Em São Paulo, Lula relembra greves e diz que direitos trabalhistas não caem do céu

Compartilhar:

Em um rápido pronunciamento durante o evento Sindimais, em São Paulo, na tarde de hoje, 12, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva relembrou a primeira greve da qual participou, aos 17 anos, e afirmou que nenhum direito dos trabalhadores cai do céu. Segundo ele, é preciso luta e que o Estado forneça as condições para que negociações possam ser feitas em pé de igualdade.

“Este jovem aqui que vos fala participou de sua primeira greve em 1962, aos 17 anos. Fiz minha primeira greve para a gente ganhar o décimo terceiro salário. Se a gente não conta essas histórias, as pessoas acham que veio de Deus. Não tem nada que não tenha sido conquista: o salário mínimo foi uma conquista, o pagamento do adicional de hora extra foi uma conquista, a estabilidade da mulher gestante foi uma conquista. Não tem nada que foi dado de graça, tudo custou o suor e o sangue dos trabalhadores”, declarou.

Lula relembrou que, em seus mandatos, formou comissões de negociação que colocavam na mesa empresários representados pela CNI, trabalhadores representados pelas centrais sindicais e o governo. O resultado, segundo ele, “90% dos acordos salariais fechados no meu governo eram com aumento real de salário, hoje apenas 15%, a maioria fecha no percentual da inflação ou abaixo”.

O ex-presidente afirmou que era favorável a mudanças na CLT, para tornar a legislação mais moderna e adaptada ao atual mundo do trabalho. O que foi feito durante os governos Temer, que promoveu a reforma trabalhista, e Bolsonaro, com a reforma da Previdência, foi destruir os direitos dos trabalhadores, ressaltou.

“Eu não sou daqueles que defendem a CLT tal como ela estava. Eu acho que era preciso adaptar, fazer algumas mudanças para que a gente pudesse adaptá-la ao atual mercado de trabalho. Mas era preciso que a gente tivesse o mínimo garantido para que os sindicatos pudessem fazer o seu máximo. A mentalidade de quem fez a reforma trabalhista e a reforma da Previdência é uma mentalidade escravocrata, de quem acha que o sindicato não tem que ter força, não tem que ter representatividade”, criticou Lula. 

Exemplos de culturas sindicalistas mais fortes podem ser encontrados em algumas das principais economias do mundo, relembrou. “No mundo desenvolvido, onde tem a economia forte, seja nos países nórdicos, na Europa ou no Japão, você tem sindicatos fortes. Tem que ter desenvolvimento, tem que ter investimento”, destacou o ex-presidente.