A vida do brasileiro está a cada dia mais difícil e muito mais cara. Prévia da inflação de abril, o IPCA-15 divulgado hoje (27) pelo IBGE, alcançou 1,73% no mês, 4,31% no acumulado de 2022 e 12,03% em 12 meses.
O resultado de abril é quase o dobro de março (0,95%) e quase o triplo do registrado em abril do ano passado (0,60%). Na série histórica, é a maior variação mensal do indicador desde fevereiro de 2003 (2,19%) e a maior para o mês de abril nos últimos 27 anos. Em abril de 1995 o índice foi de 1,95%.
O principal impacto na inflação de abril, segundo o IBGE, foi a alta de 7,54% nos combustíveis, preços administrados pelo governo, que nada faz para evitar que a variação internacional resulte automaticamente em aumento interno, num país que é autossuficiente em petróleo e que não precisa ter os preços dolarizados. No índice, o impacto geral de combustíveis foi de 0,74 ponto percentual.
Segundo o instituto, o maior impacto individual do índice no mês (0,44 ponto percentual) veio justamente da gasolina, que avançou 7,51%. Segundo reportagem da Folha da terça (26), o preço da gasolina atingiu recorde desde que a ANP começou a divulgar a pesquisa mensal de preço há 18 anos. O preço médio chegou a R$ 7,27 o litro.
Com os preços de fazer cair o cabelo, muita gente deixa o carro na garagem por dificuldade para abastecer. O ex-presidente Lula tem denunciado o abuso dos reajustes e fala em ampliar a capacidade de refino e abrasileirar os preços. Ele alerta também para o efeito cascata que a alta dos combustíveis tem em outros preços, como no dos alimentos.
Com alta média de 2,25% e impacto de 0,47 ponto percentual no índice, alimentos e bebidas foi justamente o segundo grupo de itens que mais pressionou a inflação de abril, depois de transportes. De acordo com o IBGE, o preço do tomate saltou 26,17%, a cenoura 15,02%, o leite longa vida 12,21%, o óleo de soja mais de 11%, a batata inglesa quase 10%. Em 12 meses, a cenoura subiu quase 200%, o tomate 117,48%, o café 65,09% e o mamão mais de 40%.
Esse descontrole complica a sobrevivência, especialmente num contexto em que os reajustes salariais em sua maioria não repõem as perdas com a inflação. O resultado é mais pobreza e mais gente com fome ou com insuficiência alimentar.
O ex-presidente Lula tem alertado sobre a importância do controle da inflação que, segundo ele, penaliza muito mais as famílias mais pobres. “Controlar a inflação é uma obrigação para garantir ao povo trabalhador o seu poder de compra, o seu poder aquisitivo, para que as pessoas não tenham que piorar a qualidade da sua comida a cada dia. Eu tenho visto muita gente na televisão dizendo: hoje eu fui no supermercado, eu comprei menos, eu diminuí a minha compra, eu trazia um carrinho cheio, agora estou trazendo meio carrinho. Eu comprava carne, eu comprava um quilo de carne por semana, hoje eu compro um quilo de carne por mês”, declarou recentemente o ex-presidente.
Lula também sempre pontua a necessidade de os reajustes salariais se darem acima da inflação para que o trabalhador não perca poder de compra. “Quando eu era presidente, 90% dos acordos salariais feitos pelas categorias organizadas tinham aumento real, acima da inflação. Hoje quase ninguém tem aumento real acima da inflação. Então caiu o poder aquisitivo, aumenta o preço da comida, aumenta a inflação e o que acontece? O povo pobre sofre mais”.