“Peço a Nossa Senhora Aparecida que proteja e cuide do povo brasileiro, que o livre do ódio, da intolerância e da violência”, disse o Papa Francisco na manhã desta quarta-feira (26). A fala foi feita durante saudação a peregrinos na audiência geral na Praça São Pedro, no Vaticano.
“Queridos irmãos e irmãs, anteontem, em Crato, no Estado brasileiro do Ceará, foi beatificada Benigna Cardoso da Silva, uma jovem mártir que, seguindo a Palavra de Deus, manteve pura a sua vida, defendendo a sua dignidade. O seu exemplo nos ajude a ser generosos discípulos de Cristo. A vida do mundo depende do nosso testemunho coerente e alegre do Evangelho. Um aplauso à nova beata!
Enfim, o Papa dirigiu seu pensamento ao povo brasileiro pedindo a intercessão e a proteção de Nossa Senhora Aparecida.
Peço a Nossa Senhora Aparecida que proteja e cuide do povo brasileiro, que o livre do ódio, da intolerância e da violência.” — Papa Francisco
Assim, o papa reforça o real sentido da fé cristã, que não combina com o discurso de ódio, a mentira e a profanação.
Nossa Senhora Aparecida é a padroeira do Brasil. Na igreja católica, Nossa Senhora refere-se a Maria, mãe de Jesus Cristo. É uma história que data de 1717, quando pescadores foram ao rio Paraíba do Sul em busca de peixes para uma festa que aconteceria em homenagem a Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, conde de Assumar, em passagem pela região.
De novo e de novo os homens lançavam a rede ao rio, sem conseguir apanhar quase nada. E insistiam, lançando sua esperança sobre as águas em busca de peixes. Foi quando pescaram a cabeça da santa. Deste momento em diante, passaram a pescar muitos e muitos peixes, o que foi considerado milagroso. Assim começou a devoção popular a Nossa Senhora Aparecida.
A fala do Papa Francisco acontece em um momento em que a fé cristão é usurpada, manipulada e alvo de ataques. Em diversos estados, há relatos de ataques a padres e a igrejas por parte de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Ele se declara católico, mas ataca cristãos, ofende e profana a igreja.
Proliferam no Brasil hoje falsos cristãos que deturpam o sentido da fé em Deus e em Jesus Cristo, transformando em instrumento de discurso de ódio, alvo de mentiras e instrumento para fazer política. É por isso que o papa Francisco pede a Nossa Senhora que livre o brasileiro do ódio.
Apoiadores do presidente foram à Basílica de Nossa Senhora Aparecida fantasiados de verde e amarelo, as cores da bandeira de todos os brasileiros, não só de um partido ou candidato. Lá, beberam álcool, criaram confusão, foram agressivos com a imprensa, gritaram palavrões, os fiéis e mesmo membros da igreja. Chegaram ao limite de xingar o bispo em frente à Basílica.
Um dos momentos mais importantes, que historicamente ocorre às 15 horas do dia 12 de outubro, a Consagração à Nossa Senhora Aparecida, foi interrompido por bolsonaristas. Mas a cerimônia foi interrompida diversas vezes porque apoiadores de Bolsonaro vaiavam o padre celebrante do lado de fora.
Em outro momento, um rapaz que vestia vermelho foi perseguido e ameaçado dentro do Santuário por conta da cor de sua camiseta. Não é de hoje que o bolsonarismo persegue religiosos que não rezam a sua cartilha, mas, em Aparecida, eles foram longe demais.
Por conta disso, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) alertou para o aumento da intolerância. A CNBB chegou a divulgar uma nota lamentando o que chamou de “intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno” das eleições deste ano.
Enquanto o atual presidente manipula a religião e banaliza a fé em Deus e em Jesus Cristo, Lula jamais aceitou fazer uso da religião em sua campanha política. Batizado e crismado na igreja católica, Lula é católico há 76 anos.
Lula não profana a religião para pedir votos, mas, quando foi presidente, fez todo o possível para garantir que o exercício da fé fosse garantido a todos os brasileiros e brasileira. É dele a lei que deu liberdade de organização e estruturação de igrejas, a Lei da Liberdade religiosa.
Foi Lula quem incluiu a Marcha para Jesus no calendário oficial do Brasil. Além de respaldo legal que assegura o respeito com a religião e seus seguidores, a Lei sancionada por Lula garantiu que os evangélicos pudessem professar publicamente a fé e se reunirem em nome da crença.
“Minha fé é inabalável. E ela me garante que a verdade sempre vai vencer na minha vida. […] Quem fala mal das pessoas que lutam por justiça social, não conhece a história de Jesus Cristo. Foi Jesus quem mais brigou pelos pobres, quem mais defendeu aqueles que mais precisavam. E foi crucificado pelo que ele representava. As religiões precisam se respeitar. Precisamos construir um país de paz e não de ódio.” — Lula
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