O setor de saúde no Brasil enfrenta uma grave crise de desabastecimento de medicamentos e insumos básicos, tanto nas farmácias como nos hospitais. Em muitos lugares, já está difícil encontrar antibióticos, analgésicos como a dipirona, anti-histamínicos e até mesmo soro para reidratação.
Uma pesquisa da Confederação Nacional de Saúde, feita com mais de 100 hospitais e clínicas em 13 estados e no DF, constatou que em 87% dos locais já está faltando soro. Não há mais dipirona injetável, para combater dor e febre, em 63% deles, e falta remédio contra doenças autoimunes em metade.
Segundo um outro levantamento, feito pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), pelo menos 18 estados não conseguiram concluir processos de licitação para mais de 30 medicamentos, por conta de problemas com preços. Entidades vêm alertando o Ministério da Saúde há meses sobre os problemas, mas não houve planejamento para o setor.
Um dos principais problemas é a alta do dólar, já que boa parte dos remédios e dos insumos farmacêuticos usados na fabricação nacional são produzidos na Índia e na China. O lockdown por conta da pandemia de Covid-19, que paralisou linhas de produção e portos chineses também causou problemas na obtenção dos medicamentos.
A pandemia também é parcialmente responsável pela situação, já que houve um crescimento no uso de medicamentos usados em pacientes de Covid-19 e muitas farmacêuticas priorizaram a produção deles, deixando outros de lado.
Em uma entrevista recente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lembrou que o atual governo encerrou programas que ajudavam a fornecer medicamentos e outros insumos para a população, muitas vezes de graça, o que ajuda a explicar o desabastecimento.
“É preciso garantir que as pessoas mais humildes não vão ao médico e saiam com uma receita na mão sem ter remédio para comprar, tem que sair com remédio na mão. Eles acabaram com a Farmácia Popular, acabaram com o Aqui Tem Farmácia Popular, acabaram com o Mais Médicos, que levava médico nos lugares mais longínquos desse país. Então nós vamos fazer isso, nós vamos continuar aprimorando”, afirmou.
O programa Juntos Pelo Brasil traz, em suas diretrizes, uma proposta para retomar investimentos na saúde pública, inclusive na distribuição de medicamentos.
“A saúde, o direito à vida e o Sistema Único de Saúde (SUS) têm sido tratados com descaso pelo atual governo. Faltam investimentos, ações preventivas, profissionais de saúde, consultas, exames e medicamentos. É urgente dar condições ao SUS para retomar o atendimento às demandas que foram represadas durante a pandemia, atender as pessoas com sequelas da Covid-19 e retomar o reconhecido programa nacional de vacinação”, diz o programa.
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