Demissões no Facebook, incerteza no Twitter. Como as plataformas vão combater as mentiras?

Demissões no Facebook, incerteza no Twitter. Fica a pergunta: como as plataformas digitais irão combater a mentira em seus ambientes?

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Depois de prometerem mais do que entregaram no combate à mentira durante a campanha eleitoral deste ano, as principais plataformas digitais agora enfrentam demissões e riscos de perder identidade. De um lado, demissões em massa na Meta, empresa que agrega Facebook, Instagram e Whatsapp. Do outro, muitas incertezas sobre o futuro do Twitter.

No meio, diante da aparente crise das Big Techs, a sociedade brasileira (e mundial) fica sem saber se haverá recursos, equipes ou mesmo vontade institucional para seguir combatendo mentiras e a disseminação de desinformação nos ambientes digitais. O que isso pode significar para quem está lutando pela verdade e defendendo a democracia? Preocupação.

demissões no facebook

Aqui no Verdade na Rede nós monitoramos e recebemos milhares de denúncias de fake news de usuários e voluntários. Essas denúncias foram encaminhadas aos advogamos da campanha e resultaram em dezenas de ações vitoriosas contra os mentirosos. Isso é muito importante, embora insuficiente, porque o uso de fake news cresceu no 2º turno, com “desinformação mais complexa e sofisticada”, como avalia a pesquisadora Marie Santini, do NetLab, da UFRJ. 

No Facebook, demissões. No Twitter, incertezas. Como ficará o combate às fake news?

O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, anunciou esta semana a demissão de 11 mil pessoas no mundo todo, o que corresponde a 13% do total de funcionários da empresa e a maior baixa no efetivo da companhia desde a sua fundação, em 2004. O motivo da demissão é financeiro, já que as ações da Meta caíram mais de 70% neste ano, após o Facebook reportar a primeira queda em usuários ativos diários em 18 anos, um reflexo da queda de popularidade da rede social entre os mais jovens, que estão no TikTok.

No Twitter, por sua vez, depois de Elon Musk ameaçar, anunciar, desdenhar e depois efetivamente comprar a plataforma, o início da gestão do bilionário nesta rede social tem sido alvo de críticas por especialistas. Um problema é a falta de clareza sobre como a empresa será administrada a partir de agora e, também, sobre os planos do bilionário para moderação de conteúdo (Musk não acredita muito nisso) e o combate às contas falsas (Musk também não está muito afim disso). Outro, as confusas demissões, já que parte das pessoas demitidas foram convidadas a voltar, o que demonstra despreparo.

As demissões no Facebook e no Twitter são apenas parte dessa crise. Ao Estadão Conteúdo, o analista José Roberto de Toledo disse que este é “um cenário, talvez, da primeira grande crise envolvendo as big techs, por conta de um modelo de negócios que aparentemente está chegando no limite, que é um modelo baseado em publicidade.”

O Brasil acaba de vencer uma batalha gigantesca contra a máquina de mentiras do bolsonarismo. Durante as eleições, as plataformas digitais lucraram com a mentira que tinham prometido combater. De um lado, divulgavam iniciativas para combater a disseminação de desinformação, ameaças e discurso de ódio. Até existiram, mas foram insuficientes. Do outro lado, as mesmas plataformas aceitavam anúncios golpistas e favoreciam claramente conteúdos mentirosos.

A eleição de Lula aconteceu porque ele é uma liderança inequívoca no coração do povo brasileiro. Lula venceu APESAR disso tudo e sua vitória é imensa para o país e a democracia brasileira. A máquina de desinformação bolsonarista, porém, segue ativa e assistimos com preocupação os movimentos recentes das plataformas. Estivemos sempre ao lado da verdade e permaneceremos alertas. O Brasil precisa ser reconstruído com base na verdade e a democratização da comunicação é um dos caminhos para que isso ocorra.