Em mais uma tentativa de ludibriar seu eleitorado e esconder sua inércia no controle de preços dos combustíveis, Jair Bolsonaro decidiu trocar o comando da Petrobras. Sai o general da reserva Joaquim Silva e Luna e entra o consultor Adriano Pires, mas nada muda. É o clássico trocar seis por meia dúzia. Economistas que atuam no mercado financeiro avaliam que a troca não deve mudar a política de preços da estatal.
Esta é a segunda troca na presidência da Petrobras em um ano, tendo como causa o preço dos combustíveis. Silva e Luna é apenas o bode expiatório que Bolsonaro precisava para se desresponsabilizar da alta dos combustíveis e ofuscar a crise de corrupção no Ministério da Educação. A troca no comando da estatal foi anunciada no mesmo dia em que mais um ministro da Educação deixava a pasta.
Ferrenho defensor da dolarização dos preços dos combustíveis, Pires é conhecido pelas críticas à política de controle de preços durante o governo de Dilma Rousseff. Para ele, qualquer tentativa de rediscutir a política de paridade internacional de preços é populista.
Em uma de suas últimas entrevistas, em fevereiro, quando o barril de petróleo alcançou os U$ 100, o consultor afirmou que, apesar de gerar inflação, a alta era boa para o Brasil. “Eu quero que o petróleo vá a US$ 200”, disse. Alinhado ao seu chefe, Pires despreza a população mais pobre, mais impactada pelos efeitos da inflação.
É incontroverso que os combustíveis estão custando esse absurdo por causa da política de dolarização adotada pela Petrobras em 2016, depois do golpe contra a presidenta Dilma, que prejudica o povo brasileiro e beneficia os bolsos dos acionistas estrangeiros. Desde que assumiu a presidência, Bolsonaro vinha defendendo essa política de preços, enquanto jogava a culpa do aumento no ICMS dos estados, que permanece no mesmo patamar desde 2016. Não há como esconder: Bolsonaro é o responsável pelo aumento de 157% no preço da gasolina nas refinarias desde 2019, quando assumiu o poder.
Adriano Pires também já defendeu a privatização como a única solução definitiva para a Petrobras. É um risco colocar na presidência da estatal um verdadeiro entreguista. Como Lula já afirmou, o desmantelamento da Petrobras e sua gradativa privatização são os responsáveis pela atual crise de combustíveis.
Inflação alta, descontrole de preços, corrupção. Trocam-se pessoas, mas o maior dos problemas permanece. Nas mãos de Bolsonaro, o país vive uma crise por dia.
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