Projeções no palco e em paredes do auditório Simón Bolívar, no Memorial da América Latina, reproduziam imagens das muitas viagens da política externa que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez pelo mundo nos oito anos de governo.
De tão representativas e diversas, as quase 800 fotografias, que reproduzem andanças por todos os continentes, parecem cobrir um período muito maior do que os quase três mil dias dos dois mandatos a que se referem.
Elas são um registro histórico de um período fundamental em que o Brasil foi protagonista internacional e adotou políticas que viraram referência em todo o mundo. E agora compõem o livro digital “O Brasil no mundo – 8 anos do Governo Lula”, com registros de Ricardo Stuckert, fotógrafo oficial da Presidência naquele período e que segue acompanhando Lula, desde a saída do governo. Pesquisa e edição de texto foram feitas por Daisy Barretta.
Antes do início do evento, ex-ministros e personalidades presentes no lançamento do livro na noite da segunda-feira (22) destacaram a importância de Lula para colocar o Brasil em posição de destaque no mundo e fazer uma gestão que internacionalmente também teve olhar inclusivo, com atenção especial para os países da América Latina e África.
O chanceler Celso Amorim, que teve papel fundamental nesse processo, falou da inserção do Brasil no mundo, mas resumiu o período como o principal de sua trajetória na diplomacia. “Tenho 60 anos de diplomacia, o ponto alto foi ser ministro do ex-presidente Lula.”
Continente africano
O ex-ministro Edson Santos mencionou a projeção do Brasil no cenário global, mas destacou especialmente o olhar para os países mais necessitados, especialmente do continente africano. “Sou testemunha de que essa aproximação foi importante para os dois lados. Todos ganharam.”
O ex-ministro Alexandre Padilha também lembrou que a política internacional dos governos Lula colocou o enfrentamento da fome e a proteção ambiental no centro da agenda internacional. “Foi o primeiro presidente a colocar o enfrentamento da fome como questão global. E isso para ele foi uma experiência de vida, alguém que escapou da fome, que saiu do Nordeste, que foi operário.”
José Graziano da Silva, um dos criadores do programa Fome Zero, disse ser fruto do sucesso da política internacional do governo Lula, sendo eleito para a direção geral da FAO, ao mesmo tempo em que outro brasileiro, Roberto Azevêdo, chegou à liderança da OMC.
“Nunca o Brasil tinha tido dois postos desse nível simultaneamente. Fui eleito pelo sucesso do combate à fome”, disse, lembrando que políticas desse período, como o próprio Fome Zero e o Bolsa Família foram reproduzidos em outros países e viraram referências para organismos internacionais.
Na plateia, a filósofa Djamila Ribeiro também lembrou um país economicamente mais forte e com políticas que foram exemplos para outros países, no período Lula. “O Brasil era mais forte e soberano.”
Frei Beto destacou a criação dos Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e o fortalecimento dos blocos regionais como Mercosul, Unasul e Celac, no resgate da interação latino-americana, para impedir que o Brasil seja quintal da Casa Branca.
Confiante na vitória em outubro, o ex-ministro Juca Ferreira disse que Lula vai ganhar importância internacional ainda maior, em um novo governo, para a construção de um ambiente de paz no mundo. “Pressinto que ele vai ganhar importância excepcional. Lula vai arregimentar essa discussão para construção da paz.”