Enquanto 33 milhões passam fome, Bolsonaro usa verba do Bolsa Família para despesas com militares

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Em meio à maior crise humanitária da história do país, o presidente Jair Bolsonaro, destinou R$ 375,9 milhões que deveriam ser utilizados por famílias de baixa renda para cobrir despesas com militares, que vão desde auxílio-moradia até sistema de lançamento de mísseis. O valor é o saldo remanescente do programa Bolsa Família, substituído pelo insuficiente Auxílio Brasil. Enquanto isso, 33 milhões de brasileiros passam fome, e 125 milhões de cidadãos estão em situação de insegurança alimentar.

Jair, além de desmontar o maior programa de transferência de renda do mundo, criado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que retirou 36 milhões de pessoas da miséria e revolucionou o país, se vale de dinheiro público que deveria ser utilizado para conter o avanço da pobreza para agradar a caserna.

Durante o período de Auxílio Emergencial, no auge da pandemia ,diversos beneficiários do Bolsa Família tiveram o pagamento do benefício suspenso para receber apenas o auxílio emergencial durante a pandemia. Isso fez com que houvesse uma “sobra” de recursos . Qualquer governo minimamente comprometido com o povo teria utilizado esse dinheiro para investir em programas sociais. Mas não o governo de Bolsonaro.

Uma manobra do Congresso Nacional foi responsável por flexibilizar o destino dessa verba, que antes, por acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU), só poderia bancar despesas com a pandemia ou com assistência social, a mesma função orçamentária anterior.

Desastre socioeconômico

Auxílio Brasil vem ampliando o desastre socioeconômico registrado nos últimos anos no Brasil. Com má gestão, verbas insuficientes e sem as parcerias estratégicas com os municípios, o programa deixa de atender milhões de famílias que precisam de ajuda para sobreviver. 

Em novembro de 2021, Bolsonaro acabou de vez com o Bolsa Família e começou a pagar a primeira parcela do Auxílio Brasil. Até então, 44 milhões de famílias recebiam alguma ajuda do governo. No mês seguinte, 14,5 milhões passaram a receber o Auxílio Brasil. O novo programa de Bolsonaro deixou mais de 29 milhões de famílias desamparadas.

Segundo o último levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), cerca de 2,78 milhões de famílias estão na fila para receber o benefício. Elas fazem parte da chamada demanda reprimida, ou seja, estão inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) e têm condições de receber o benefício, mas simplesmente não conseguem obtê-lo. O Ministério da Cidadania alega que são “apenas” 764 mil famílias.

O substituto do Bolsa Família nasceu com um caráter meramente eleitoreiro, sem fonte de financiamento e com data para acabar: fim de 2022. 

Aparelhamento e gastos escandalosos

Na gestão de Bolsonaro, houve um aumento de 122,7% no número de oficiais das Forças Armadas em cargos do Executivo. De 2.765, em 2018, o contingente passou para 6.157, em 2020.

Mas não foi só isso. Além de aparelhar o Estado, o presidente não poupou esforços para agradar os milicos.

Em abril, a imprensa divulgou a compra pelas Forças Armadas de mais de 35 mil comprimidos de Viagra. O general Hamilton Mourão, vice-presidente da República, comentou, sobre o caso: “Tem o velhinho aqui. Eu não posso usar o meu Viagra, pô?” Poder, até pode. Com dinheiro público, não.

Outros R$ 3,5 milhões foram gastos na compra de próteses penianas para o Exército, R$ 37 mil em lubrificante íntimo e R$ 546 mil para compra de toxina botulínica, o botox.

Mas a farra dos milicos com o erário não ficou apenas na aquisição dos “azulzinhos” e de itens questionáveis. As Forças Armadas, braço forte, mão amiga, ostentaram nas festinhas também.

Entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2022, e então ministro da Defesa, Walter Braga Netto, autorizou a compra de 557,8 mil quilos de filé mignon. Enquanto o povo amargava a fila do osso, os comandos da Marinha, da Aeronáutica e do Exército se fartavam de carne de primeira.

O dinheiro público também bancou 700 toneladas de picanha e 80 mil cervejas para os churrascos. Denúncia de parlamentares da oposição encaminhada ao procurador-Geral da República, Augusto Aras (alguém viu?), indica sobrepreço de até 60% do preço dos itens adquiridos.

Somam-se ao mal uso do dinheiro público as constantes ameaças das Forças Armadas ao processo eleitoral.

Bolsa família

Ao contrário de Bolsonaro, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o povo sempre esteve no centro do orçamento. As políticas de distribuição de renda dos governos petistas promoveram a maior redução da pobreza da história do Brasil. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que os governos de Lula e Dilma retiraram 36 milhões de brasileiros da extrema pobreza. Em 2014, o Brasil saiu do Mapa da Fome da Onu.

O programa de transferência de renda também fortalecia a economia local. Para cada R$ 1 investido no Programa, R$ 1,78 retornavam para a economia.