Gás de cozinha onera muito renda dos mais pobres

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A cada dia um dado novo confirma o momento caótico do Brasil e a enorme dificuldade que o trabalhador, especialmente o mais pobre, tem para sobreviver. Pesquisa do Instituto Pólis mostra que o gasto com o botijão de gás de cozinha de 13 quilos compromete até 11% da renda das famílias mais pobres da capital paulista.

A partir de coleta de preços em 337 pontos de revenda da cidade, a pesquisa, divulgada hoje na coluna Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo, constata também que são mais afetadas as famílias lideradas por mulheres, com renda de até um salário mínimo e aquelas que vivem em regiões com percentual de negros acima da média municipal (37%).

O preço variou de R$ 100, no Jardim Vila Formosa, a R$ 145, na Vila Carrão. “O gás de cozinha mais caro de São Paulo abocanharia 24% da renda de uma família que vive com meio salário mínimo, e o mais barato, 16%, uma fatia expressiva”, diz a coluna, que destaca o fato de o preço não ser uniforme em toda cidade e constata ainda que “Embora os maiores preços estejam concentrados em áreas de maior poder aquisitivo —chegando a custar, em média, R$ 132,50—, nos dois quintos mais pobres da cidade de São Paulo o preço médio do gás de cozinha é de R$ 122,56.

Em declaração à reportagem, Danielle Klintowitz, coordenadora-geral do Instituto Pólis, disse: “A pesquisa mostra que a fonte de energia mais importante para a alimentação de famílias em domicílios urbanos é, desproporcionalmente, mais onerosa para a população em situação de maior vulnerabilidade”.

Essa triste realidade é uma preocupação constante do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em pronunciamentos públicos, Lula tem se mostrado indignado com os preços abusivos do gás de cozinha, assim como da gasolina e do óleo diesel, todos preços controlados pelo governo, que não faz nada para conter os reajustes sucessivos. Defensor de que os preços dos combustíveis sejam abrasileirados, o ex-presidente afirmou que o gás de cozinha deveria ser item da cesta básica, tamanha a relevância na rotina e no orçamento das famílias.

“Vamos abrasileirar os preços do gás, os preços do óleo diesel, os preços da gasolina, porque não tem sentido nesse país alguém pagar R$ 122,00 num botijão de 13 litros, gente cozinhando aqui em São Paulo, no Rio de Janeiro, no meio da rua com tijolo e lenha porque não tem dinheiro para comprar um botijão de gás. Durante todo o período que eu governei o Brasil nós não aumentamos o gás na Petrobras, o gás tem que ser considerado um bem da cesta básica. É isso que nós temos que fazer”.