Em conversa com a imprensa na tarde desta segunda-feira (24/10), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender políticas que acabem com a fome de 33 milhões de brasileiros que não têm o que comer e disse que qualquer país do mundo que queira ter soberania precisa de um programa de segurança alimentar.
“Primeiro, nós temos que entender que todo e qualquer país do mundo que queira ter o mínimo de soberania tem que ter um programa de segurança alimentar. E ele tem que ter uma política concreta de um estoque regulador para que, em qualquer momento de crise, não falte alimento no seu país”, disse, lembrando que em seus tempos de governo, a Conab fazia esse papel e usava o estoque para equilibrar preços.
O ex-presidente afirmou que o Brasil precisa aumentar a produção e a capacidade produtiva e destacou a importância de financiar pequenas propriedades que cumprem a tarefa de levar comida à mesa dos brasileiros. “Nós sabemos que quem produz 70% do alimento que vai na mesa da sociedade brasileira são de propriedades de até 100 hectares e a grande maioria da agricultura familiar. Então, nós temos que incentivar, colocar mais dinheiro para crédito, colocar mais dinheiro para o PRONAF”, defendeu.
Lula também lembrou a importância do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional de Alimentar Escolar (PNAE), que têm perdido recursos sob Bolsonaro. “Esse governo não tem nenhuma responsabilidade com os problemas sociais que o povo vive e também com o pequeno e médio produtor rural desse país, que já deu demonstrações de que, quando é incentivado, ele sabe produzir”.
Fortalecer a agricultura familiar com crédito, assistência técnica e compras públicas, garantindo mais renda para o produtor rural e mais alimentos saudáveis nas escolas, hospitais e em centros de atendimento a pessoas idosas e com deficiência é uma das propostas da Coligação Brasil da Esperança para combater a fome a pobreza no Brasil.
O ex-presidente mencionou que, no meio do seu segundo mandato, em 2008, criou o programa Mais Alimentos para financiar a compra de máquinas e implementos agrícolas para pequenos e médios produtores a fim de garantir que não faltasse comida no Brasil num momento de crise internacional. Naquele ano, foram vendidos 88 mil tratores de 80 cavalos, numa ação com objetivo de melhorar a agricultura e a capacidade produtiva do país.
“O Estado tem que estar sempre alerta. Um país que não garante as proteínas e as calorias necessárias ao seu povo não é um país soberano, não é um país que pode ser respeitado. É o mínimo, o mínimo, o mínimo que nós temos que pensar. Não adianta agora tentar jogar a culpa em cima da Ucrânia. O problema é capacidade do governo de utilizar os instrumentos que o governo tem para produzir mais, para fazer com que as pessoas tenham acesso a esse alimento, coisa que esse governo não se preocupa”.
O ex-presidente também lamentou o fato de as fábricas de fertilizantes que estavam sendo construídas pelos governos petistas terem sido interrompidas após o golpe que tirou Dilma Rousseff do poder em 2016. Segundo ele, o Brasil precisa se conscientizar de que deve ser autossuficiente em fertilizantes para não ficar dependente de terceiros.
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