Mais um aumento de combustíveis: é o funk da dolarização

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Nesta quinta (10), a Petrobras anunciou mais um aumento de combustíveis nas refinarias: a gasolina aumentou 18,8%, o diesel 24,9% e o gás de cozinha 16%. O aumento, influenciado pela alta internacional do petróleo, tem como responsáveis a dolarização dos preços e o desmonte da Petrobras realizado a passos largos desde o golpe de 2016, aprofundado por Jair Bolsonaro.

Desde dezembro de 2020, o valor da gasolina nas refinarias mais do que dobrou: foram 109,7% de aumento em menos de 15 meses. O preço do óleo diesel mais do que triplicou, subindo 225,5%. Com o novo aumento, o litro da gasolina passa a custar R$ 3,86 e o do diesel R$ 4,51.

Os constantes aumentos, agravados pela crise do petróleo e pela guerra na Ucrânia, advém da inacreditável política de dolarização dos preços adotada pela Petrobras em 2016. O Brasil, auto-suficiente em petróleo, depende atualmente de petróleo estrangeiro. Nas palavras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva:

Você sabe por que a gasolina e o óleo diesel estão caro? Porque o Brasil tinha uma grande distribuidora chamada BR que foi privatizada. E agora você tem mais de 400 empresas importando gasolina dos EUA ao preço de dólar, enquanto nós temos auto-suficiência e produzimos petróleo em reais.

Com a atual dependência do mercado externo, aliada à dolarização dos preços, o cenário é desesperador para o bolso dos brasileiros. E o pior é que o aumento dos combustíveis impacta diretamente na alta dos alimentos e na inflação como um todo.

Entre maio de 2016, mês do golpe contra a presidenta Dilma Roussef, e dezembro de 2021, houve 87% de aumento no preço da gasolina nas bombas, para o consumidor. Com o novo aumento, este percentual irá subir.

A cara de pau de Bolsonaro é tão grande que, após aprofundar o desmonte da Petrobras e colocar a culpa dos altos preços nos governadores por três anos, ele declarou nesta semana que hoje o Brasil se vê “refém” da dolarização que empobrece o povo brasileiro e enche os bolsos dos acionistas internacionais. Bolsonaro age como se o povo brasileiro não tivesse memória.

Mesmo tendo assumido a culpa, ele diz que seria irresponsável intervir nessa situação, mas irresponsável mesmo é ter os brasileiros gastando mais de 21% do salário para abastecer seus veículos. Isso enquanto luta para se alimentar com o mínimo de qualidade em um cenário de inflação nas alturas e alto índice de desemprego – um cenário criado pelo próprio Bolsonaro e por seu menino de ouro, o ministro da Economia Paulo Guedes.

A guerra entre Rússia e Ucrânia pode aprofundar essa crise aqui pra gente. Economistas alertam que o preço do petróleo em patamares recordes vai pesar no bolso dos brasileiros. Pela política de dolarização seguida pela Petrobras, que acompanha o mercado internacional, se a regra estivesse sendo seguida, o litro da gasolina já estaria na casa dos R$9. Esse valor poderia chegar a mais de R$ 18, se a Rússia cumprir suas ameaças e o barril chegar a R$ 300.

Além do problema óbvio com a política adotada pela Petrobras, Bolsonaro tem culpa no cartório por atacar constantemente a estatal, por visar sua privatização e rifá-la a preço de banana por picuinhas políticas, prejudicando todo o povo brasileiro, que é o verdadeiro dono da Petrobras.

Durante os governos petistas, a Petrobras recebeu investimentos recordes. Lula e Dilma acreditavam investir na estatal e na indústria naval, com conteúdo nacional, trariam a independência de que o Brasil precisa e nos posicionaria muito bem no mercado internacional. Estavam certos.

Além da geração de empregos diretos e indiretos, os investimentos no setor permitiram que a Petrobras descobrisse uma das maiores jazidas de petróleo do mundo, o pré-sal, em 2006, fazendo com que o Brasil fosse autossuficiente.

Com toda a destruição promovida após o golpe de 2016, o Brasil volta à sua condição de dependência do mercado internacional de petróleo e, nas mãos de um presidente fraco e incapaz, sem condições de retomar qualquer tipo de controle da situação. Enquanto isso, a gasolina segue pesando no bolso do povo brasileiro, um dos que mais gasta no mundo para encher o tanque.

Lula vem dizendo que, num eventual governo, não manteria essa política absurda. “Pode ficar certo de que nós vamos mexer no preço do combustível porque o povo brasileiro não é palhaço para pagar em dólar, quando ele não ganha em dólar. Uma empresa Sociedade Anônima, como a Petrobras, tem que respeitar o direito de dividendos, mas ela não pode só se preocupar com os acionistas para receber dividendos. Ela tem que transformar uma parte do lucro em investimento”, afirmou.