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Mais pobres, 66,6 milhões de brasileiros têm contas em atraso

Num cenário de inflação alta, desemprego, desvalorização salarial e consequente empobrecimento da população, o número de pessoas que não conseguem pagar suas dívidas é cada vez maior.

Entre maio de 2021 e maio deste ano, houve acréscimo de 4 milhões de pessoas com nomes negativados, segundo dados do Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor, que indicou também contingente de 66,6 milhões de inadimplentes em maio deste ano, maior número desde a série histórica iniciada em 2016.

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, a pressão inflacionária persistente, acima de dois dígitos há dez meses, está entre os principais fatores que mais contribuem para o quadro. O jornal aponta que a alta da taxa básica de juros – de 14,25% atualmente – é arma do Banco Central para tentar conter a alta dos preços, mas também faz pressão adicional nas rendas das famílias.

De acordo com a pesquisa, com 28,2% do total, o segmento de bancos e cartões lidera a lista de maior volume de dívidas negativadas.  Contas básicas como energia, gás e água estão em segundo lugar, com 22,7%.

“Penduricalhos”

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito referências frequentes às dificuldades das famílias brasileiras para sobreviverem na conjuntural atual de desemprego, desvalorização salarial e empobrecimento da população. Em entrevista no fim de junho, ele fez referência direta às famílias endividadas e disse que é preciso reduzir retirar penduricalhos que levam as contas em atraso para o alto.

“É preciso reduzir a política de juros e é preciso resolver o problema da dívida de 70 milhões de famílias brasileiras que estão endividadas nos cartões, algumas porque estão utilizando o cartão para comprar comida. Tem muitos penduricalhos nessa dívida. Então, é preciso afastar esses penduricalhos, para que a pessoa fique apenas com o principal”, declarou.

Renegociação

A solução para o problema do endividamento é tema também do programa de governo do Movimento Vamos Juntos pelo Brasil, da chapa Lula-Alckmin, que está em construção com participação popular. As diretrizes sinalizando as prioridades foram apresentadas no mês passado. A número 1 cita o endividamento e o desalento das famílias como consequência do processo de destruição do Brasil, que trouxe ainda fome, desemprego e inflação.

A diretriz 60 trata especificamente do tema e fala em renegociação das dívidas. “Como a renda familiar dos brasileiros e brasileiras desabou e o endividamento das famílias explodiu, já são mais de 66 milhões de pessoas inadimplentes, vamos promover a renegociação das dívidas das famílias e das pequenas e médias empresas por meio dos bancos públicos e incentivos aos bancos privados para oferecer condições adequadas de negociação com os devedores”, diz a diretriz que fala ainda em avanço na regulação e incentivo para ampliar oferta e reduzir o custo do crédito, ampliando a concorrência do sistema bancário.

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