No dia da TV, relembre passagens de Lula noveleiro

A cena em que Maria Bruaca, dona de casa vivida por Isabel Teixeira na novela Pantanal, foi expulsa de casa pelo marido, o Tenório de Murilo Benício, já pode ser considerada um dos momentos mais marcantes da televisão brasileira. Fãs do país inteiro pararam para assistir à trama na última semana – ou quase todos. Um deles, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tinha um compromisso marcado em Teresina e quando o assunto é encontro com o povo, ele não pode faltar. “Estou aqui no Piauí e estou perdendo Pantanal. Ontem fiquei com uma raiva quando o Tenório expulsou de casa a Bruaca. Eu ainda acho que ela vai voltar e dar uma lição naquele machista, que não respeitou a mulher que viveu com ele 30 anos. Eu choro com a história dela”.

No remake da novela de sucesso dos anos 1990, Maria é uma mulher em uma relação sem amor ou cuidado, maltratada pelo marido.

Eu vou dizer pra vocês: eu sonho que o mundo só vai ficar justo no dia em que a gente não tiver mais no Brasil nenhuma mulher que aceite fazer o papel que a Bruaca faz na novela Pantanal. Mulher tem que levantar o pescoço. Não empinar o nariz, mas levantar o pescoço e falar em igualdade de condições com o seu companheiro. Olha, cara, eu estou casada com você porque eu gosto, não estou casada com você por um prato de feijão. Se você pensa que é por isso, pode ir embora. Eu estou casada com você porque eu gosto de você e quero viver com você.

Lula

Não é à toa que criou tantas políticas integradas para as brasileiras, e transformou o combate à desigualdade de gênero em um pré-requisito para tudo o que o Estado fizesse. É por isso que, já em seu primeiro ano de governo, criou a Secretaria de Políticas para Mulheres, responsável por coordenar as políticas para as brasileiras.

No ano seguinte, lançou o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, e naquela ocasião demonstrou a veia noveleira que sai do coração de todo brasileiro. Na época, a trama da vez era Mulheres Apaixonadas, que tratava justamente da violência doméstica. “Mulheres do mundo, uni-vos contra os raqueteiros. Só que na vida real, não é uma raquete. A coisa é mais bruta, mais desumana”, afirmou à época em referência à história do personagem de Dan Stulbach, que vivia um homem que agredia a mulher, interpretada por Helana Ranaldi.

O combate à violência de gênero viraria um compromisso dos governos de Lula e de Dilma Rousseff. Em 7 de agosto de 2006, ele sancionou a Lei Maria da Penha, eleita uma das três melhores legislações do mundo no enfrentamento à violência contra as mulheres por um relatório do Banco Mundial, ligado à Organização das Nações Unidas.

Lula no Projac

Alguns anos depois, Lula realizou o sonho de quem não perde um folhetim e visitou o Projac para ver como eram gravadas cenas da novela Duas Caras, de 2007. A atriz Betty Faria, que vivia a personagem Bárbara escreveu em seu blog sobre a inusitada visita: “Cheguei para me maquiar e comecei a ouvir: ‘O Lula vem ai!’. Achei que era pegadinha”, conta. Estavam no estúdio Lula, a então primeira-dama Marisa Letícia e Dilma, que foram conhecer a cidade cenográfica. “Ele ficou paradinho assistindo Dalton (Vigh) e eu gravarmos e, quando terminou, veio me cumprimentar.”

Em 2012, o gosto pelo novelão teve que competir com as Olimpíadas que rolavam em Londres. Mas é que Adriana Esteves brilhava nas telinhas com a icônica vilã Carminha, uma personagem que mobilizou todos os noveleiros do país. E Lula também, que até hoje não perde um capítulo de uma novela da noite.