Partidos aliados destacam unidade na construção das diretrizes para reconstruir o país

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No evento que lançou o programa Vamos Juntos Pelo Brasil, com as diretrizes que vão formar a plataforma de governo da chapa Lula Alckmin da manhã de hoje, 21, em São Paulo, os presidentes dos sete partidos que compõem o movimento Vamos Juntos Pelo Brasil – PT, PSB, PC do B, PV, Rede, PSOL e Solidariedade – comemoraram a união inédita entre as legendas na formação do projeto, que será ampliado com a participação da sociedade por meio deste site

As diretrizes apresentadas destacam a urgência do combate à fome e a pobreza; a retomada do investimento para gerar crescimento e emprego; o combate à inflação e a redução do custo de vida; a defesa da Amazônia, o respeito às leis ambientais e a proteção dos povos indígenas; além da defesa da democracia, da justiça, da paz, da soberania e da reinserção do Brasil no mundo.

Em seu discurso, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, falou sobre o que tem visto ao acompanhar o ex-presidente Lula em eventos oem vários Estados do Brasil. Nas últimas semanas, eles estiveram juntos no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe.

“Nessas últimas semanas, acompanhar o presidente Lula em vários estados foi muito positivo, tivemos encontros sobre cooperativismo, cultura, artesanato, com reitores, professores, foi uma experiência muito enriquecedora. Não se faz programa de governo democrático em cima de motociata e jet ski. Observei que algumas palavras que se repetem, como reconstrução, já que tivemos um desmonte, uma destruição dos valores da cidadania, e a outra é esperança. é o que mais necessitamos”, relatou.

Partidos destacam união

O  presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Carlos Sampaio, ressaltou que o programa foi decidido pelos partidos de forma unânime, e afirmou que a retomada do desenvolvimento brasileiro passa por investimentos em áreas estratégicas, como Ciência e Tecnologia e Inovação. 

“Conseguimos uma coisa essencial numa luta política, especialmente numa tão importante como a nossa, a unidade, decidir de forma unânime essa plataforma para as eleições mais importantes que iremos enfrentar. Precisamos destacar a questão da Ciência e Tecnologia e Inovação. Não acreditamos no desenvolvimento de um país como o Brasil sem investir nelas como forma de reforçar nossa soberania, usando como base empresas importantes como a Petrobras, a Eletrobras e a Embraer”, disse ele.

A vice-governadora de Pernambuco e presidenta Nacional do PC do B, Luciana Santos, reforçou que a reconstrução do Brasil precisa ser um esforço coletivo, com participação não apenas dos partidos, mas de toda a sociedade brasileira. “É um feito chegarmos a esse conteúdo em convergência, fruto do diagnóstico de uma realidade de retrocesso. É necessário um processo de reconstrução deste país, ver as questões que estamos enfrentando para devolver a esperança ao povo, melhorar a qualidade de vida da população. Temos um dos planos mais ousados de integração latino-americana, para aproveitar os ventos que sopram a nosso favor no continente”, destacou ela, lembrando a vitória de Gustavo Petro na eleição da Colômbia.

O presidente Nacional do Partido Verde (PV), José Luiz Penna, falou da “satisfação de estar na luta para recuperar a civilidade no nosso país. Agora temos a visão de que há uma reação e consistência que produzirá a vitória da civilidade diante do escândalo. A sociedade brasileira vai saber, com essas diretrizes, que poderá participar de uma maneira colaborativa, com suas ideias”.

Falando em nome do Rede Sustentabilidade, o senador Randolfe Rodrigues destacou a importância de recuperar o que foi construído nos últimos 30 anos e está sob ameaça do governo atual, especialmente na floresta amazônica.

“O Brasil perdeu a referência global e no continente para se tornar um pária. E a Amazônia está sob a maior ameaça de sua história. A região foi entregue ao crime, ao narcotráfico, ao garimpo ilegal, desmatamento, pesca e caça ilegais. Precisamos melhorar a economia e fazer o resgate da Amazônia com desenvolvimento. É o maior patrimônio florestal do planeta. O que temos aqui não é um programa para quatro anos, é para reconstrução do país, para criar uma nova página na história do nosso povo”, disse.

O presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, disse que o programa tem itens importantes para retomar o desenvolvimento, especialmente no combate ao desemprego. “A falta de renda é um dos principais problemas do Brasil. A reforma sindical, a revogação de partes da reforma trabalhista, a recuperação do salário mínimo, a discussão de uma recuperação do salário dos aposentados, e do trabalho por aplicativos nos agrada muito. Nossa esperança é de que seja um programa de melhorias para o povo brasileiro”, destacou.

O presidente nacional do Psol, Juliano Medeiros, elogiou o modo como o programa encampou diversos pontos de vista. “Há muita diversidade entre nós, conseguir uma síntese é louvável. Estamos muito satisfeitos com o resultado, que aponta um sentido claro:  interromper o ciclo de ataques aos direitos sociais e às empresas públicas. Para isso, queremos a revogação do teto de gastos, que impede que o Estado cumpra sua função, e temos o compromisso de revogar medidas regressivas da reforma trabalhista e mudar a política de preços da Petrobras. Não é possível enfrentar a crise de outra forma”, finalizou.

A presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann, falou das várias entidades, além do partido, que se uniram em torno do objetivo de construir um plano colaborativo para tirar o Brasil do atraso e da crise econômica e social em que foi colocado nos últimos anos.

“Os sete partidos constroem esse programa, com a grande colaboração não só das militâncias, mas da academia, dos movimentos sociais, do movimento sindical. Em cima dessas diretrizes, as pessoas vão poder colocar para nós as sugestões, que caminhos devemos seguir, quais são suas propostas para melhorar. É assim que a gente reconstrói o país. A vida do povo é a prioridade. Aqui tem a saída para o Brasil, não tenho dúvida”, afirmou.

Propostas de desenvolvimento

Coordenador do plano de governo, o ex-senador e ex-ministro Aloizio Mercadante reforçou que 140 emendas foram adicionadas pelos partidos à proposta elaborada pela Fundação Perseu Abramo. Ele falou sobre o teto de gastos, ressaltando que o país já tem 11 regras para o controle dos gastos governamentais. Ele destacou que os coordenadores estão avaliando várias experiências internacionais, para apresentar uma proposta, e que sempre se levará em conta a credibilidade previsibilidade das finanças.

“Precisamos de projetos estruturantes para alavancar o crescimento. E pensar em alternativas para o orçamento secreto, que gerou uma enorme distorção, que é o orçamento secreto, O Brasil foi um dos países que se desindustrializou mais rapidamente no mundo, isso não pode acontecer. Você perde valor agregado, perde empregos de qualidade, perde rendimento. Precisamos pensar numa nova indústria, mais verde, um novo modelo desesenvolvimento”, disse Mercadante.

Para Carlos Siqueira, do PSB, o controle de parte das verbas do Congresso apenas por emendas, fora da lei orçamentária, pode gerar distorções até mesmo nos resultados daa eleições. “Isso coloca bilhões de reais nas mãos de deputados que podem destinar as verbas a municípios pequenos e médios, visando um retorno eleitoral. É muito grave, ainda não sabemos o resultado que vai ter”, alertou.