O “caso” Marcos Valério e PCC: notícia velha, falsa e vazada ilegalmente

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Tem coisas que não é preciso ser adivinho para saber. Quer apostar que a família Bolsonaro, seus papagaios espalhadores de fake e todos os canais de extrema-direita no YouTube vão ficar obcecados com o “caso” Marcos Valério e PCC? Aposta ganha. Mesmo se tratando de acusações antigas, já amplamente investigadas e já formalmente descartadas pela polícia (Marcos Valério foi condenado), todo esse auê se tornou possível graças à “ajudinha” desonesta da revista Veja, ao vazar ilegalmente um conteúdo velho e já exaurido pela própria polícia. Por quê? Para ajudar quem?

É sabido que Bolsonaro esperava estar em posição mais confortável nas pesquisas de intenção de voto. Não está. Por mais que ele se esforce em esconder, o povo sabe que Bolsonaro negou vacina, oxigênio e “benefícios” sociais por 3,5 anos. E ninguém é bobo de reeleger o motociateiro que afundou o país em fome, inflação, desemprego e morte.

O bolsonarismo também sabe disso e, em busca de uma “salvação”, ganhou de presente essa fake news do estilo máquina do tempo (aquela que trata assuntos encerrados como novidade). Como já estamos vendo, eles vão dar palco, esticar o chiclete, repercutir, forçar a barra falando de PCC, enfim: vão espernear sem parar. É o retrato do desespero.

Além disso, é desonestidade e quem promove essa nova onda de desinformação tem de ser responsabilizado. O PT divulgou uma nota em que “coloca a bola no chão”, desmontando a “delação” e expondo, passo a passo, como essa história começou, por que ela voltou e quem são os responsáveis por mais este ataque à verdade e à democracia.

A nota é assinada por Gleisi Hoffmann (presidente nacional do PT), Paulo Teixeira (secretário-geral) e Reginaldo Loper (líder do PT na Câmara). 

Destacamos a alguns trechos: 

“A partir de um vazamento ilegal e parcial de depoimento mentiroso do condenado Marcos Valério, tentam associar o partido a um crime cometido 20 anos atrás, que foi investigado em pelo menos seis inquéritos e ações judiciais, inclusive a Lava Jato; e em todos foi derrubada a falsa tese que os bolsonaristas e a Veja voltam a levantar”

“Os fatos sobre o assassinato do saudoso prefeito de Santo André, Celso Daniel, em janeiro de 2002 foram estabelecidos primeiramente em três investigações: da Polícia Federal, do Ministério Público do Estado de São Paulo e da Polícia Civil de São Paulo. Todos concluíram que Celso Daniel foi vítima de criminosos que o sequestraram para roubar, descartando todas as outras hipóteses levantadas por adversários políticos do PT que nunca se conformaram com a verdade e ainda exploram morbidamente a memória do prefeito”

“Dez anos depois, diante das pesadas penas a que seria condenado no Mensalão, Marcos Valério disse que teria ouvido dizer uma história – jamais confirmada ou corroborada por ninguém – sobre suposta chantagem de um empresário de Santo André contra dirigentes do PT, envolvendo a morte de Celso Daniel. A falsa denúncia foi objeto de inquéritos da Polícia Federal e da Polícia Civil de Minas Gerais, arquivados por falta de provas, além de ter sido descartada em ações da Justiça Federal de Curitiba e do TRF-4, na Operação Carbono 14, que a Lava Jato lançou em 2016, em plena agitação pelo golpe do impeachment”

“Fracassadas todas as tentativas de associar o PT ao crime, Marcos Valério tentou fazer acordos de delação premiada, rejeitados pelo Ministério Público de Minas Gerais e até pelos procuradores da Lava Jato, mas em 2017 prestou depoimento à Polícia Federal em Minas Gerais, no qual teria feito acusações a políticos de outros partidos – de acordo com a imprensa da época, sobre o chamado “mensalão mineiro do PSDB” e sobre desvios na estatal Furnas”

“Em 24 de setembro de 2018, decidindo sobre a Petição 7157 ao Supremo Tribunal Federal, o então ministro Celso de Melo homologou – apenas parcialmente – a delação de Marcos Valério à PF de Minas. Embora o ministro tenha imposto segredo de Justiça ao processo, a decisão foi vazada para a Rede Globo e divulgada no Jornal Nacional em 4 de outubro, véspera das eleições presidenciais e dia do último debate entre candidatos, com óbvio prejuízo para a campanha do PT.”

O caso não teve desdobramentos conhecidos nos últimos 4 anos, a não ser o fato de que, com a aposentadoria de Celso de Melo, a Petição 7157 foi herdada pelo ministro Kassio Nunes Marques.”

“Na última semana de junho, no entanto, o site do STF registrou a entrada de duas novas petições e intenso trânsito dos autos da Petição 7157 entre o STF e a Procuradoria Geral da República. Foi exatamente ao final desse trânsito, na sexta-feira, 1º. de julho, que a revista Veja divulgou os trechos selecionados e vazados ilegalmente do depoimento sigiloso de Marcos Valério.”

“O Partido dos Trabalhadores está, naturalmente, ultimando as medidas judiciais cabíveis perante a revista Veja, reincidente em ofensas à imagem do partido e seus dirigentes. É uma conduta que se agrava durante processos eleitorais, mas que não é imune à Justiça, lembrando por exemplo que, na campanha de 2010, a revista foi condenada a publicar direito de resposta do PT a suas mentiras, em decisão histórica do Tribunal Superior Eleitoral.”

“O PT indaga ao Supremo Tribunal Federal e à Procuradoria Geral da República que providências foram tomadas para apurar as responsabilidades pelo vazamento ilegal de peças de um processo sob segredo de Justiça, que transitou entre as duas instituições na semana em que foi divulgado”

“Por fim, alertamos a sociedade brasileira, os meios de comunicação não comprometidos com o bolsonarismo e a Justiça Eleitoral para os riscos que manipulações dessa espécie representam para a lisura das eleições e a própria democracia em nosso país. Já tivemos, em 2018, uma eleição contaminada pela mentira, que resultou no pior governo da história do Brasil. Não podemos permitir que isso se repita.”