A volta da fome é uma realidade avassaladora no Brasil. Estudo inédito divulgado pela Unicef nesta quinta (16) aponta que 72% das famílias beneficiadas pelo Bolsa Família (aniquilado por Bolsonaro e substituído pelo Auxílio Brasil) passaram fome durante a pandemia da Covid-19. A pesquisa corrobora os dados do Ministério da Saúde que mostram que apenas 26% das crianças brasileiras de 2 a 9 anos fazem 3 refeições ao dia no Brasil de Bolsonaro.
No levantamento realizado pelo organismo internacional, intitulado Alimentação na Primeira Infância: conhecimentos, atitudes e práticas de beneficiários do Bolsa Família, 72% das famílias entrevistadas afirmaram que ao menos uma criança com idade de 0 a 5 anos e 11 meses que reside na casa deixou de fazer alguma refeição ou não comeu quantidade suficiente de comida porque não havia dinheiro para comprá-la.
A fome fez com que 35% das crianças de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família não ingerisse a quantidade necessária de ferro para a idade, e que 46% não tenha consumido vitamina A de maneira suficiente.
No mesmo sentido, os dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) do Ministério da Saúde apontam que apenas 26% das crianças brasileiras de 2 a 9 anos têm acesso a três refeições por dia. Em 2015, no governo de Dilma Rousseff, o índice era de 76%.
Também na quinta (16), milhares de famílias ocuparam supermercados em ao menos 10 capitais brasileiras em busca de alimentos, como forma de protestar contra a fome. As manifestações, batizadas de “Natal sem Fome”, ocorreram em diferentes redes de hipermercados nas cidades de Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Fortaleza, organizadas pelo MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas).
O combate à fome sempre foi uma obsessão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em seu discurso de posse, em 2003, Lula afirmou que, se conseguisse assegurar que todos os brasileiros pudessem tomar café da manhã, almoçar e jantar, teria cumprido a missão de sua vida. O Brasil saiu do Mapa da Fome da ONU em 2014, graças às políticas sociais implementadas pelos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff.
O Programa Bolsa Família foi uma das principais peças dessa engrenagem de políticas públicas que não apenas deu o peixe a quem tinha fome, mas também ensinou a pescar. O Bolsa Família foi um programa de distribuição de renda parte de uma engenharia ampla de combate à pobreza que levou o Brasil a ser reconhecido internacionalmente, replicado em cerca de 20 países, e tirou 36 milhões de pessoas da miséria.
Além disso, durante os governos de Lula e do PT, a política de valorização do salário mínimo foi um dos pilares das políticas sociais. De 2002 a 2015, o aumento real do salário mínimo (ou seja, acima da inflação do período) foi de 76,54%. Esse foi um dos principais fatores responsáveis por manter a economia aquecida durante a crise internacional iniciada em 2008 e pela inclusão social.
Lula transformou a valorização do salário mínimo em lei, fruto de construção conjunta com os movimentos sindicais. A lei garantia garantia o reajuste real do salário mínimo por meio de sua correção a partir da variação do PIB do ano anterior somada ao repasse da inflação do período.
Infelizmente, toda essa engenharia social foi completamente desmontada pelo golpe e pela gestão de Bolsonaro. Se o desemprego está nas alturas, os salários não sobem e os alimentos seguem cada dia mais caros, a fome é uma certeza.
Em 2021, um salário mínimo só consegue comprar 1,57 cestas básicas. A proporção é muito inferior àquela dos governos do PT. Em 2010, era possível comprar 2,31 cestas com um salário mínimo. Em 2014, um salário mínimo comprava 2,58 cestas.
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