O governo de Jair Bolsonaro é marcado pela mentira – o presidente mente oficialmente 7 vezes por dia – e por escândalos que ele tenta esconder. De todos os segredos que Jair Bolsonaro pretende guardar pelos próximos cem anos, talvez um dos mais importantes seja o que está acontecendo com o orçamento público brasileiro. Inimigo da transparência, da democracia e da boa política, o presidente que não tem a menor ideia de como governar o país criou uma forma especial de tentar manter o Congresso a seu lado: o orçamento secreto. Não que tenha funcionado, já que ele é o chefe do Executivo que menos consegue aprovar projetos no Legislativo na História do Brasil.
Instrumentalizado por Jair, o orçamento secreto surge de emendas que já existiam com a finalidade de permitir ajustes ao Orçamento. Porém, nos últimos dois anos, virou uma verdadeira mina de dinheiro para aliados políticos dele e do centrão, concentrando valores gigantescos para tentar convencer parlamentares a votar de acordo com os interesses do governo.
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Desde o ano passado, o orçamento secreto ganhou uma finalidade extra, que é a de tentar barrar um eventual possível processo de impeachment por conta de todos os escândalos e ameaças democráticas que marcam a atual gestão. Como explica reportagem do Nexo, o esquema tem como objetivo também garantir um apoio necessário para barrar um processo de impeachment de Bolsonaro durante um período em que o presidente enfrenta alta rejeição e faz constantes ameaças à democracia.
Em homenagem ao presidente que mente sete vezes por dia, o Verdade na Rede elenca sete escândalos de corrupção que a milícia digital de Jair Bolsonaro tenta acobertar espalhando fake news.
Bolsolão do Tratoraço
O ano era 2021 e a relação de Bolsonaro com o Centrão já fluía de vento em popa. Ele já nem parecia o candidato que pregava romper com o “toma lá, dá cá” da “velha política” porque não era. Inclusive, levou essa modalidade a níveis profissionais. À época, parlamentares destinaram mais de R$ 271 milhões para compras de tratores a preços infladíssimos. Em alguns casos, o superfaturamento chegou a 259%. Mas calma, essa não é uma denúncia sobre o legado macabro de Ricardo Salles.
O flagrante do manejo sem controle de dinheiro público apareceu num conjunto de 101 ofícios enviados por deputados e senadores ao Ministério do Desenvolvimento Regional e órgãos vinculados para indicar como eles preferiam usar os recursos. Já nas cidades, os tratores eram usados muitas vezes em obras em estradas nas áreas rurais e vias urbanas e também nos projetos de cooperativas da agricultura familiar. Na hora da entrega, era só sorrir para as fotos e fazer pose de político que trabalha para o povo ao lado do trator.
+ Como denunciar mentiras e fake news do bolsonarismo
Bolsolão do MEC
Não é de hoje que a gente denuncia que a Educação foi negligenciada e transformada em balcão de negócios por esse governo em plena pandemia, quando as escolas passaram por um período difícil de adaptação e os alunos sofrem com o atraso causado pelas necessárias medidas de isolamento. A pasta, uma das mais importantes para o futuro do nosso país, já foi chefiada por cinco ministros, sendo que todos os anteriores foram afastados por escândalos.
O mais recente, Milton Ribeiro, foi exonerado dias depois de a Folha de S. Paulo revelar áudios em que o ele dizia priorizar prefeituras cujos pedidos de liberação de verbas fossem negociados por dois pastores sem cargo e que atuavam em um esquema informal dentro do MEC, como em um gabinete paralelo. Com acesso e influência, eles negociaram o pagamento de propinas (até em barras de ouro e contratos de compra de Bíblia!) com prefeitos em troca de facilitação no acesso às verbas federais.
O desmonte do MEC chegou a níveis tão absurdos que envolve até escolas que ainda não existem. Em resumo, não há dinheiro sequer para terminar 3,5 mil unidades em construção há anos. Ainda assim, o MEC autorizou a construção de 2 mil novas unidades em pleno ano eleitoral sem que haja qualquer previsão de conclusão das obras. A base do esquema é o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), controlado pelo chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, conforme revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo. O fundo precisaria ter R$ 5,9 bilhões para tocar todas as novas escolas contratadas. Com o orçamento atual, isso levaria 51 anos.
Pela lei, o governo precisa terminar obras inacabadas antes de autorizar novas – mas desde quando Jair obedece a legislação?
Bolsolão dos ônibus escolares
Não bastasse tudo isso, diretores do FNDE autorizaram licitação bilionária para a compra de ônibus escolares com preços inflados. Indicados por Valdemar da Costa Neto e Ciro Nogueira (presidente do PL, partido de Jair Bolsonaro, e ministro da Casa Civil, respectivamente), os diretores aceitaram pagar até R$ 480 mil por cada ônibus que deveria custar no máximo R$ 270,6 mil. O preço total pulou de R$ 1,3 bi para 2,04 bi, um aumento de até 55% ou R$ 732 milhões, segundo noticiou o Estadão.
Pego no pulo, mesmo após o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União pedir a suspensão do processo, o FNDE realizou o pregão com R$ 500 milhões a menos. O ônibus que seria vendido a R$ 438 mil passou, de uma hora para outra, a ser cotado por R$ 338 mil. Os preços estavam inflados a ponto de as empresas reduzirem o valor do contrato em MEIO BILHÃO. O TCU, porém, suspendeu o resultado para verificar os valores.
Bolsolão do Asfalto
Uma reportagem da Folha de S.Paulo trouxe à luz a mais recentes delas, que já ganhou o nome de Bolsolão do asfalto. Segundo o jornal, a empreiteira Engefort, de Imperatriz, no Maranhão, tem conquistado a maioria das concorrências de pavimentação do governo Bolsonaro em diferentes licitações nas quais participou sozinha ou na companhia de uma empresa de fachada registrada em nome do irmão de seus sócios.
Tudo, é claro, graças à farra do orçamento secreto: fonte de 70% dos recursos recebidos por ela até agora. No ano passado, a empresa foi a segunda construtora mais contratada pelo governo federal com dinheiro público, apesar de não ter comprovado no balanço o valor real das obras executadas, como apontou uma auditoria independente.
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E essa nem é a primeira vez que a população denuncia a péssima qualidade das obras de pavimentação neste governo, e começaram a vir à tona pouco depois da manobra. Na cidade de Petrolina, os moradores nem se atrevem a chamar aquilo de asfalto. Por lá, o nome é farofa ou Sonrisal. A qualidade é tão baixa que o pavimento derrete sob o sol quente (que não são poucos já que estamos falando de Pernambuco) e gruda na sola dos sapatos de quem anda por aí. Quando quebra em pedaços, se esfarela, daí os apelidos “carinhosos”.
Bolsolão do SUS
Além de ter a pior gestão da pandemia no mundo, Bolsonaro fez muito pouco durante o período para dinamizar a economia, mesmo por que não há disputa entre os dois temas, eles se complementam. Bolsonaro atrasou a compra de vacinas, divulgou, insistiu em tratamentos sem eficácia e boicotou o combate à pandemia de maneira geral. Não contente com tudo isso, entregou a aliados no Congresso o controle sobre recursos do SUS (Sistema Único de Saúde) usados para compras de ambulâncias, atendimentos médicos e construção de hospitais.
Em 2021, cerca de R$ 7,4 bilhões em emendas foram enviados a redutos eleitorais de caciques do centrão, sem que a distribuição de recursos respeitasse critérios técnicos. Os recursos são do FNS (Fundo Nacional de Saúde). Segundo o jornal O Globo, a quantia em emendas parlamentares que abastece o fundo cresceu 112% entre 2019 e 2021. Quase metade por meio do orçamento secreto.
Bolsolão do lixo
Nunca na história deste país um presidente foi tão afoito para comprar caminhões de lixo. Não por preocupação com o saneamento básico ou a saúde, mas para levar um a mais com os preços superfaturados e tentar ganhar votos especialmente em municípios menores. Segundo reportagem de O Estado de S. Paulo, estatais controladas por apadrinhados do centrão licitaram 1.048 veículos — um aumento de 500%. Dos R$ 381 milhões destinados para isso, há suspeita de superfaturamento em R$ 109 milhões.
Entre as empresas está a Codevasf, que já conhecemos do escândalo de asfalto, a Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste), e a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e a Codevasf. Na nova modalidade de despejar recursos do orçamento federal em compactadores de lixo, os movimentos são desconexos: veículos comprados com preços diferentes pelo mesmo órgão público no intervalo de apenas um mês; cidades que precisam de um caminhão e recebem dois, enquanto municípios sem padrinho político não recebem nenhum.
Bolsolão do Feriadão
Que o presidente Jair Bolsonaro não é muito chegado a pegar no batente, não é novidade. O negócio dele mesmo é motociata e andar de jet-ski, não por acaso o país encontra-se em total abandono. Um estudo chamado “Deixa o Homem Trabalhar” mostra que Bolsonaro cumpriu expediente médio de apenas 4,8 horas, 20% a menos do que um estagiário, desde que assumiu a presidência da República. Em 2022, foram apenas 3,6 horas de trabalho por dia.
Bolsonaro e sua família adoram um feriadão prolongado, pago pelo cartão corporativo. Foram R$ 4,2 milhões no cartão corporativo em apenas 35 dias. Nos 40 meses de mandato, foram R$ 38,4 milhões, o que equivale a R$ 32 mil por dia!
Bônus: Bolsolão do sem investigação, não tem corrupção
De todas essas, talvez a maior mentira já ouvida no Palácio do Planalto seja as de quando Jair Bolsonaro diz que no seu governo não tem corrupção. Também não tem investigação, já que afasta e exonera quem possa apurar. Até as denúncias são dificultadas, já que Jair impõe sigilo de 100 anos a documentos e dados públicos. É o casamento perfeito com as milícias digitais, que complementam o esquema sujo de fabricação de mentiras e fake news. Assim, tentam mudar o foco do que realmente importa e criar tanto barulho até que se esqueça que há sim, indícios de corrupção. Eles só foram varridos para debaixo do tapete.
Quando se sente acuado, Bolsonaro costuma aumentar a dose das fake news e exagerar no grotesco para criar cortinas de fumaça e desviar o assunto. A mesma cartilha é seguida por seu séquito, muitas vezes com dinheiro público. É de se pensar que Brasil nós teríamos agora se eles dispensassem o mesmo esforço da criação de mentiras para investigar e dar satisfações ao povo sobre todos esses escândalos.
E, se por trás de cada desinformação há um interesse político, por trás de cada número de Zap há uma pessoa que merece ser tratada com respeito, que tem de ter sua opinião política e inteligência respeitada para tomar as melhores decisões e posicionamentos em sua vida. Brigar na internet não é a solução, mas dialogar.
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