Pandemia: 28 milhões de doses de vacina podem ser inutilizadas

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Enquanto brasileiros ainda perdem a vida por causa da Covid-19, com número de mortes se aproximando dos 670 mil, milhões de doses de vacina perto do prazo de validade correm o risco de serem inutilizadas, se não forem aplicadas até o fim de agosto.

A possibilidade de prejuízo de mais de R$ 1 bilhão, valor pago para cerca de 28 milhões de doses de Astrazeneca e Pfizer, deixa clara a má gestão da pandemia por parte do governo federal. As vacinas podem salvar vidas, mas nada é feito para evitar que tantas doses se percam.

Reportagem da Folha de São Paulo que revelou o contrassenso diz que presidente Jair Bolsonaro (PL) trata com desdém a perda de fôlego da campanha de vacinação.

De acordo com o jornal, os dados do potencial prejuízo são tratados com sigilo pelo Ministério da Saúde e foram levantados pelo Tribunal de Contas de União (TCU).

Segundo a reportagem, são ao menos 26 milhões de unidades da Astrazeneca e 1,92 milhão da Pfizer que perdem a validade nos próximos dois meses. “Segundo o relatório, cada dose da vacina Astrazeneca custou R$ 41,83. No caso da Pfizer, o valor é de R$ 66,89. Os lotes que podem vencer somam R$ 1,09 bilhão e R$ 128,66 milhões, respectivamente”.

Mais que um desperdício, um descalabro

Em editorial nesta quarta-feira, o jornal O Globo diz que os estoques perto do vencimento expõem falhas na logísticas do Ministério da Saúde. “É inaceitável que o país possa perder vacinas, especialmente quando uma nova onda de Covid-19 provoca aumento de casos, de mortes e pressiona hospitais”.

O jornal opina que não basta comprar vacinas e achar que está tudo resolvido. “Ministério da Saúde, estados e prefeituras precisam convencer o cidadão a tomá-las, além de facilitar-lhes as condições para isso.

De acordo com o jornal,  “as propagandas do Ministério não cumprem seu papel, pois passam mais tempo enaltecendo o governo do que combatendo as mentiras e explicando porque é importante se vacinar. (…) As vacinas estão aí, mas precisam ser aplicadas para conter as hospitalização e mortes que ainda persistem. Jogá-las fora, seja porque motivo for, seria, mais que desperdício, um descalabro”.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito críticas frequentes à gestão da pandemia pelo governo e à postura negacionista do presidente Jair Bolsonaro. “Um presidente responsável não faria isso, teria reunido os governadores, os institutos de pesquisa, os cientistas brasileiros, os prefeitos e decidido: nós vamos vacinar 215 milhões de brasileiros em tempo recorde. Mas ele não discute a saúde do povo”, declarou recentemente.