Bolsonaro segue atacando as eleições, mas partido do presidente não aparece para teste de segurança das urnas

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O Partido Liberal (PL), partido do presidente Jair Bolsonaro, ignorou, até o momento, o teste de código de urnas eletrônicas. Desde 4 de outubro do ano passado, o código-fonte da urna eletrônica está disponível para análise, mas a sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não recebeu a visita de representantes do partido de Valdemar da Costa Neto para inspeção. As Forçar Armadas, que integram o rol de quem pode atuar na fiscalização, também não compareceram ao TSE para inspecionar o código-fonte.

O desinteresse comprova que o presidente e os militares nunca estiveram preocupados com a segurança das urnas. O objetivo segue sendo atacar a democracia, colocando dúvida sob o processo eleitoral.

Reportagem da Folha de S.P. revela que a única visita do PL ao TSE para acompanhamento dos sistemas ocorreu em 9 de dezembro, quando três representantes do partido estiveram no tribunal por cerca de três horas e assistiram a apresentações sobre o processo eleitoral e os principais sistemas utilizados, bem como sobre o funcionamento da urna e seus dispositivos de segurança.

É curiosa também a indiferença, até o momento, de representantes das Forças Armadas nessa fase de inspeção das urnas, tendo em vista, especialmente, que,  o Exército teria identificado “dezenas de vulnerabilidades” no processo eleitoral, segundo o próprio presidente afirmou em uma de suas mentirosas lives.

O partido do presidente também não participou do Teste Público de Segurança, em que hackers e especialistas tentam encontrar vulnerabilidades das urnas eletrônicas para posterior correção. Após os testes, em 30 de maio, o TSE apresentou relatório final da Comissão Avaliadora do Teste Público de Segurança do Sistema Eletrônico de Votação (TPS), que validou a confiabilidade das urnas eletrônicas.

Ataques à democracia

Sem apresentar provas, Bolsonaro alega que o modelo de votação não é confiável e que houve fraudes na votação de 2018, que o elegeu. À medida em que se aproxima a data da votação, se avolumam os ataques à urna.

Em maio, a internet brasileira bateu novo pico de menções às “urnas eletrônicas” . Ferramentas de monitoramento de redes sociais identificaram 583 mil interações envolvendo o equipamento de votação. A alta ocorreu após o presidente Jair Bolsonaro disseminar fake news sobre o processo eleitoral brasileiro. Bolsonaro prometeu ficar de olho nas urnas, em 28 de janeiro e disse que o Exército havia encontrado falhas nos equipamentos, em 10 de fevereiro.

O desprezo de Jair Bolsonaro pela democracia é uma de suas mais fortes características. Acuado pelos resultados de sua péssima gestão, a tática é reforçar os ataques à democracia.

O Verdade na Rede já denunciou que, com o gabinete do ódio à frente da milícia digital bolsonarista para promover ataques à democracia e ao processo eleitoral, houve um aumento de 440% no volume de fake news envolvendo as eleições, o Supremo Tribunal Federal (STF), o TSE e seus ministros. 

O voto “impresso e auditável” é uma das bandeiras do bolsonarismo. Em agosto do ano passado, a PEC que tratava do assunto foi derrubada pela Câmara dos Deputados. Ao mesmo tempo, Bolsonaro é contra a fatura do cartão corporativo “impressa e auditável”, impondo sigilo de 100 anos a uma série de ações e despesas milionários do governo.

Quem coloca em xeque a confiabilidade do sistema eleitoral afronta a democracia e o estado democrático de direito.