Em encontro hoje (14) com as principais centrais sindicais do país, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil precisa ser reconstruído para recuperar o que foi destruído nos últimos quatro anos de desgoverno Bolsonaro. Lula afirmou que a questão do emprego é pauta prioritária, coisa sagrada e será tratada como obsessão.
“Vamos ter que ter algumas obsessões e o emprego é uma coisa sagrada. Quando a gente tem um emprego e ganha um salário que dá para levar comida para a nossa casa, que dá para cuidar do nosso filho, que tem seguridade social, carteira assinada, previdência social, parece que a gente está no céu. Agora, quando a gente está desempregado e fica, como eu fiquei, um ano e meio desempregado, e tem irmão e irmã desempregado, a vida vira uma desgraça, um sofrimento”, disse.
O ex-presidente defendeu também aumento real dos salários, como acontecia em seu governo. Ele destacou que as centrais sindicais foram fundamentais para que esses avanços acontecessem nos governos do PT: o salário mínimo era reajustado com o percentual da inflação mais aumento real, de acordo com a elevação do PIB, e ficou provado que o aumento da massa salarial não gerava inflação.
“Devo muito ao movimento sindical os acertos do meu governo. Não foram poucas reuniões que nós fizemos, não foram poucas as vezes em que vocês foram em Brasília cobrar, não foram poucas as vezes que chamei vocês para conversar e, lá em Brasília, muitas vezes discordando, muitas vezes não tendo convergência, a gente conseguiu estabelecer um tipo de governo que gerou em 13 anos 22 milhões de empregos com carteira assinada. Pela primeira vez, os 10% mais pobres tiveram proporcionalmente mais renda do que os 10% mais ricos”.
O ex-presidente disse que os governos petistas fizeram inclusão social porque colocaram na cabeça que as pessoas mais pobres não eram problema, mas solução, na medida em que foram incluídas no orçamento e tiveram um pouco de dinheiro para se tornarem consumidoras. “Quando o trabalhador tem um pouco de dinheiro, ele vai no comércio comprar, o comércio vai na fábrica encomendar. O comércio gera emprego, a fábrica gera emprego; o comércio gera salário, a fábrica gera salário; o trabalhador ganha e compra mais. Quanto mais ele compra, mais a economia cresce”.
Lula voltou a criticar a qualidade atual do trabalho, com muita gente trabalhando em aplicativos sem direito algum. Segundo ele, a solução que encontraram para a crise de emprego atual foi a criação do trabalho intermitente, vendendo a ideia de que quem trabalha em aplicativo é empreendedor. “A palavra empreendedor é muito bonita. Todo mundo quer ser empreendedor, trabalhar por conta própria, ninguém quer ter chefe nem acordar às 4 da manhã. Mas acontece que você não pode ser empreendedor, se não ganha o suficiente para cuidar da sua família, se não tem direito a descansar sábado, domingo e feriado, se não tem direito a férias, se não pode passar o Natal e o Ano Novo com a família, se, quando se machuca, não tem previdência social para cuidar de você. Que tipo de empreendedor é esse? O que precisamos é que as pessoas que trabalham com aplicativo sejam tratados de forma mais respeitosa”.
Lula disse que mudar não significa voltar ao que era antes, mas se adequar à realidade atual e avançar. “Nós queremos melhorar as coisas. Nós queremos adaptar uma nova legislação trabalhista à realidade atual. A gente não quer voltar a 1943. A gente quer fazer um acordo em função da realidade dos trabalhadores em 2023, 2024, 2030. A gente quer avançar e é por isso que nós vamos discutir”.