Vida de Lula

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A Vale, então Vale do Rio Doce, é privatizada. Em leilão contestado na Justiça, o consórcio Brasil, liderado pela CSN, adquire o controle acionário da empresa por R$ 3,3 bilhões (ágio de 20% sobre o preço mínimo). Na oposição, Lula condena não apenas a privatização como também o preço pago por ela. Computando apenas no ano de 1999, a empresa teria um lucro de R$ 1,21 bilhões, equivalente a um terço de todo o dinheiro colocado na compra. A crítica à política privatizante conduzida por Fernando Henrique Cardoso torna-se um dos pilares do PT. Entre 1997 e 2002, seriam privatizadas 133 empresas estatais brasileiras, segundo dados do IBGE. A opção por privatizar empresas estatais vem na esteira do Consenso de Washington, espécie de receituário neoliberal adotado pelo FMI e recomendado aos países em desenvolvimento, que tinha a privatização como um de seus dez pilares. Lula também condena a criação do Proer, programa de ajuda a bancos e instituições financeiras que entraram em crise com a estabilidade da moeda (a maioria dependia da inflação para ganhar dinheiro). Entre 1995 e 2000, foram alocados cerca de R$ 30 bilhões em dinheiro público nas linhas de financiamento criadas pelo governo para salvar bancos em falência, como o Nacional, o Econômico e o Bamerindus, e evitar um pretenso colapso do sistema financeiro. Fusões e privatizações de bancos estaduais, muitos com graves problemas contábeis, foram estimuladas pelo programa.