Ao assumir seu primeiro governo, em 2003, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou um país que ainda sofria com o apagão de energia elétrica e com os racionamentos impostos ao setor elétrico pelo governo anterior. Além do impacto negativo na vida das pessoas, havia o prejuízo para a economia e para o Brasil.
Havia o desafio à época de construir um novo modelo que garantisse desenvolvimento e acesso à população mais vulnerável. O primeiro passo foi tirar a Eletrobras (privatizada há pouco pelo governo Bolsonaro) dos planos de desestatização de FHC e atrair investidores internacionais para a estatal.
Houve também a retomada da construção de usinas hidrelétricas, além de leilões de outras fontes de energia limpa mais sustentáveis, como a eólica. O Brasil praticamente não dispunha desse tipo de energia até 2005. Depois dos governos do PT, se tornou o sétimo país do mundo na produção de energia eólica e um dos que mais expandia.
O primeiro leilão de energia eólica foi realizado em 2009 e garantiu um investimento de R$ 9,4 bilhões na construção das usinas de geração de energia eólica, com resultados que dão bons frutos até hoje. Este é considerado um marco na mudança de paradigma da geração de energias limpas no Brasil.
No governo Dilma, a energia eólica conquistou um papel de destaque como uma das fontes complementares à energia hídrica. O Plano Brasil Maior definiu a eólica como prioridade entre as renováveis e apontava iniciativas para adensar a cadeia e aumentar o conteúdo local.
Nesse contexto, o Nordeste merece toda a atenção, por seu potencial natural para esse tipo de atividade. Graças aos investimentos feitos pelos governos petistas, a região é a maior produtora de energia eólica do país.
Em julho, o nordeste registrou um recorde na geração de energia eólica, atingindo um pico 11.715 MWh (megawatt), o suficiente para abastecer mais de 106% da demanda de toda a área. Hoje, devido aos extensos investimentos dos governos do PT, a energia eólica responde por 10,7% da matriz elétrica brasileira. Isso é extremamente importante para nós e para o meio ambiente, principalmente no cenário internacional.
Com Lula e Dilma, o Brasil tornou-se um dos países com maior capacidade de geração de energia limpa do mundo. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não investiu somente nas hidrelétricas e termelétricas (o que também era muito importante para democratizar o acesso à energia elétrica e baratear o preço da conta de luz). O programa também era parceiro de investimento das geração de energias limpas.
Infelizmente, assim como em diversas outras áreas, o desmonte foi arrasador após o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e se aprofunda no governo de Jair Bolsonaro. Hoje, o Brasil ocupa o segundo lugar com a tarifa mais cara de energia elétrica, podendo atingir o topo até o fim do ano.
Além de ter sancionado a Medida Provisória que abre caminho para a privatização da Eletrobras – o que, com certeza, terá impacto nas contas de energia elétrica e pode ressuscitar os apagões dos anos 2000 – o governo também sancionou uma MP, em março deste ano para beneficiar usinas nucleares como a Angra 3 em detrimento da produção de energia limpa, como a eólica e a solar.
Certamente essa medida não é bem vista no cenário internacional, cada vez mais preocupado com o impacto climático dos meios de produção e geração de energia. Em mais um quesito, seremos colocados como párias para o resto do mundo, já que seguimos na contramão, um belo exemplo do que não fazer.
Ao mesmo tempo, Bolsonaro privatizou o lucrativo Complexo Eólico Campos Neutrais (RS), o maior da América Latina, por 17% do que foi gasto em sua construção. O valor gasto na construção da usina foi da ordem de R$ 3,1 bilhões e lucro anual da usina em 2017 foi de R$ 345 milhões. O complexo foi vendido pela bagatela de R$ 500 milhões.