na Escócia.
Isso confirma ainda mais que a participação brasileira foi coisa pra inglês ver, com todo o perdão do trocadilho. Bolsonaro nem se preocupou em dar as caras, já que sabia que seria criticado por sua gestão criminosa da questão climática (ou de qualquer coisa que não envolva motociatas e mentiras propagadas em redes sociais).
Entre 2020 e 2021, o desmatamento da Amazônia aumentou em 22%, consequência da atuação federal e sua estratégia de “”passar a boiada”, perseguir e desmontar os órgãos de fiscalização e controle. Bolsonaro odeia a agenda do meio ambiente e não esconde de ninguém. O apelido de “capitão Motosserra” não lhe foi dado à toa. Qualquer pessoa minimamente familiarizada com o tema sabe que o que faz brilhar os olhos do Capitão é a grilagem.
Ao mesmo tempo, o interesse dos brasileiros por preservação ambiental parece estar aumentando, em sintonia com a crescente preocupação mundial para com o tema. Dados internos do Google mostram que o interesse dos brasileiros no assunto preservação de matas, florestas e oceanos no último ano cresceu 420%. Isso é fundamental, já que estudos mostram que os países em desenvolvimento são os mais afetados pelas mudanças climáticas, por isso essa é uma pauta muito cata a todos nós.
Apesar disso, o interesse continua tímido, equiparando-se, em número de buscas na internet, ao interesse por filmes alternativos, sendo 66 vezes menor do que o número de buscas por restaurantes.
Em sua passagem recente pela Europa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apontou a preservação ambiental como um dos três grandes desafios da humanidade, junto com o fim da desigualdade e a manutenção de relações trabalhistas justas. E destacou que o Brasil é um ator-chave nesse processo.
Lula deixou nítido que a questão da Amazônia é um problema de todos. “A questão ambiental não é mais um problema de ambientalistas, de um Partido Verde, de uma classe média sofisticada, intelectualizada. Não. É uma questão do povo do planeta Terra, nós só temos ele. Precisamos colocar a questão ambiental na ordem do dia. Não é possível mais pensar em desenvolvimento, em emprego, sem considerar a questão ambiental”, disse.
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