Com os governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT, andar de avião deixou de ser um privilégio das classes ricas e o povo passou a ter acesso ao aeroporto. Já Bolsonaro trouxe os preços de aeroporto até o povo. Nesta semana, viralizou nas redes sociais o meme de que tudo no Brasil está tão caro que parece que vivemos em um aeroporto (notoriamente, os preços de produtos de aeroportos são muito elevados). A inflação disparou em 2021, e o brasileiro sente o o peso no bolso na hora de comprar alimentos, de pagar a conta de luz, de abastecer o carro ou de trocar o gás de cozinha.
O Brasil foi o país que registrou a maior elevação inflacionária em pontos percentuais dentro do grupo das 20 maiores economias do planeta. A inflação atualizada em maio de 2020 era de 1,9%; em maio de 2021, era de 8,1% – alta de 6,2 pontos percentuais. A inflação de julho, de acordo com dados do IBGE, foi a maior para o mês em 19 anos. O acumulado de 12 meses chegou a 8,99%, puxado pela alta de alimentos, combustíveis e energia. A prévia da inflação de agosto também é a maior desde 2002, e índice chega a 9,3% em 12 meses.
Mais grave ainda: a inflação para os mais pobres nos últimos 12 meses foi de 10%, mais de dois pontos percentuais maior do que para aqueles de alta renda, resultado do aumento dos alimentos, do gás de cozinha e de outros itens essenciais. Ao mesmo tempo, a renda média do trabalho caiu 11% entre o primeiro trimestre de 2020 e o primeiro trimestre de 2021 – na metade mais pobre a queda foi de 21%!
Dados do Boletim Focus divulgados nesta segunda-feira (23) estimam que a inflação oficial do país – medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) – termine o ano em 7,11%, segundo os cálculos de analistas do mercado financeiro divulgados pelo Banco Central.Essa é a vigésima semana consecutiva em que a projeção de inflação para 2021 tem alta. Esse é o fenômeno constante do governo Bolsonaro e de Paulo Guedes, seu fiel escudeiro do Posto Ipiranga.
Além disso, a expectativa dos analistas para o Brasil é de que a Selic chegue a 6,25% ou 6,5% no fim do ano. Se continuar a subir, o Brasil poderá ter a maior taxa de juro do mundo.
O aumento da inflação é um fenômeno generalizado, puxado pela pandemia do coronavírus. Mas enquanto outros países omam medidas para controlar a situação, nosso ministro da Economia nega o problema, e Bolsonaro diz que é possível resolvê-lo com “fé e crença”, mais uma vez se eximindo da responsabilidade.
Movimentos como esse pesam, no bolso da população mais pobre, que vê uma parcela maior do salário indo embora para pagar itens essenciais para a sobrevivência. Isso quando existe salário, já que vivemos uma onda de desemprego e mais de 570 mil mortos pela covid-19.
Nas redes, apesar da piada, as pessoas relembram dos bons anos dos governos Lula, em que o lugar do pobre era no aeroporto, mas para viajar. Hoje, não podemos viajar por causa da pandemia e o governo trouxe os aeroportos até nós, mas apenas na forma dos preços abusivos.