Bolsonaro e seus seguidores desrespeitaram as leis eleitorais e decisões do TSE até a véspera das eleições do dia 2 de outubro. Na noite do sábado, horas antes do horário em que fica proibido sites e candidatos falarem publicamente sobre o pleito, a milícia digital bolsonarista armou uma operação de guerra. De forma sincronizada, o site O Antagonista publicou matéria sobre um áudio fake de Marcola declarando voto em Lula. A história foi replicada em mais de 300 perfis em redes sociais e sites bolsonaristas.
Na terça-feira (4), a agência de checagem Aos Fatos revelou o passo-a-passo da operação, mostrando como as buscas pelo tema tiveram pico de interesse entre as 19h de sábado (1º), atingindo seu auge à 0h de domingo (2), de acordo com o Google Trends. Eles também contabilizaram que, desde a publicação, 197 mensagens que mencionavam Marcola foram encaminhadas 295 vezes nos grupos de WhatsApp monitorados pela empresa de tecnologia Palver.
Desde o começo da campanha eleitoral, Bolsonaro vinha publicando em seu Twitter acusações falsas a Lula, o associando ao PCC e o chamando de ex-presidiário. Ele voltou a afirmar tais acusações e outras piores, como uma suposta relação de Lula com o assassinato de Celso Daniel, outra fake news, no debate da Rede Globo. A justiça eleitoral proibiu Bolsonaro e sua família de divulgar essas mentiras, mas eles insistiram. Depois da publicação do sábado à noite, o TSE determinou que os 300 perfis retirassem do ar o conteúdo com a fake do Marcola.
No domingo, dia da eleição, a decisão ainda não havia sido cumprida pelos perfis do Twitter, incluindo o de Flávio Bolsonaro, e uma nova decisão veio: o número de perfis que tinham que excluir a postagem aumentara para 341, sob pena de multa de R$ 100 mil a hora.
A decisão do TSE sobre as fake de Marcola passou por diferentes etapas. Primeiro, a ministra Maria Claudia Bucchianeri negou um pedido do PT para que fossem retiradas do ar matérias com um áudio se membros do comando se referindo ao PT, por julgar que o conteúdo configurava “construção de narrativa política, crítica, sarcástica, desagradável”, mas não configuram divulgação de “fato sabidamente inverídico”. Em seguida, os ministros Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandovski reverteram a decisão, argumentando que Bolsonaro tentava “criar uma narrativa fortemente dissociada da notícia usada como referência”.
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