Na última quarta-feira, 8 de junho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu uma entrevista para a rádio Itatiaia Vale do Aço, de Timóteo (MG), no programa Manhã Ponto Com. Confira abaixo, na íntegra, a conversa com os jornalistas Sérgio Stock, Gustavo Pimentel e Jefferson Rocha.
Gustavo Pimentel:
Lula, está me ouvindo bem?
Luiz Inácio Lula da Silva:
Eu estou te ouvindo, Gustavo.
Gustavo Pimentel:
Beleza. Lula, o Vale do Aço respira futebol. Em recente visita a Belo Horizonte, capital de Cruzeiro, Atlético, América, você falou que o seu coração é mais azul, hein Lula?
Luiz Inácio Lula da Silva:
Não, eu fui, eu apanhei muito dos companheiros do Atlético Mineiro. É porque eu sou o único presidente que tenho coragem de dizer para cada time que eu torço em qualquer estado. Eu não tenho nenhum problema de dizer que sou corintiano, que sou cruzeirense, que sou internacional, eu vou torcendo, que sou vascaíno no Rio de Janeiro quando as pessoas querem que eu seja Flamengo. Mas eu não sou, sou vascaíno. E eu acho isso legal porque é uma demonstração que a gente não tem que ficar obedecendo sempre aquele que tem mais torcida, aquele que é mais popular, ou seja, você torce porque em algum momento aconteceu.
Eu, por exemplo, virei Cruzeiro no tempo do Natal, de seu Lopes Lima, Joãozinho, que era um time exuberante, um time que ganhou do Santos de 6 a 1. Eu virei vascaíno em 1957, eu virei Internacional porque o Olívio Dutra era do Conselho do Internacional, e virei corinthiano morando numa terra do Santos. Então, eu acho que é muito legal dizer, eu não tenho vergonha, eu gosto do Cruzeiro, gosto do Atlético, eu acho que o Atlético é um time extraordinário. Eu vi o Atlético no tempo do Reinaldo, eu pessoalmente gosto muito do Reinaldo, não como jogador, mas também como pessoa política, e a gente vai levando. Mas eu queria Gustavo cumprimentar o Jefferson e cumprimentar todo o povo do Vale do Aço, esse povo com quem eu tenho uma afinidade muito grande, fui muitas vezes a Timóteo, muitas vezes a Coronel Fabriciano, muitas vezes a Ipatinga, muitas vezes a João Monlevade fazer campanha, fazer assembleia com o sindicato, ou seja… E eu estou até com saudade, e eu espero que nesse momento, até 02 de outubro, eu possa fazer alguma coisa no Vale do Aço presencialmente.
Gustavo Pimentel:
Lula, estamos ao vivo para mais de 100 mil pessoas na região do Vale do Aço, com capacidade de mais de um milhão e meio de pessoas ao vivo, no nosso dial 97 FM Itatiaia, A Voz do Vale do Aço, e também nas nossas redes sociais, e também ao vivaço no canal do presidente Lula. Jefferson Rocha, a primeira pergunta é sua.
Jefferson Rocha:
Lula, primeiramente bom dia. Obrigado por essa oportunidade da gente bater esse papo. Primeiramente vamos falar, o senhor ainda está de quarentena não é Lula, o senhor e a Janja testaram positivo?
Luiz Inácio Lula da Silva:
Eu estou Jefferson, eu testei positivo, eu não sei quando foi que eu peguei, mas amanhã eu vou fazer um novo exame e eu espero que amanhã eu esteja bem, espero que amanhã eu já esteja totalmente bem. Porque eu já tenho atividade, eu ia para Uberlândia fazer um ato público, porque ainda não pode fazer comício como candidato, e não foi possível, eu adiei, e vamos ver se na próxima quinta-feira, dia 15, eu estarei em Uberlândia para fazer o nosso ato público em defesa da soberania do nosso país.
Jefferson Rocha:
Eu gostaria de abordar esse tema porque é um tema muito sensível para mim ex-presidente Lula, porque é o seguinte, eu também estou saindo de uma quarentena agora, mas no ano passado eu estive entubado na UTI durante 14 dias também por conta de Covid-19, perdi minha mãe por conta da Covid-19, perdi primos, a Covid veio como um desastre na minha família assim como na família demais de mais de meio milhão de pessoas aqui no país. Gostaria de saber, presidente, como é que o senhor faz uma análise de tudo que foi feito durante a pandemia, quais os principais erros deste país com o povo durante a pandemia, e o que o senhor faria diferente.
Luiz Inácio Lula da Silva:
Olha, os principais erros, Jefferson, acho que já está muito claro para a sociedade, é que nós temos um governo que é negacionista, que não acreditou na pandemia, ele não acreditou no Covid, ele não acreditou na ciência, ele não acreditou na Organização Mundial da Saúde, ele não acreditou no seu secretário de saúde, o primeiro pelo menos, ele não acreditou nos governadores, nos secretários da saúde, nos pesquisadores do Instituto Butantã, nos pesquisadores da Fiocruz. Ou seja, um presidente que negou praticamente, até hoje ele nega, e ele não assume nenhuma responsabilidade, ou seja, fez um negacionismo com as vacinas, as vacinas poderiam ter evitado, se tivessem entrado mais cedo, pelo menos metade das pessoas que foram vítimas do Covid.
E eu penso que um presidente normal, um ser humano normal, um ser humano que tenha coração, que tenha sentimento, que tenha solidariedade, o presidente não é obrigado a entender de tudo, mas ele poderia ter reunido um Conselho, criado um Comitê de Crise com os representantes dos pesquisadores da Fiocruz e do Butantã, ele poderia ter reunido um Conselho com os secretários de saúde do estado, e ele poderia ter feito aquilo que a Organização Mundial da Saúde recomendou para todo mundo, se ele tivesse tomado essas providências a gente teria certamente metade das vítimas que nós tivemos.
E isso é um crime contra o povo, é um crime contra os mais pobres, porque efetivamente quem morreu mais foram as pessoas mais pobres, as pessoas que tinham menos possibilidade de tratamento. O SUS, que foi avacalhado durante 20 anos nesse país, com a pandemia, a gente pôde ver a grandeza do SUS. Se não fosse o SUS, se não fosse a qualidade dos profissionais do SUS, se não fosse a dedicação dos profissionais do SUS, dos quais muitos morreram, a gente teria ultrapassado um milhão de mortes nesse país. Por isso eu acho que o presidente tem que ser responsabilizado por uma parte das mortes nesse país porque ele negou, negligenciou e não teve coragem de tomar as atitudes certas que o mundo inteiro tomou.
Eu acho que daqui para frente a gente vai ter que pensar muito, muito, muito. Nós temos eleições daqui a quatro meses, e eu acho que o povo tem que pensar, tem que maturar, tem que ler, tem que ver o passado, tem que ver o presente, tem que ver o futuro, o que o povo precisa nesse país. Porque o povo precisa de um presidente que gosta do povo, que trate o povo com respeito, que trate o povo com decência, que governe em prol do povo. Essa tua pergunta me permite fazer uma coisa importante, se você permitir Jefferson, e o Gustavo permitir, eu queria te dizer uma coisa.
Veja, nós estamos agora para votar um Projeto de Lei no Congresso Nacional para reduzir o ICMS no máximo a 17%, que é o preço que o governo quer estabelecer. Ora, parece bonito e parece bom, parece que o governo está preocupado com o povo brasileiro. A primeira coisa que eu queria te dizer era o seguinte: o aumento da gasolina ao preço internacional não foi feito com uma votação no Congresso, foi uma canetada do Pedro Parente. Foi uma canetada do presidente da Petrobras. Portanto, se para aumentar o preço do combustível e transformar o preço do combustível no Brasil a um preço internacional foi numa canetada, para você tirar também pode ser numa canetada. O presidente, se tivesse coragem, se não fosse um fanfarrão, se não fosse um embusteiro, ele já teria feito isso.
Mas ele aproveita todas as coisas que acontecem para criar um caso, ele quer jogar a culpa nos governadores e veja o que vai acontecer, você que é o radialista de uma cidade média, você vai ver o seguinte, ao mexer no ICMS os municípios vão perder dinheiro. E os municípios perdendo dinheiro a Educação vai perder dinheiro, a Saúde vai perder dinheiro. O que nós estamos vendo efetivamente é que quando você reduz ICMS para o governo você vai reduzir o dinheiro dos municípios. Então, o que vai acontecer? Para beneficiar as pessoas que têm carro, que não são a maioria, as pessoas que usam gasolina, o presidente vai jogar o peso da culpa em toda a sociedade brasileira.
Porque quando ele diz que vai fazer compensação, ele vai fazer compensação até dezembro, depois de dezembro eu quero saber quem vai arcar com a falta de arrecadação dos municípios. Porque é no município que o povo mora, é no município que o povo quer Educação, é no município que o povo quer Saúde, é no município que o povo quer tranquilidade, que o povo quer rua asfaltada, que o povo quer segurança, que o povo quer luz elétrica. Ou seja, é lá que acontecem as coisas. E esses municípios vão ser mais empobrecidos, quando na verdade todo esse acúmulo de lucro da Petrobras e da União poderiam ser devolvidos agora para fazer o subsídio, e não tentar jogar em cima das costas do povo.
Eu vou te dizer uma coisa, Jefferson, que é o seguinte, desde o Getúlio Vargas, desde o Getúlio Vargas até o Bolsonaro, todos os presidentes da República desse país, todos, civil e militares, brigaram para que o Brasil fosse autossuficiente em petróleo. Na Hora que a gente conquista autossuficiência, ao invés da gente ser soberano sobre o nosso petróleo, ao invés da gente estar refinando 100% do combustível e vender ele a preço de real, a preço abrasileirado, porque a mão de obra que busca o petróleo é em real, a gente resolveu se subordinar às empresas que estão importando gasolina dos Estados Unidos. O presidente da República é fanfarrão, que deveria fazer numa canetada ou chamar a Petrobras e obrigar ela fazer uma canetada, ele fica trocando de presidente da Petrobras para dizer que ele está tomando atitude, quando na verdade ele poderia chamar o presidente da Petrobras, chamar o Conselho da Petrobras, chamar o Conselho Nacional de Política Energética e tomar uma decisão.
E mais ainda, o Brasil hoje está refinando apenas 80% do combustível que nós precisamos. É preciso que a gente faça mais refinarias para que o Brasil seja efetivamente autossuficiente, que a gente não precise pagar gasolina a preço internacional, e que a gente pague a gasolina, o óleo diesel, o gás, a preço nacional. Vocês vão ver que toda essa briga da redução do ICMS não vai resultar na bomba nem no botijão de gás, e nem no diesel aquilo que ele está criando de expectativa. Ele faria muito mais simples se ele tivesse a coragem de chamar a Petrobras e dizer que é preciso parar. A mesma caneta que assinou para que a gente internacionalizasse o preço, a mesma caneta pode tomar a decisão de não internacionalizar. Acontece que ele está com o rabo preso com as empresas que importam gasolina, acontece que ele está, tem quase 400 empresas importando gasolina e ele está com o rabo preso com essas empresas e não pode mudar. Porque tudo que a gente ganha é distribuído para os dividendos dos acionistas majoritários, e o povo brasileiro é que paga o pato. Então é o seguinte, nós não temos governo no Brasil, nós temos um fanfarrão, nós temos uma pessoa que fala muita bobagem o tempo inteiro, que mente fake news todo santo dia, e isso não é possível continuar.
Gustavo Pimentel:
Lula, falando um pouquinho do Vale do Aço, mandando um abraço também para o ex-deputado federal Ivo José. Lula, BR-381. Na minha opinião o maior descaso público na infraestrutura há muitos anos em nosso Brasil. E o povo do Vale do Aço sofre muitos, os empresários, falta investimento aqui na região, outras empresas grandes preferem outras regiões por causa desse descaso há muitos anos na BR-381. Você já foi presidente, pontua como líder nas pesquisas, o que o Vale do Aço pode esperar do Lula caso eleito presidente do Brasil? Vai dar um jeito nessa BR-381, Lula?
Luiz Inácio Lula da Silva:
Gustavo, obrigado pela pergunta, querido. Obrigado pela pergunta. Gustavo, você está lembrado que eu fiz, concluí a duplicação da BR-381 até São Paulo, de Belo Horizonte a São Paulo. A presidenta Dilma começou a fazer o trecho de Belo Horizonte a Valadares, mas logo depois veio o golpe e a obra ficou paralisada. Você está lembrado que eu fiz o contorno rodoviário da BR-381 que foi inaugurado pelo saudoso e companheiro José Alencar, em Ipatinga. Isso tirou o trânsito da cidade de Timóteo e Coronel Fabriciano. Foi um investimento que na época custou mais de 60 milhões de reais. Olha, eu estou dizendo isso porque nós precisamos terminar esse trecho da rodovia 381, nós precisamos terminar.
Eu sinceramente eu não posso te dizer agora porque ela está parada, porque ela está andando a passos de tartaruga, certamente porque o governo está aguardando o dinheiro para gastar nas eleições e não quer gastar dinheiro naquilo que o povo necessita. Quando a Dilma começou, ela começou andando bem depois ela foi parando, foi parando, agora eu não sei como é que ela está. O dado concreto que é uma estrada habitual, é chamada Estrada da Morte, e eu quero te dizer que se voltar à presidência da República nós vamos concluir. Eu vou inaugurar e eu quero fazer uma entrevista com você sabe no meio da estrada pronta, bonita, para que a gente possa trabalhar para sustentar a vida do povo dessa região. O Vale do Aço significa muito para mim, primeiro porque, pelo enraizamento com o movimento sindical da região, nós tivemos muitos prefeitos, nós tivemos o Chico Simões, nós tivermos o Geraldo em Timóteo, nós tivemos o Chico Simões em Coronel Fabriciano, tivemos o companheiro…
Gustavo Pimentel:
Chico Ferramenta.
Luiz Inácio Lula da Silva:
Governamos praticamente quatro vezes em Ipatinga, governamos Governador Valadares, estamos governando Governador Valadares, o Chico Ferramenta, a mulher do Chico Ferramenta, o Eduardo em Monlevade, ou seja, eu fui muito a essa região e eu espero como presidente da República poder voltar para anunciar as boas novas, inclusive voltar a gerar emprego nessa região porque eu sei que o desemprego está muito alto no Vale do Aço e nós precisamos voltar a gerar empregos, a discutir, sabe, que tipo de economia, já que as mineradoras estão num momento, eu diria, de descrédito na sociedade brasileira. E isso nós vamos discutir com o povo do Vale do Aço. Eu tenho falado publicamente, Gustavo, que o nosso programa de governo vai ser feito discutido com a sociedade. Nós lançamos um pré-programa essa semana, esse pré-programa vai ser discutido com os partidos e depois nós vamos colocar na rede para que a gente discuta na sociedade e faça um programa que não seja um programa do PT, que não seja um programa do Lula, que seja um programa extraído da competência e da qualidade de pensamento da sociedade brasileira.
Jefferson Rocha:
Presidente Lula, quem te manda um abraço aqui é o doutor Jorge Silva, advogado, 92 anos, ex-brizolista, te cumprimentando aqui, te mandando um grande abraço. E também a nossa colega Edilene Lopes, que o senhor conhece tanto, da Rede Itatiaia. Inclusive é uma curiosidade dela e nossa aqui também, a gente está perguntando o seguinte, se aqui em Minas Gerais o PT deve levar de fato o PSB para a chapa. E outra coisa, o senador Alexandre Silveira declarou apoio ao senhor, ele é também o senador do Lula aqui em Minas Gerais?
Luiz Inácio Lula da Silva:
Primeiro um abraço nos companheiros e na companheira Edilene. Eu queria te dizer que nós fizemos um acordo com o PSD em Minas Gerais, o Hugo e o Alexandre é do PSD, o Kalil é do PSD, ou seja, o PT vai indicar o vice. Então, eu acho que nós vamos trabalhar juntos, e eu terei um imenso prazer de ir a Minas Gerais pedir voto para os meus aliados. E vou pedir voto para o Alexandre, vou pedir voto para o Kalil, vou pedir voto para o nosso companheiro Quintão. E eu acho que nós temos condições de ganhar as eleições, tanto eu para presidente quanto o Kalil para governador. É uma chapa muito forte. Eu tenho um enraizamento com Minas Gerais muito forte, eu tenho um carinho muito especial.
Eu não sei se em algum momento da história um presidente da República visitou tanto Minas Gerais como eu visitei, porque eu visitei muitas vezes e todas as regiões de Minas Gerais, eu sou admirador da história de Minas Gerais, do que Minas Gerais fez pelo Brasil, sou admirador pelo que Minas Gerais fez pela luta pela independência, sou admirador da cultura mineira, da cozinha mineira, da culinária mineira. E sou admirador do jeito dos mineiros fazerem política, porque mineiro é todo jeitoso, é todo tranquilo. O que eu gosto é que o mineiro nunca fica bravo, ele está sempre tentando encontrar uma saída pacífica para os conflitos por mais grave que seja. E esse jeito de fazer política me agrada, me agrada, que deveria ser uma tônica para todo o Brasil para que a gente não tivesse o ódio estabelecendo parâmetros na política brasileira. Então, eu tenho um carinho pelo Vale do Aço, um carinho muito grande, fiz muitos amigos no Vale do Aço, já fiz muitas assembleias em portas de fábrica, eu agora não vou mais na porta de fábrica, mas eu pretendo voltar ao Vale do Aço. Voltar quem sabe a algumas empresas importantes para saber porque elas estão quebrando, porque diminuíram a produção, porque algumas até chegaram a fechar.
Jefferson Rocha:
Presidente, mais uma pergunta aqui do Alex Ferreira, que é redator do Jornal Diário do Aço, ele manda uma pergunta aqui que diz o seguinte, a respeito do cumprimento da vontade nas urnas, o senhor tem algum medo de acontecer alguma espécie de golpe, alguma coisa nesse sentido?
Luiz Inácio Lula da Silva:
Olha, o nosso blefador, ele tenta vender blefe todo dia, ele joga desconfiança na religião, ele joga desconfiança nas urnas, ele joga desconfiança na Suprema Corte, ele joga desconfiança na Câmara, no Senado. Ou seja, ele é um cidadão que a única coisa que permeia a vida dele, que acredita, que ele acredita, são as mentiras que ele conta. Ele adora ficar sentado na biblioteca do Palácio da Alvorada contando mentira, tentando fazer com que a sociedade acredite. Ele tem muitos seguidores que transmitem as mentiras que ele conta, e transmitem o ódio, transmite a desavença, transmite as encrencas, quando na verdade o povo brasileiro é um povo de paz. Eu já participei de tantas eleições nesse país, a gente nunca teve 10% do ódio nas ruas que a gente tem agora. Então, é preciso o Brasil voltar à normalidade, é preciso que o Brasil volte à normalidade. A gente ganha uma eleição, toma posse, a gente perde, volta, chora, se prepara para disputar outra.
Eu fiz isso quantas vezes? Eu perdi do Collor, eu perdi do Fernando Henrique Cardoso duas vezes, e você não viu eu protestar nenhuma vez. Eu perdia, voltava para casa, me organizava até ganhar. Ou seja, e quando nós ganhamos e íamos ganhar a quinta eleição consecutiva, eles criaram todo um processo mentiroso de denúncia, fake news que nunca tínhamos visto aqui no Brasil e ganharam as eleições. Então agora fica dizendo a urna, a urna não é boa. Ora, foi essa urna eletrônica que elegeu ele deputado seis vezes, ou sete vezes, foi essa urna eletrônica que elegeu os filhos dele, foi essa urna eletrônica que elegeu ele presidente. Então por que ele fica tentando criar instabilidade na sociedade brasileira contra um processo eleitoral que é um dos mais modernos do mundo?
Eu quando vejo aquela eleição nos Estados Unidos contando papel e às vezes demora uma semana para apurar, é uma vergonha. Aqui no Brasil a gente termina de votar 5 horas da tarde, quando termina a votação no Acre é 7 horas da noite, porque são duas horas de diferença, a gente já fica sabendo o resultado. Ora, se a urna pudesse praticar roubo você acha que o Lula tinha sido eleito presidente tantas vezes? Você acha que o PT tinha sido o segundo em 89, o segundo em 94, o segundo em 98, o primeiro em 2002, o primeiro em 2006, o primeiro em 2010, o primeiro em 2014 e o segundo em 2018? E agora estamos em primeiro outra vez? Você acha que se a urna roubasse a gente teria ganho as eleições?
Ora, meu Deus do céu, o roubo que teve foi a quantidade de mentiras de fake news que ele fez durante o processo eleitoral, foi a instabilidade política criada na época, porque enquanto o povo brasileiro está precisando de livro, ele está querendo vender armas. Enquanto o povo brasileiro está precisando de afeto, de carinho, de amor, ele está vendendo ódio, intriga. É esse o país que nós precisamos acabar. Esse país tem que ser o país da concórdia e não o da discórdia, esse país tem que viver bem com a América do Sul, tem que viver bem com a América Latina, tem que viver bem com a África, com a Europa, com os Estados Unidos, com a China. O Brasil não precisa ter contencioso no mundo. O último contencioso no Brasil foi a Guerra do Paraguai, já faz cento e poucos anos. Então nós não precisamos disso, o Brasil precisa de paz para crescer, gerar renda, e distribuir essa renda. O Brasil precisa crescer para cuidar bem da família, para cuidar da mulher e dos seus filhos, para cuidar do marido que trabalha, para cuidar da mulher que trabalha, para cuidar do aposentado, para cuidar de um pequeno produtor, para cuidar do pequeno e médio empreendedor deste país. É isso que o país precisa, tranquilidade e segurança. Se um presidente não tiver o que falar não fale, o que ele não pode é falar bobagem todo dia.
Jefferson Rocha:
Presidente Lula, aqui no Vale do Aço foi, o senhor conhece muito bem, o berço do sindicalismo, principalmente na década de 80, o senhor que já esteve por aqui tantas vezes nesses encontros sindicais, o senhor é um ex-sindicalista histórico. E você sabe que aqui as quatro principais cidades já foram, numa certa ocasião, governadas pelo Partido dos Trabalhadores: Timóteo, Coronel Fabriciano, Ipatinga, e Santana do Paraíso, o colar metropolitano fechou com o Partido dos Trabalhadores. E hoje em dia essa realidade mudou muito, essa realidade, aqui, por exemplo, a gente pode considerar que é um berço da extrema direita digamos assim, a prova disso foi a mobilização causada com a visita do presidente Jair Bolsonaro há pouco tempo. Em algumas partes do Brasil a gente também vê esse tipo de reflexo. Aí a gente volta naquela velha história de que o Partido dos Trabalhadores um tempo atrás se afastou de sua militância. Até que ponto o senhor analisa isso como um fato, que o Partido dos Trabalhadores havia afastado de sua militância, e agora com essa retomada, desse impulsionamento da vontade democrática, essa proximidade pode estar acontecendo. Como é que o senhor analisa isso?
Luiz Inácio Lula da Silva:
Olha, eu penso que nós temos que analisar com muita seriedade. Veja, o PT era um partido muito forte, muito forte, de João Monlevade até Ipatinga, o PT governou várias vezes essas cidades. Nós temos que avaliar porquê. Não pelo fato de que tem um partido de direita governando porque isso faz parte da alternância de poder, um ano ganha a esquerda, outro ano ganha a direita, outro ano ganha o centro, isso faz parte do jogo político. O PT não é obrigado a governar todos os anos. Mas nós temos que analisar porque nós paramos de ser competitivos, se eu tenho certeza que nós fizemos extraordinárias políticas públicas em várias cidades que nós governamos.
Então o PT precisa fazer uma reflexão, a gente não tem que ficar jogando a culpa nos outros. Nós temos que sentar os nossos prefeitos, os nossos ex-prefeitos, os nossos dirigentes e pensar, bom, o que aconteceu que nós perdemos a confiança do povo? Por que o povo não nos elegeu? Por que o povo não nos escolheu mais? Ora, o defeito deve ser nosso, não deve ser do povo. Então, se a gente tiver a humildade de fazer uma reflexão e saber porque que nós perdemos. É que nem o caso do nosso governador Pimentel, é preciso fazer uma reflexão, não foi o povo que ficou ruim, não foi o povo que passou a não gostar do PT, é que possivelmente a gente não tenha feito aquilo que nós geramos expectativas junto ao povo. A pergunta que eu faço é a seguinte, ou seja, eu quando fui preso, eu ia ganhar as eleições dentro da cadeia, e eu alcancei 16 pontos quando eu fui preso. Ora, numa demonstração de que eu estou candidato agora e eu sozinho tenho quase que o dobro do voto de quase todos os outros candidatos juntos.
Ora, por que o povo não se afastou, por que o povo não fugiu? Ora, porque o que nós estamos tentando mostrar é o que nós fizemos nesse país de bom para o povo. Se eu pegar Minas Gerais, por exemplo, e dizer para você que Minas Gerais tiramos 1.400 milhões de pessoas da extrema pobreza, fizemos três novas universidades federais, saímos de 23 para 65 institutos técnicos federais, um em Ipatinga, 1.566 médicos dos Mais Médicos em 510 municípios, 328 mil famílias pelo Luz para Todos, foi investido mais de R$ 1,34 bilhão, 729 obras do PAC 1 e 2 foram concluídas em Minas Gerais e 980 obras do PAC 1 e 2 que estavam em execução em mais de 50%, e sendo 231 mais de 90% em 2016, ou seja, você tinha 231 obras que tinha 90%, só faltava 10% para concluir.
Então, nós fizemos muito em Minas Gerais, e, portanto, o PT tem que mostrar o seu legado, o PT tem que mostrar o que ele fez. Se algum prefeito cometeu erro na sua relação com o povo, ora, nós temos que pedir desculpas ao povo por ter errado. Nós temos que tentar corrigir aquilo que nós não fizemos de correto. Isso não é vergonhoso. Eu tenho dito sempre o seguinte, a palavra desculpa ela só é feita por gente grande, por gente que tem dignidade, por gente que tem moral, por gente que tem caráter, pessoas pequenas, gente medíocre não tem coragem de utilizar a palavra desculpa. Então como eu sei que o PT fez muita coisa boa nas cidades que ele governou, o PT precisa voltar a ser grande e para ser grande a gente tem que conversar com o povo, a gente precisa voltar à porta de fábrica, a porta de comércio, a porta de loja, a gente tem que voltar na rua, na periferia, para conversar com o povo. É assim que se faz um partido, é assim que se constrói uma vitória e é assim que se governa. E quando ganhar não se distanciar do povo, quando ganhar voltar para governar junto com o povo. É por isso que nós criamos o orçamento participativo que foi adotado pela ONU como o melhor exemplo de geração de recursos públicos. Ou seja, nos nossos governos o povo fazia o orçamento, era o povo que dizia que obra que ele queria, aonde ele queria. E nós cumpríamos isso, por que paramos com isso? Então, é preciso que a gente tenha capacidade de fazer uma autorreflexão para que a gente corrija os erros que cometemos e acertar mais daqui para frente.
Gustavo Pimentel:
Lula, o aço, mais uma vez, essa região é muito importante para o aço, um material muito importante para a nossa região. O aço chinês, por exemplo, muito barato e não com tanta qualidade assim comparado com o da Usiminas, com o da Aperam. O acordo Brasil e China nos anos que o PT governou não foi legal para o Vale do Aço. O planejamento do Lula para a região do aço, caso eleito presidente, vai dar uma força para as empresas aqui da região do aço, como exemplo, abrir o mercado para a Aperam, para a Usiminas?
Luiz Inácio Lula da Silva:
Veja, o aço é importante para Minas, o aço é importante para o Brasil e aço o é importante para o mundo. O acordo que o Brasil fez com a China foi extraordinário, porque quando eu cheguei na Presidência o Brasil só tinha 100 bilhões de dólares de lucro de comércio com o mundo, entre exportação e importação. Quando eu deixei a gente já tinha 500 bilhões. E você sabe que a China hoje é o maior importador do Brasil. Lamentavelmente, eu tive brigas com a Vale, tive brigas com o ex-presidente Roger Agnelli, que já morreu num acidente grave de avião, eu tive brigas homéricas porque eu achava que a Vale não deveria estar exportando só minério, que a Vale deveria estar exportando produto terminado, ou seja, que a Vale deveria ter mais usina para a gente poder vender mais aço pronto para o mundo, não apenas para a China.
Lamentavelmente, a Vale e outras empresas tomaram a atitude de não brigar com os seus clientes, ou seja, então não fizeram. Não fizeram a siderurgia que precisava ser feita. Eu fui a Marabá, no Pará, lançar a pedra fundamental de uma siderúrgica, e ela não aconteceu. Porque quando eu virei as costas e deixei a presidência, a Vale esqueceu o compromisso. Então, o que nós precisamos é fazer com que as nossas siderúrgicas façam mais valor agregado aqui dentro, que a gente possa construir mais usinas, produzir mais tipos diferentes de peças de ferro.
Só para você ter ideia, quando a gente estava fazendo a Transnordestina eu descobri que o Brasil não tinha dormente, eu descobri que o Brasil estava importando trilho, a gente não tinha mais fábrica de trilho aqui no Brasil. É uma vergonha isso, quem fazia trilho era a Siderúrgica Nacional, lá no Rio de Janeiro, que tinha parado de fazer, tinha fechado o departamento da fábrica que fazia trilho. Então, você tinha que importar. Um país como o Brasil não precisa importar trilho, um país como o Brasil não precisa importar dormente, muitas das coisas que nós importamos, ou seja, a gente poderia fazer aqui dentro. Acontece que as empresas que extraem e exportam o aço não querem brigar com os seus clientes. E essa é uma discussão que nós vamos fazer com os empresários porque o Brasil precisa gerar empregos, e para gerar empregos a gente não pode ficar só exportando produtos in natura. Nós precisamos fazer um processo de transformação no Brasil.
Gustavo Pimentel:
Lula, o Fernando Oliveira, que é presidente da Associação de Árbitros do Leste Mineiro está te mandando um abraço.
Luiz Inácio Lula da Silva:
Ah, dê um abraço nele.
Gustavo Pimentel:
Ok. Lula, falando um pouquinho sobre o assunto político, o PT sofreu um duro golpe de traição por parte do Michel Temer em 2016. O senhor colocando o Geraldo Alckmin como o senhor vice, você não tem medo de ser traído novamente não, Lula? Já que tivemos grandes conflitos políticos entre você e Alckmin, por exemplo, debates em 2006 e ofensas de lá para cá?
Luiz Inácio Lula da Silva:
Olha, veja, a aliança que eu estou fazendo com o Alckmin é, na verdade, para dar um exemplo ao povo brasileiro de que em muitos momentos políticos você tem que juntar os diferentes para derrotar os antagônicos. Ora, obviamente que eu e Alckmin temos divergências políticas sobre muitos pontos, mas obviamente que nós somos civilizados, que nós queremos o bem do Brasil, que nós queremos restabelecer a democracia. Então, nós vamos construir um programa de governo que vai ser aceito por mim e pelo Alckmin, e a nossa tarefa é colocar em prática esse programa de governo para recuperar o Brasil, para fazer com que o Brasil volte a produzir mais na indústria, volte a vender mais no comércio, volte a produzir mais na agricultura, volte a melhorar a qualidade da produção dos alimentos sem agrotóxicos que nós precisamos aqui no Brasil.
Ou seja, então eu sinceramente eu tenho total confiança no Alckmin, é um homem de bem, e as divergências eu tinha com o meu irmão Frei Chico quando eu jogava bola, a gente pisava na canela um do outro e nem por isso a gente deixava de ser irmão quando chegava em casa. Ora, se por acaso eu tiver uma divergência com o Alckmin nós vamos conversar. Se ele tiver comigo, nós vamos conversar. O que nós queremos provar é que é possível fazer política de forma civilizada, de que é possível fazer política pensando no benefício do povo brasileiro e não nos interesses pessoais desse ou daquele candidato. Nós já temos muita experiência nisso.
Não é a primeira eleição que eu vou disputar já, disputei muitas eleições, já perdi e já ganhei, e a minha volta a disputar uma eleição nesse país é para provar mais uma vez que aquilo que a elite brasileira destruiu, aquilo que um tenente que foi expulso do Exército Brasileiro está destruindo, nós vamos reconstruir, vamos deixar o Brasil maior, vamos fazer o Brasil voltar a ser a sexta economia do mundo, vamos aumentar o salário mínimo, vamos facilitar a venda de pequeno e médio produtor rural, vamos fazer com que o agronegócio sério, que não está desmatando, continue exportando. Porque o Brasil precisa disso. Nós queremos criar quem sabe milhares de cooperativas nesse país de pequenos e médios empreendedores, de mulheres e de homens, para que esse país volte a ser um país alegre, um país festivo.
Nós vamos transformar o BNDES num banco de desenvolvimento outra vez. E o BNDES vai emprestar dinheiro para pequenos e médios empreendedores que queiram fazer com que esse país cresça, que queiram gerar empregos, que queiram distribuir renda. É isso que a gente pretende fazer nesse país, e é por isso que eu e Alckmin estamos juntos. É uma demonstração de que a responsabilidade fala mais alto do que as nossas divergências. É isso que nós queremos, e a nossa responsabilidade é consertar esse país. Esse país que quando eu deixei estava crescendo a 7,5% o seu PIB, crescia a 7,5%, o salário mínimo aumentava todo ano e parou. Parou, parou por quê? Porque nós temos um governo incompetente, um governo que não entende de economia, não entende de legislação trabalhista, não entende de sindicato, não entende de movimento social, não entende dos problemas das mulheres.
Então esse país precisa ser mudado, é preciso criar condições de equiparação efetivamente, que já está na Constituição, entre mulheres e homens, as mulheres têm que ser tratadas com respeito, nós precisamos fazer com que ela ganhe fazendo o mesmo trabalho igual o homem. Mas nós queremos incentivar. E no nosso governo você está lembrado que quando nós fizemos o Minha Casa Minha Vida, você está lembrado que a casa era entregue para mulher, você está lembrado que no fundo, no Bolsa Família o dinheiro era entregue para a mulher, porque nós achamos que a mulher tem muita responsabilidade e ela vê muito mais do que o homem. Então esse é um presidente que não gosta de nada, não gosta de nada. Ou seja, então esse homem não nasceu para governar, esse homem nasceu para ficar na porta de algum lugar contando mentira.
Então nesse país precisa ser restabelecida a verdade, esse país precisa voltar a ter um governante que goste do povo, que trate o povo com respeito, esse país tem que ter um presidente que goste de governador, que goste de prefeito, Eu, por exemplo, tenho dito que se ganhar as eleições a primeira coisa que eu vou fazer é uma reunião com os 27 governadores desse país, não importa de que partido sejam os governadores, para estabelecer uma nova relação entre os entes federados. Ou seja, nós queremos fazer com que esse país volte a viver em paz, que esse país cresça, que esse país gere emprego, que esse país distribua renda, que esse país cuide da Educação, que esse país faça mais universidades, que invista mais em tecnologia, que esse país cuide da cultura, que esse presidente está destruindo.
A cultura é uma coisa extraordinária para o país, não apenas do ponto de vista do crescimento político da sociedade, mas do ponto de vista do crescimento da economia, através de uma baita política de cultura, aproveitar a riqueza cultural de Minas Gerais, do Vale do Jequitinhonha, do Vale do Mucuri, do Vale do Aço, do Vale do Rio Doce, ou seja, Minas é um estado muito rico do ponto de vista cultural, e isso precisa ser passado para o Brasil e outros estados também. Então, meu caro, nós vamos fazer uma revolução sem dar um tiro e sem contar uma mentira.
Jefferson Rocha:
Lula, um levantamento do Instituto GERP há dois dias mostra o senhor empatado com Jair Bolsonaro, tecnicamente empatado com 39 pontos para o senhor e 37 para Jair Bolsonaro. Enquanto a pesquisa divulgada hoje da Genial Quaest já coloca o senhor vencendo no primeiro turno, como uma diferença muito grande, o senhor com 46% e a possibilidade de vitória no primeiro turno. O que o senhor acha que acontece aí com dois institutos com tanta diferença em suas pesquisas?
Luiz Inácio Lula da Silva:
Não, é você que tem que me dar a resposta. Veja, outro dia eu disse para um amigo meu que estava na hora do Bolsonaro contratar um instituto para colocar ele na frente, para ver se ele para de mentir, quem sabe se ele pensar que vai ganhar ele fica menos mentiroso, fica menos provocador. Ou seja, a verdade nua e crua é essa, o povo brasileiro vai derrotar o Bolsonaro, essa é a verdade. O povo brasileiro vai tirar o negacionista e vai restabelecer a democracia nesse país. É isso que vai acontecer no dia 02 de outubro, não adianta o Bolsonaro mentir, não adianta ele fazer provocação, não adianta ofender a Suprema Corte, não adianta ofender ninguém, ele vai perder porque o povo quer tirar o Bolsonaro. É isso que vai acontecer nesse país.
Jefferson Rocha:
E já que a gente está tocando nesse assunto também na mídia aqui, a regulamentação da mídia, a gente precisa falar disso. Existe alguma possibilidade de sentar para poder discutir sobre isso? E se isso incide algum tipo de censura prévia, como é que o senhor vê isso?
Luiz Inácio Lula da Silva:
Jefferson, deixa eu dizer uma coisa para você querido, veja, eu acho que é preciso fazer uma regulação da mídia eletrônica nesse país, a última que foi feita foi em 1962, a gente não tinha 10% dos avanços que a gente tem hoje com a internet, com essa loucura da mídia, mesmo da televisão, avançou muito a televisão. Nós precisamos então ter consciência de que nós precisamos regular. Mas quem vai regular? É o povo, não vai ser eu que vou regular, isso vai ser um debate que você vai participar, que vai participar os caras da Globo, que vai participar os caras da Record, nós não queremos uma regulação que interessa ao presidente. A regulação tem que interessar a sociedade brasileira. E quando as pessoas falam de censura Jefferson, se tem um cara que pode mostrar o quanto foi censurado nesse país sou eu.
Então é preciso parar com essa bobagem, ninguém quer censura, o que a gente quer é que os meios de comunicação sejam efetivamente democratizados, que as pessoas possam ouvir a oposição, que tenha sempre o outro lado falando. Não pode ser um meio de comunicação que fala só um lado, você não pode permitir que a internet, que essa imprensa digitalizada, que é uma coisa nova, fantástica, você não pode permitir que ela se transforme numa base de construção de mentiras. Isso não faz bem para a sociedade, não faz bem para a humanidade. Nós não queremos ser transformados em algoritmos, nós queremos continuar sendo seres humanos com sentimentos, com afeto, com amor, com solidariedade.
Eu não quero ser manipulado por um computador, eu não quero ser manipulado, eu não quero me transformar em algoritmo. É isso que nós temos que regular. É isso que nós temos que regular. O dono do Instagram não pode fazer o que ele quer, ele não pode ser um retransmissor de mentira porque ele quer ganhar dinheiro, não senhor, ele tem que levar em conta a cultura de cada país, tem que respeitar as leis do país, e não pode permitir que mentiras, inverdades, grosserias, ofensas, façam parte da cultura brasileira. Não pode. Então é isso que tem que ser regulado. Como nós vamos fazer é você que vai dizer meu caro, é você e outros milhares de jornalistas espalhados por esse país, de cidadãos comuns da sociedade, de internautas, são vocês que vão dizer. O que eu sei é que é preciso fazer.
Gustavo Pimentel:
Lula, o Ciro disse em entrevista, agora a pergunta aqui do Gustavo Pimentel. O Ciro disse em entrevista que o senhor, caso eleito, o Brasil vai amanhecer em guerra. Comenta aí essa declaração do pré-candidato do PDT, Ciro Gomes.
Luiz Inácio Lula da Silva:
Olha, eu não sabia que ele tinha exército. Eu sinceramente acho que se a gente ganhar as eleições esse país vai acordar sorrindo, esse país vai acordar porque o que ganhou as eleições é a esperança, o que ganhou as eleições vai ser o presidente que mais fez política de inclusão social nesse país. Se eu ganhar, quem ganhou as eleições é um presidente que deixou o governo dia 31 de dezembro de 2010 com 87% de bom e ótimo, 10% de regular, e 3% de ruim e péssimo. Se eu ganhar as eleições quem vai ganhar é o povo trabalhador, são as mulheres, são os homens, o povo negro, os quilombolas, os pequenos e médios empresários, os pequenos e médios empreendedores, os trabalhadores rurais, os pequenos e médios proprietários e até os grandes proprietários que querem construir esse país. Se eu ganhar as eleições quem ganhou as eleições não foi o Lula, foi o povo brasileiro. O que nós derrotamos é o negacionismo, é o fascismo, então esse país vai acordar alegre. Obviamente que a turma do Bolsonaro vai estar chorando, obviamente, mas a nossa e o povo brasileiro mais do que a nossa vai estar rindo, porque eu não quero ser candidato apenas do PT, eu sou um candidato de um movimento pela reconquista da democracia nesse país.
Gustavo Pimentel:
Lula, você acredita que a Lava Jato foi na verdade um falso jato, e sim para promover o até então juiz Sérgio Moro. Lula, depois de várias prisões de pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores, inclusive você, analisando esse contexto todo, o PT errou na condução da Petrobras e de outras estatais?
Luiz Inácio Lula da Silva:
Olha, deixa eu te contar uma coisa, meu caro, se a Petrobras teve um diretor que cometeu um deslize, esse diretor tinha que ser preso e tinha que pagar pelo que fez. Agora, a Petrobras, meu caro, a gente tem que lembrar do seguinte, presta atenção você que é jovem, que tem a mente bem fértil, bem boa, é o seguinte, em dezembro de 2010 eu fiz a maior capitalização da história do capitalismo mundial. Veja, não foi em Nova Iorque, não foi em Tóquio, foi efetivamente em São Paulo. Nós fizemos a capitalização na época de 70 bilhões de reais e transformamos a Petrobras na segunda empresa de energia do mundo.
Você tem que lembrar que em 2007 a gente descobriu o pré-sal, que é a maior reserva de petróleo achada no século XXI, que transformou a Petrobras numa empresa muito potente. O que eu lamento profundamente é que se um diretor cometeu um erro, seja da Petrobras ou seja de uma empresa privada, sabe, a empresa tenha pago porque, eu não vou nem citar o nome, os mercenários da Lava Jato resolveram destruir a indústria da construção civil, de engenharia, resolveram destruir a indústria de óleo e gás, e resolveram destruir a Petrobras. Nós já fizemos o gasoduto, já privatizamos a BR, ou seja, e o que está acontecendo com a Petrobras?
Ao invés do lucro que ela obtém, que é um lucro exorbitante, ao invés desse lucro ser repartido com o povo brasileiro ele está sendo distribuído para os acionistas majoritários, sobretudo para muita gente de Nova Iorque. Então meu caro, essa gente destruiu. Agora veja, como é que você indica um diretor da Petrobras? Você indica um diretor da Petrobras para o Conselho, o Conselho da Petrobras analisa e o Conselho da Petrobras indica a pessoa. Ora, quando as pessoas são indicadas é preciso que haja denúncia de que as pessoas cometeram algum.
Se ninguém denunciou, a pessoa é aprovada e a pessoa vai exercer o cargo. Se o cidadão, seja da Petrobras, seja na rádio que você trabalha ou em qualquer lugar do mundo cometeu um erro, ele tem que pagar, não pode ser os trabalhadores naquele instante. Então eu tive a disposição de demonstrar a mentira que foi a Lava Jato, o mau-caratismo daqueles que compuseram a Lava Jato, e graças a Deus eu provei. E a minha última vitória foi na ONU, a minha última vitória foi na ONU. Ou seja, o Conselho da ONU por 17 a 2 votou que eu fui vítima de uma chantagem política nesse país. Eu fiquei 580 dias preso e estou muito mais feliz do que aqueles que me prenderam.
Gustavo Pimentel:
O presidente Lula, que também é pré-candidato à presidência deste ano pelo Partido dos Trabalhadores, estamos conversando com o Lula ao vivo nos 97 FM, Vale, a Voz da Itatiaia no Vale do Aço ao vivo e também nas plataformas digitais. Pergunta agora do nosso coordenador de jornalismo, Jefferson Rocha.
Jefferson Rocha:
O TRE rejeitou a transferência de domicílio eleitoral de Sérgio Moro e ele não poderá ser candidato por São Paulo. Lula, como é que você vê essa decisão do TRE?
Luiz Inácio Lula da Silva:
Eu acho que como ele era representante do Departamento de Justiça dos Estados Unidos aqui no Brasil, como ele era um porta-voz de algumas pessoas da CIA, ele poderia ser candidato lá em Chicago. Porque esse cidadão não tem nada a ver conosco, esse cidadão, ele, na minha opinião, ele induziu a imprensa brasileira a maior mentira do século 21, ele induziu a sociedade brasileira a acreditar numa coisa que não existia. Lamentavelmente isso vai demorar para ser apagado da história brasileira, mas o tempo se encarrega de dizer a verdade.
Você está lembrado Jefferson que quando eu fui emprestar o meu primeiro depoimento, isso está gravado, eu disse: olhe, você está condenado a me condenar porque já permitiu que a mentira fosse longe demais. E a desgraça de quem conta a primeira mentira é que passa o resto da vida mentindo para justificar a primeira mentira. Foi o que aconteceu com ele, cá estou eu livre e com muita vontade de trabalhar, e com muita vontade de consertar esse país, e com muita vontade de fazer o povo brasileiro voltar a comer três vezes ao dia, a ter emprego, a ter aumento de salário mínimo, a melhorar a qualidade das universidades, do investimento em ciências e tecnologia, a melhorar a qualidade da produção agrícola. Porque isso é o que interessa ao povo brasileiro. As pessoas querem trabalhar, morar, comer, ter acesso à cultura, ter acesso à Educação, ter acesso às coisas prazerosas da vida, é isso que nós vamos fazer esse país voltar a ser.
Jefferson Rocha:
A Laiane, que é uma das nossas ouvintes aqui, a Laiane Oliver, ela é até uma colega jornalista e ela milita muito na causa dos autistas, ela estava perguntando a respeito de políticas públicas para este público, sendo que hoje o STJ define também a amplitude da cobertura dos planos de saúde, que devem afetar inclusive famílias de autistas, em que plano de saúde pode fazer ou não essa cobertura também, dependendo da decisão do STJ. Lula, qual a política pública que pode ser feita no seu governo, num eventual governo do senhor, a respeito desse público, público de autistas e também familiares?
Luiz Inácio Lula da Silva:
Laiane, obrigado pela pergunta querida. Laiane, se você tentar entrar na internet você vai perceber que quando eu fui presidente, nós fizemos 74 Conferências Nacionais, conferências para discutir todos os assuntos mais importantes para a sociedade brasileira. Por exemplo, a questão das pessoas portadoras de qualquer deficiência, nós fizemos conferências que foram duas ou três conferências em que todas as políticas públicas que nós adotamos foram resultado da conferência. Se a gente ganhar outra vez a gente vai voltar a fazer conferência para que a gente trate as pessoas especiais dentro daquilo que é tecnicamente, profissionalmente possível de fazer, inclusive ajudar a família, como é que a família trata essas pessoas que às vezes são de difícil relação.
Então o que eu posso dizer para você é o seguinte, é que vocês Laiane, você que pessoas, pessoas que têm parente, pessoas que se incomodam a ajudar o vencer esses problemas dando um tratamento civilizado, humanista para essas pessoas, vocês podem ficar certos que nós vamos voltar a fazer uma Conferência Nacional. A Conferência Nacional começa com conferência na cidade, a cidade tira delegado para as Conferências Estaduais, e as Conferências Estaduais tiram delegados para a Conferência Nacional. A municipal faz as suas propostas no âmbito municipal, essas propostas são discutidas no âmbito estadual, e essa proposta é levada para ser discutida a nível nacional.
E na hora da implementação você tem que implementar entre os três entes federados, o prefeito tem que participar, o governador tem que participar, e o Governo Federal tem que participar junto. Junto, não pode ser separado, não pode cada um ter uma política trombando com a outra. E eu tenho certeza, Laiane, que você será uma delegada, quando houver a Conferência Nacional para discutir o problema das pessoas especiais nesse país.
Jefferson Rocha:
Reforma da Previdência, presidente Lula, o que o senhor tem a falar e o que fazer em caso de uma eventual vitória do senhor?
Luiz Inácio Lula da Silva:
Olha, nós vamos rediscutir a questão da reforma da Previdência, a questão da reforma trabalhista. Não é que nós vamos fazer voltar ao passado, porque tinha muita coisa no passado que já estava superado. O que nós queremos é fazer uma legislação trabalhista atualizada ao momento histórico da ciência e da tecnologia, aos avanços tecnológicos, a nova realidade do mundo do trabalho, levar em conta os milhares de pequenos empreendedores, levar em conta a indústria digital, levar em conta a indústria de dados, ou seja, tem muita coisa nova no pedaço para a gente discutir.
E eu quero fazer uma discussão envolvendo os trabalhadores, envolvendo o Estado, envolvendo os empresários e envolvendo as universidades, para que a gente tente construir uma coisa moderna, civilizada, do século 21. Fazer o que fez na Espanha agora, a Espanha tinha feito uma reforma trabalhista em 2012, destruíram muita coisa, agora eles refizeram um monte de coisa atualizando aquilo que tem que ser atualizado, e foi aprovado por um voto no Congresso Nacional.
Então aqui nós queremos levar para o Congresso Nacional discutir não uma coisa crua, nós queremos levar para o Congresso discutir um projeto que seja armado e montado entre trabalhadores, empresários, governo e universidade. E é importante que o Congresso Nacional receba não o pensamento de um ministro, o pensamento do presidente, mas que ele receba uma proposta que nasça no debate da sociedade brasileira. Assim fica mais fácil, assim é mais real, e assim a gente consegue construir uma unificação do pensamento das pessoas que querem um Brasil moderno, um Brasil avançado e um Brasil que trate bem o seu povo.
Gustavo Pimentel:
Lula, muito obrigado a você, obrigado a sua assessoria, muito simpática, competente.
Luiz Inácio Lula da Silva:
Mas já acabou, Gustavo?
Gustavo Pimentel:
Vê aí com assessoria, se puder a gente vai até 11:25, se depender de você.
Luiz Inácio Lula da Silva:
Me convide outras vezes.
Gustavo Pimentel:
Podemos?
Luiz Inácio Lula da Silva:
Podemos. Ah, se Deus quiser, veja, eu não estou prometendo, mas se Deus quiser eu não quero terminar essa campanha sem ir no Vale do Aço. Alguma coisa eu quero fazer no Vale do Aço. E se eu fizer, aí você vai fazer um ao vivo comigo.
Gustavo Pimentel:
Ótimo, ótimo, ótimo. Muito obrigado, sempre simpática a sua assessoria, obrigado por atender a Itatiaia e poder falar com o público do Vale do Aço, a Itatiaia, a 97 FM, a Voz do Povo sempre ouvindo e fazendo parte desta democracia. A gente sempre encerra Lula fazendo o tradicional Pingue Pongue da 97. Bora participar.
Luiz Inácio Lula da Silva:
Vamos bora participar. Mas primeiro dê um abraço na Edilene e no Alan. Dê um abraço muito grande neles, e depois você lembre que na semana que vem, dia 15, eu vou estar em Uberlândia. Uberlândia fica um pouco distante do Vale do Aço, mas quem tem carro pode ir até lá e você pode pegar o seu carro e ir até Uberlândia para eu te dar um abraço.
Gustavo Pimentel:
Esse final de semana a Itatiaia vai estar em Uberaba, o Ipatinga joga lá em busca da classificação à elite do futebol de Minas. Lula, muito obrigado mais uma vez. O nosso pingue pongue é o seguinte, funciona assim, eu falo uma palavra e você vem na sequência, a primeira palavra que vier em sua cabeça você fala com a gente, fechou?
Luiz Inácio Lula da Silva:
Está bem.
Gustavo Pimentel:
Vamos lá, Lula.
Luiz Inácio Lula da Silva:
Olha, um cidadão comum que é o resultado de consciência política do povo brasileiro.
Gustavo Pimentel:
Dona Lindu.
Luiz Inácio Lula da Silva:
A dona Lindu é a minha força motora, ou seja, eu sigo o direcionamento da dona Lindu desde que nasci e vou morrer seguindo esses ensinamentos dela, porque foi a mulher mais extraordinária na minha vida.
Gustavo Pimentel:
Minas Gerais, o nosso estado glorioso.
Luiz Inácio Lula da Silva:
Minas Gerais é um estado cultura, é um estado eu diria dos mais extraordinários que eu conheço pela qualidade da política mineira, pela esperteza da política mineira, e pela culinária mineira. É difícil ter algum lugar que se coma melhor do que na nossa querida Minas Gerais.
Gustavo Pimentel:
Ê pão de queijo bom. Vale do Aço.
Luiz Inácio Lula da Silva:
Ah, Vale do Aço é um exemplo de desenvolvimento que deu certo há três décadas atrás, e que por irresponsabilidades de governantes ela foi sendo desmontada.
Gustavo Pimentel:
Kalil, Alexandre Kalil.
Luiz Inácio Lula da Silva:
O Kalil é uma nova realidade, é como se fosse um jogador em formação, ou seja, o Kalil é novo na política, e é um quadro que eu acho que vai dar muito orgulho ao povo de Minas Gerais.
Gustavo Pimentel:
Alexandre Silveira.
Luiz Inácio Lula da Silva:
Olha, eu não conheço o Alexandre, eu acho que eu nunca tive contato com o Alexandre, eu espero conhecê-lo, depois você faz a pergunta.
Gustavo Pimentel:
Sérgio Moro.
Luiz Inácio Lula da Silva:
Desculpe eu não falar sobre esse cidadão.
Gustavo Pimentel:
Ciro Gomes.
Luiz Inácio Lula da Silva:
Olha, eu tive uma bela relação com o Ciro, eu acho que o Ciro, sinceramente, está precisando de um calmante.
Gustavo Pimentel:
Ser presidente no Brasil.
Luiz Inácio Lula da Silva:
O Brasil, olha, eu digo que eu sou um cidadão de uma causa só, e a minha causa é o Brasil, porque se eu consertar o Brasil nós vamos consertar a vida de 220 milhões de pessoas.
Gustavo Pimentel:
Jair Bolsonaro.
Luiz Inácio Lula da Silva:
Olha, é a negação da política.
Gustavo Pimentel:
E para a gente finalizar, Lula, Rádio Itatiaia, tem que falar da Itatiaia.
Luiz Inácio Lula da Silva:
A Rádio Itatiaia é muito poderosa. Rapaz, eu agora que estou sabendo o poder dessa Rádio Itatiaia se um dia eu tiver uma rádio ela vai ser do tamanho da Rádio Itatiaia. O que eu espero é que ela seja sempre plural, democrática, e não tenha medo de entrevistar quem quer que seja.
Gustavo Pimentel:
Sempre dando voz à democracia. Obrigado pela participação Jefferson Rocha.
Jefferson Rocha:
Eu que agradeço, obrigado ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também por esse papo.
Gustavo Pimentel:
Valeu, Lula.
Luiz Inácio Lula da Silva:
Obrigado Jefferson, obrigado Gustavo, obrigado ouvintes do Programa Manhã Ponto Com, obrigado companheiros e companheiras de Minas Gerais. Dia 15 estaremos em Uberlândia para fazer um grande ato em defesa da soberania, da economia mineira. Beijo no coração.
Gustavo Pimentel:
Valeu Lula. Agradecendo mais uma vez a nossa produção aqui.
Luiz Inácio Lula da Silva:
Olha, não se esquecendo, Jefferson e Gustavo que domingo é dia dos namorados.
Gustavo Pimentel:
Que beleza, e a Janja hein?
Luiz Inácio Lula da Silva:
E eu queria aproveitar, queria aproveitar essa entrevista para tentar passar uma mensagem. Eu quando estava preso escrevi 580 cartas para a Janja, e ela me escreveu 580 cartas. É tão bonito a gente escrever cartas, é tão bonito a gente conversar por carta. E eu queria pedir, Jefferson e Gustavo, se vocês são casados e ao povo que está nos ouvindo, se puderem domingo escreva uma cartinha para a namorada de vocês, para a mulher de vocês, escreva uma cartinha e coloque embaixo do travesseiro. Deixa ela acordar que você vai ver que a cartinha escrita com a sua mão, com os seus acertos ou seus erros de caligrafia, vai valer muito mais do que 40 zaps, vai valer muito mais do que 50 e-mails, porque é preciso ter química. E quando você escreve você está passando da caneta para o papel o amor que você sente pela sua companheira, ou o que ela sente por você. Então se você puder escreva uma cartinha para a sua namorada, para a sua mulher, ela escreve para você, e você vai ver como vai ser gostoso, porque quem receber a carta vai guardar para o resto da vida. Então, feliz Dia dos Namorados para todo o povo de Minas Gerais.
Jefferson Rocha:
A minha esposa aqui está concordando viu presidente Lula, ex-presidente Lula, ela está concordando e ela quer a carta também no domingo.
Luiz Inácio Lula da Silva:
Mas é bom, você vai ver como vai ser bom. Você vai ver Gustavo, você é casado?
Gustavo Pimentel:
Não, eu não, no caso não. Estou novinho ainda presidente, 23 aninhos, aproveitar um pouquinho a vida.
Luiz Inácio Lula da Silva:
Mas tem namorada, escreva uma cartinha e para de falar no zap. Você, Jefferson que é casado?
Jefferson Rocha:
Sou casado, 22 anos já, 24 anos já que eu estou com a mesma mulher, graças a Deus.
Luiz Inácio Lula da Silva:
Então é o seguinte, escreva uma cartinha para a sua companheira.
Jefferson Rocha:
Flaviana Alves, está lá.
Luiz Inácio Lula da Silva:
Coloque no papel o amor que você sente por ela.
Jefferson Rocha:
E a minha esposa é uma das pessoas que mais defende o SUS, mais de 15 anos trabalhando no SUS.
Luiz Inácio Lula da Silva:
Um beijo no coração do povo de Minas Gerais.
Jefferson Rocha:
Um abraço.
Gustavo Pimentel:
Valeu. Então, entrevistamos o pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva pelo Partido dos Trabalhadores, a entrevista está salva nas nossas redes sociais.
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