Na Unicamp, Lula defende educação e diz que universidades hoje têm a cara do Brasil

Compartilhar:

Em uma aula magna para milhares de estudantes da Unicamp, em Campinas (SP), na noite de hoje, 5, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o legado dos governos petistas na educação brasileira, comemorou a mudança no “rosto” das universidades e falou sobre o que motivou a decisão de investir em programas educativos como o Fies e o Prouni e criar dezenas de campus de universidades e institutos federais.

“Foi a primeira decisão sábia da minha vida, perceber que educação não é gasto, é investimento. No início do meu governo, falei ‘está proibido, daqui pra frente, qualquer pessoa do governo falar em gasto quando se trata de educação’. Não existe, na história da humanidade, nenhum país que tenha se desenvolvido sem investir na educação do seu povo. Custa menos gastar com educação do que emprestar para grandes empresas”, afirmou Lula.

Segundo o ex-presidente, foi isso que levou seu governo a quintuplicar o orçamento para a educação. “Tive a sorte de convidar o companheiro (Fernando) Haddad, começamos a pensar como íamos fazer as coisas neste país. Hoje eu tenho orgulho de olhar na cara de vocês e falar que um torneiro mecânico sem diploma universitário é o presidente que mais fez universidade do país, orgulho de dizer que com a companheira Dilma Rousseff fizemos o maior número de escolas técnicas, orgulho de dizer que ela fez o Ciência Sem Fronteiras, para levar 100 mil estudantes pro exterior”, declarou.

No discurso, Lula também contou sobre a visita que fez, pela manhã, à Vila Soma, uma ocupação que está virando bairro na cidade vizinha de Sumaré: “Fiquei muito feliz, as pessoas vinham me agradecer, dizendo que eram o primeiro homem, a primeira mulher da família a ter um diploma universitário”.

O ex-presidente destacou que, quando chegou ao governo, o Brasil tinha cerca de 3,5 milhões de estudantes universitários, em sua imensa maioria brancos. Ao cumprir seu segundo mandato , o número havia subido para 8 milhões, com mais de 51% negros e pardos. 

“Era engraçado o Brasil, o pobre estudava na escola pública até o segundo grau e o rico, na escola particular. No vestibular, só os ricos passavam nas universidades públicas, e os pobres precisavam tentar pagar uma particular. Hoje você vê a cara do Brasil na universidade, antes você só via a cara da elite”, disse ele.

Universidades com a cara do Brasil

Essa mudança no perfil da universidade pôde ser vista logo no início do ato, com os estudantes falando sobre suas trajetórias. Coordenadora da Associação dos Pós-Graduandos da Unicamp, Bruna Garcia contou uma história parecida com as que Lula ouviu na Vila Soma.

“Eu fui a primeira da minha família a entrar na universidade. Tudo isso porque um metalúrgico ousou sonhar em mudar esse país. É muito importante estar aqui, para ter esperança de que a gente consiga fazer esse país voltar a ser como era, um país onde os jovens podem voltar a sonhar. É o momento de trazer a nossa voz, nossas pautas, nossas demandas, um programa feito por e para os jovens”, declarou ela.

A estudante de Pedagogia Ellen Menezes falou sobre a importância da participação do movimento estudantil na política brasileira. Ela mencionou a mobilização dos alunos da universidade na tentativa de virar votos na eleição de 2018 e disse que eles jamais deixaram as ruas nas manifestações que se seguiram.

“Para nós, chegou a hora de cumprir uma tarefa histórica da nossa geração, que é derrotar a extrema-direita. A tarefa desse ano é organizar os estudantes da Unicamp para sacudir essa universidade, esse campus, fazer mobilização, disputar voto por voto para garantir nosso futuro. Se eles falam que vão acabar com a universidade pública, precisamos estar aqui para defender”, ressaltou.

Coordenador do Coletivo de Estudantes Indígenas da Unicamp, Arlindo Gregório comemorou a ampliação na participação de jovens dos povos originários na vida acadêmica brasileira. “Hoje somos 60 mil estudantes indígenas, graças ao seu governo, ao ministro da Educação que teve a sensibilidade de pensar na inclusão. Graças a um governo inclusivo eu posso dizer que sou estudante de ensino superior cursando Engenharia Elétrica. Somos 40 povos presentes na Unicamp”, disse.

Responsável por muitas das políticas de afirmação dos governos Lula e Dilma, o ex-ministro da Educação e pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad, falou da satisfação de ver as universidades brasileiras com um outro perfil de alunos.

“Nunca estive tão feliz entrando numa universidade. Comentei o tanto de vezes que acompanhei o Lula em inaugurações de universidades, de centros técnicos, em locais onde os pobres não tinham oportunidade, os indígenas, os pretos não tinham oportunidade. Assisti dezenas de vezes essa cena, o povo chorando sabendo que viriam oportunidades, que às vezes nem eles teriam, mas os filhos teriam, os netos”, relatou.