Bolsonaro inspira jogo que prega chacina de mulheres, negros e LGBTI+

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A campanha de difamação e incitação ao ódio propagada pelos apoiadores de Jair Bolsonaro ganhou um novo capítulo com o lançamento de um jogo cujo objetivo é matar LGBTI+, mulheres, negros e integrantes de movimentos sociais.

Esse é o objetivo de Bolsomito 2k18, em que o usuário se coloca na pele do candidato à presidência para, nas palavras dos desenvolvedores, matar inimigos.

“Esteja preparado para enfrentar os mais diferentes tipos de inimigos que pretendem instaurar uma ditadura ideológica criminosa no país”, diz a descrição do jogo.

De forma violenta, os trailers mostram o personagem inspirado no candidato agredindo a socos seus rivais, que vão de petistas a políticos com viés de esquerda. Além de ganhar pontos, os alvos do “Bolsomito” viram um emoji de fezes.

Longe de ser brincadeira, como tentam fazer crer as dezenas de avaliações positivas do game, o roteiro do jogo é uma incitação ao crime contra populações que são estatisticamente vítimas de crime de ódio e que têm visto um aumento preocupante nas incidências desse tipo de crime desde o golpe de Temer, governo que tem forte apoio do PSL de Bolsonaro.

O aumento da intolerância tem impactos reais: apenas no ano passado, 445 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais foram mortos vítimas de crimes motivados por homofobia, segundo o Grupo Gay da Bahia. O número representa uma vítima a cada 19 horas, e é o maior desde que o monitoramento anual começou a ser elaborado pela entidade há 38 anos.

Segundo o Atlas da Violência 2018, mais de 4,6 mil mulheres foram assassinadas no Brasil, uma taxa que é 71% maior entre as mulheres negras. Segundo o mesmo estudo, a taxa de homicídios de negros foi duas vezes e meia superior à de não negros (16,0% contra 40,2%).