Lula: Brasil voltará a ser a mãe gentil, que cuida de todos

Em mensagem ao Senado pelo 7 de setembro, ex-presidente diz que Bolsonaro despreza mulheres e odeia índios, negros e pobres

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Em mensagem ao Senado, Lula diz que Brasil voltará a ser pátria gentil

Em mensagem ao Senado Federal pela celebração dos 200 anos da Independência do Brasil, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou uma mensagem de esperança por dias melhores para o país, com reconstrução do que foi destruído e a volta da democracia.

“A partir de primeiro de janeiro de 2023, nossa pátria voltará a ser a mãe gentil, que cuida de todos os seus filhos”, afirmou, lamentando o uso político que o presidente Jair Bolsonaro fez de uma data que é de orgulho nacional, no tradicional desfile do 7 de setembro.

Além de mencionar a “tentativa escancarada de obter vantagem eleitoral com o uso de recursos públicos”, Lula afirmou que o legado do atual presidente é o ódio aos negros, aos indígenas e aos pobres em geral, além do desprezo pelas mulheres.

Leia a íntegra

Prezado Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, Senhores senadores, senhoras senadoras.

Cumprimento a casa pela celebração institucional dos 200 anos da nossa independência. Lamento não poder estar presente.

Assisti com profunda indignação às falas do presidente da República, a pretexto da celebração do Dia da Independência. Em primeiro lugar, pela tentativa escancarada de obter vantagem eleitoral com o uso de recursos públicos. E pelo sequestro de uma data que não pertence a ele, mas à nação brasileira, a exemplo do que tenta fazer com a nossa bandeira e com o verde e amarelo, são patrimônios do nosso povo.

Mas a minha indignação, e acredito que de todas as pessoas sérias deste país, é ainda maior pelo uso de uma data de orgulho nacional, quando deveríamos celebrar a união de todos os brasileiros, para mais uma vez espalhar ódio, mentiras e ameaças à democracia.

Ele poderia ter se dirigido ao povo para falar de paz, de harmonia, de geração de emprego, de educação, de saúde, de combate à fome. Mas ele não tem nada a dizer sobre isso, porque não tem nada de positivo para apresentar, nessas ou em quaisquer outras áreas.

O legado do atual presidente é a volta da fome, que nós havíamos banido deste país. É o desemprego, a inflação descontrolada, a devastação do meio ambiente.

É o sofrimento das famílias, oprimidas pela falta de alimentação adequada, de emprego, de renda, de moradia digna e de esperança. Logo ele, que se diz defensor da família, quando na verdade só cuida dos interesses da sua própria família.

O legado do atual presidente é o ódio aos negros, aos indígenas e aos pobres em geral. É o desprezo pelas mulheres.

É o seu descaso criminoso para com a saúde, que levou à morte centenas de milhares de vítimas da covid. É a corrupção desenfreada do seu governo, que ele tenta varrer para baixo dos sigilos de 100 anos.

O presidente poderia ter aproveitado o espaço generosamente cedido pela mídia para explicar como sua família conseguiu comprar 107 imóveis desde que ele entrou na política, sendo que 51 deles foram pagos em dinheiro vivo.

Mas a boa notícia é que democracia vai por fim ao pesadelo. O povo sabe o que quer, e ele não quer mais ódio, o povo não quer mais ódio, o povo não quer mais armas.

Não tenho dúvida que nós vamos reconstruir esse país de novo.

A partir de primeiro de janeiro de 2023, nossa pátria voltará a ser a mãe gentil, que cuida de todos os seus filhos. E nós vamos retribuir esse amor celebrando a nossa independência com a alegria que ontem tentaram tirar de nós.

Muito obrigado e viva um Brasil independente, soberano e democrático.

Luiz Inácio Lula da Silva

Ex-presidente do Brasil