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Bolsonaro trata corrupção como assunto de família e faz ataque machista a jornalista

Se tem uma coisa que Jair Bolsonaro odeia é ser investigado pelas incontáveis denúncias de corrupção que rondam sua família. A segunda coisa que o presidente mais detesta são as mulheres. Quando uma jornalista perguntou a ele sobre como sua família comprou 51 imóveis em dinheiro vivo, o covarde não respondeu e, para fugir, partiu para o ataque machista.

Nesta terça (6), o presidente expôs e atacou a vida pessoal da jornalista Amanda Klein durante uma entrevista ao vivo no canal da Jovem Pan. A repórter fazia o seu trabalho e questionou o que todos querem saber: de onde saiu o dinheiro? Como isso se explica no país que Jair deixou miserável e endividado, onde o FGTS, em vez de comprar casa, mal paga o supermercado? No Brasil de 2022, quem tem dinheiro vivo para comprar imóveis?

Jair não respondeu, como nunca responde. Em vez disso, partiu para os ataques sociais falando sobre o marido da jornalista e falando sobre sua vida conjugal. “A minha vida particular está em pauta por quê?”, perguntou. “Porque o senhor é uma pessoa pública, o senhor é o Presidente da República”, rebateu Amanda.

A pergunta da jornalista foi a seguinte: “É importante enfatizar que isso acontece no contexto de investigação da prática de “rachadinha” nos gabinetes de dois dos seus filhos, o vereador Carlos e o senador Flávio Bolsonaro. O senhor também é suspeito de ter mantido funcionários fantasmas quando era deputado federal em Brasília. O seu filho Flávio negociou 20 imóveis nos últimos 16 anos, sendo que o último deles foi uma mansão de R$ 6 milhões em Brasília. Sua ex-mulher Ana Cristina Siqueira Valle mora em outra mansão, avaliada em R$ 3 milhões, em bairro nobre em Brasília, com seu filho Jair Renan, e ela é investigada por ter supostamente usado um laranja para adquirir esse imóvel. É importante esclarecer qual origem desses recursos, presidente”. Em resumo, é tudo que o Brasil mais quer saber!

Só que, com isso, ela tocou em um calo dolorido do presidente que não trabalha, que é prestar contas sobre o pouco que faz para a sociedade. O Capitão Censura só diz que não tem corrupção no seu governo porque não deixa ninguém investigar. Ou afasta o responsável pela apuração, ou impõe um sigilo de cem anos sobre informações de interesse público. Nesse caso, ele não poderia fazer nenhum dos dois, então lançou mão de seu machismo cotidiano.

Chamou Amanda de leviana e tentou desqualificar sua atividade profissional ao trazer à tona seu casamento, como se ela tivesse de responder pelo marido. “Amanda, você é casada com uma pessoa que vota em mim. Não sei como é o teu convívio com ele na sua casa… […] Se pegar os bens do seu marido… Eu vou pedir, Amanda, respeitosamente, uma certidão do seu marido, no fórum, se por ventura ele tenha casas, imóveis, e quero ver, na escritura, quando ele comprou, se está escrito moeda corrente ou não. E aí, Amanda, vai estar escrito moeda corrente? Você vai falar o quê?”

Não bastasse ser machista, Bolsonaro também é mentiroso. O argumento falso de que houve um erro na reportagem do UOL que revelou a denúncia de corrupção foi usado pela milícia digital para criar uma cortina de fumaça. O gabinete do ódio, sem saber o que responder, disse que a reportagem estava errada e saiu disparando fake news. Como o Verdade na Rede não cansa de alertar, eles fazem de tudo e mais um pouco para não dar satisfação, prestar contas ou explicar os escândalos que mais preocupam a nação.

É uma situação que lembra o que ocorreu em junho do ano passado, quando uma jornalista da CNN perguntou ao presidente sobre o atraso nas compras de vacinas e as suspeitas de corrupção no caso Covaxin. Mais uma vez, Jair não respondeu e apelou para a agressão, chamando as perguntas de “idiotas e ridículas”. Ou, na mesma época, quando gritou com uma repórter da Globo que questionou sobre o uso de máscaras na pandemia. Ele a chamou de canalha.

Acuado, presidente machista ataca mulheres jornalistas

A verdade é que Bolsonaro não gosta nem respeita as mulheres. Ao longo de sua vida pública, ele sempre se achou no direito de interromper, mandar calar a boca e agredir jornalistas, especialmente as mulheres.

Um mapeamento feito pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) mostra no ano passado um aumento de 79% nos ataques contra mulheres jornalistas. Ao todo, foram 119 ocorrências desse tipo —o que corresponde, em média, a um episódio de violência a cada três dias.

Outra pesquisa, essa divulgada elas organizações Gênero e Número e Repórteres Sem Fronteiras, aponta que 42% das jornalistas mulheres e/ou LGBTs foram vítimas de violência no exercício da profissão. Das entrevistadas, 85% se viram obrigadas a mudar o comportamento nas redes sociais como forma de se protegerem de ataques.

Um dos casos mais simbólicos desse comportamento que ameaça também a liberdade de imprensa acabou em condenação. O Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu que Jair Bolsonaro deveria indenizar a repórter Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo, por ter mentido que a jornalista ofereceu relações sexuais em troca de informações para uma reportagem.

Quando foi ao Jornal Nacional, novo episódio do machista da Nação. O presidente não conseguia sequer ouvir as perguntas da jornalista Renata Vasconcellos sem interrompê-la. Isso quando a escutava. Com dedo em riste, ergueu a voz e tentou distorcer a pergunta, numa estratégia de tentar fazê-la cair em contradição.

E, de novo, no debate da Band. Acuado por uma série de denúncias e ataques, o presidente covarde resolveu descontar sua agressividade justamente em uma jornalista mulher: Vera Magalhães, que compunha a bancada de entrevistadores.

Em 2019, Bolsonaro já havia dito que Miriam Leitão, comentarista da Globo, mentiu ao dizer que foi torturada durante a ditadura militar. A jornalista é um dos alvos preferenciais dos ataques machistas do gabinete do ódio. O mesmo grupo que atacou Constança Rezende por investigar o caso Queiroz, o pivô das denúncias contra o filho 01.

Bolsonaro destruiu políticas para mulheres

O problema não é só o que Bolsonaro fala, mas o que não faz. O orçamento de combate à violência de gênero despencou ao menor patamar na gestão do atual presidente. Enquanto isso, como define o Boletim de Políticas Sociais do Ipea (Instituo de Pesquisa Econômica Aplicada), desde 2019 instituiu-se um “movimento de desmonte” de políticas públicas para as brasileiras.

Somam-se ao desastre econômico, ao desmonte de programas e a completa ausência de políticas públicas que cuidem de mulheres. O orçamento de combate à violência de gênero despencou ao menor patamar na gestão do atual presidente. O resultado? Em 2021, registrou-se um estupro a cada 10 minutos e um feminicídio a cada 7 horas, mostra o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Neste ano, só no Rio de Janeiro, a Polícia Militar atendeu em média 7 ocorrências por hora de casos de violência contra a mulher.

Bolsonaro ele fechou a Secretaria de Políticas para as Mulheres criada por Luiz Inácio Lula da Silva em 2003, tirou todo o recurso das Casas da Mulher Brasileira, implantadas por Dilma Rousseff, tentou vetar lei que previa distribuição de absorventes e segue sendo violento com jornalistas mulheres sem o menor pudor.

Na vida pessoal, seu histórico de agressões também é longo. O comportamento agressivo e ameaçador de Bolsonaro vem de muito tempo, e incluem ameaças, xingamentos e até murro. Agora, às vésperas da eleição, em busca do eleitorado feminino, o presidente tenta limpar sua imagem e colocou até a primeira dama Michelle para mentir por ele. Não vai funcionar: ninguém se esquece de que ele não gosta de mulher.

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