Num contexto de custo de vida alto, inflação descontrolada, desemprego e empobrecimento da população, com salários desvalorizados, um contingente cada vez maior de trabalhadores recorre à antecipação salarial para conseguir pagar as contas.
Segundo reportagem do jornal O Globo, o brasileiro já antecipa até 40% do salário, o que significa dizer que o orçamento do mês precisaria ser ao menos 40% maior para dar conta das despesas.
De acordo com a reportagem, a antecipação tem sido saída de muitas famílias para quitar dívidas com custo maior, pagar despesas emergenciais e gastos do mês como comida e escola dos filhos.
Crescimento de 200%
“Em geral, o serviço passa a ser oferecido a partir de pedidos dos próprios funcionários, que buscam uma forma de conseguir recursos para situações emergenciais de forma mais barata. Para muitos, a modalidade virou uma saída para chegar ao fim do mês”, diz o jornal.
Segundo o jornal, na fintech Creditas, empresa que oferece o serviço, no primeiro semestre de 2022 as solicitações de antecipação foram 200% maiores do que no mesmo período de 2021. Com base em pesquisa com os usuários, a empresa identificou que 63% dos trabalhadores com carteira assinada estão com ao menos 50% da renda comprometida com dívidas.
Renegociação
O ex-presidente Lula tem se manifestado com frequência sobre o contexto de custo de vida alto e endividamento da população brasileira. Em diferentes situações, ele já declarou ser necessário estimular a renegociação de dívidas, assim como aponta a redução da inflação, o combate à fome e a criação de empregos como soluções para melhoria da qualidade de vida da população.
Em entrevista recente, ele disse ser preciso reduzir juros e estimular a renegociação das dívidas, retirando os penduricalhos. “É preciso reduzir a política de juros e é preciso resolver o problema da dívida de 70 milhões de famílias brasileiras que estão endividadas nos cartões, algumas porque estão utilizando o cartão para comprar comida. Tem muitos penduricalhos nessa dívida. Então, é preciso afastar esses penduricalhos, para que a pessoa fique apenas com o principal”, declarou.
Nas diretrizes do plano de governo do movimento Vamos Juntos pelo Brasil, da chapa Lula-Alckmin, o endividamento e o desalento das famílias como consequência do processo de destruição do Brasil, que trouxe ainda fome, desemprego e inflação.
A diretriz 60 trata especificamente do tema e fala em renegociação das dívidas. “Vamos promover a renegociação das dívidas das famílias e das pequenas e médias empresas por meio dos bancos públicos e incentivos aos bancos privados para oferecer condições adequadas de negociação com os devedores”. A diretriz fala ainda em avanço na regulação e incentivo para ampliar oferta e reduzir o custo do crédito, ampliando a concorrência do sistema bancário.