Leia íntegra da entrevista de Lula à Rádio Banda B, de Curitiba (PR)

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Na terça, 15 de fevereiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu entrevista à Rádio Banda B, de Curitiba (PR). Confira abaixo a íntegra da conversa com a jornalista Denise Mello:

Denise Mello: Presidente, eu começo lhe perguntando sobre a sua relação com Curitiba. Se para o Brasil inteiro, a sua prisão teve um grande impacto, para nós aqui de Curitiba teve muito mais. Nossa rotina aqui, em especial, mudou durante 580 dias com a sua presença ali na sede da Polícia Federal, no bairro Santa Cândida, de um lado com vigílias, pedindo a sua libertação, e de outro, apoiadores da Operação Lava Jato. Aliás, foi o senhor que falou pela primeira vez a expressão República de Curitiba, numa conversa com a presidente Dilma, em 2016. Diante disso, presidente Lula, eu te pergunto: Qual é o seu sentimento em relação a Curitiba?

Luiz Inácio Lula da Silva: Olha, a minha relação com Curitiba sempre foi uma relação de profundo respeito e admiração pela cidade de Curitiba e pelo povo de Curitiba, onde sempre fui tratado com muita decência, com muita dignidade. Não foram poucas as vezes que eu fui ao Paraná, não foram poucas as vezes que eu fui a Curitiba; e eu não confundo o povo de Curitiba e Curitiba com o que aconteceu comigo em 2018.

O que aconteceu comigo em 2018 é que tinha uma pequena quadrilha montada dentro do Ministério Público, e tinha um juiz em Curitiba, que resolveram contar a maior mentira da história desse país. Contaram uma mentira, construíram uma mentira, compactuaram essa mentira com parte dos meios de comunicação, ou seja, foi a primeira vez na história do Brasil em que a Justiça, junto com a imprensa, combinaram o que fazer, como fazer e para que fazer.

E, quando eu fui para Curitiba, eu não precisaria ter ido para Curitiba, porque eu poderia ter ido para uma embaixada, eu poderia ter viajado o Brasil, poderia ter saído do Brasil. E quando eu tomei a atitude de ir para Curitiba, é porque eu tinha tanta convicção e tanta certeza de que eu ia provar a minha inocência, que ia provar a culpabilidade e a parcialidade do Moro e do Ministério Público, e eu fui aí e fiquei tranquilo.

Acho que eu fui incentivado de forma extraordinária por uma vigília, que é uma coisa que nunca tinha acontecido na história de nenhum preso político, de você ter um conjunto imenso de centenas e centenas de pessoas do Paraná e do Brasil inteiro. E muita gente de outros países, gritando bom dia, boa tarde, boa noite, presidente Lula, durante 580 dias, isso para mim foi um aprendizado de vida muito grande.

Denise: Sem dúvida nenhuma.

Lula: Então, minha relação com Curitiba é a relação de um cidadão brasileiro que respeita todas as cidades brasileiras e eu acho que Curitiba não tem nada a ver com o que aconteceu comigo, apenas foi o espaço físico onde o Moro trabalhava, onde ele resolveu contar mentiras, e por isso eu fui para Curitiba.

Denise: Bom, presidente, é importante para a gente nessa entrevista entender por que, depois de tudo que o senhor passou, aos 76 anos, existe o desejo de voltar a ser presidente da República pela terceira vez.

Lula: Olha, pelo simples fato de que o Brasil está destruído, Denise. Quando deixei a Presidência da República, esse país era a sexta economia do mundo. Esse país tinha dado 74% de aumento real para o salário mínimo, esse país tinha feito a maior política de inclusão social da história do Brasil. Nós tínhamos uma reserva internacional de 370 bilhões de dólares, coisa que nós nunca tínhamos tido.

Então, é pelo fato de consertar esse país, fazer com que o povo pobre volte ao orçamento da União, fazer com que a gente possa voltar a gerar emprego, e o povo possa voltar a comprar aquilo que é necessário para a sua sobrevivência, que eu ainda não me coloquei, mas estou disposto a me colocar à disposição de um partido e dos partidos aliados para ser presidente da República outra vez.

O Brasil está moribundo, o Brasil tem uma crise sanitária jamais vista na história do Brasil, o Brasil tem uma crise social onde nós tínhamos acabado com a fome. Tem 19 milhões de pessoas passando fome e mais 116 milhões de pessoas com problemas de segurança alimentar. Então, uma inflação de 10,5%, um desemprego muito alto, é por essas razões que eu pretendo voltar, porque é preciso alguém que tenha experiência, alguém que tenha maturidade para consertar o Brasil e fazer o Brasil voltar a crescer, gerar empregos, e gerar melhoria da qualidade de vida para o nosso povo.

Denise: Presidente, imaginando então que o senhor possa voltar, olhando um pouco para trás, como o senhor colocou aí a questão do governo do PT, o senhor foi por duas vezes presidente, elegeu a sua sucessora por duas vezes. Eu queria especificamente em relação às reformas, por que nesses 14 anos não foram feitas as reformas que o país tanto precisava, reforma tributária, administrativa, trabalhista? E o senhor tinha a maioria no Congresso, não é?

Lula: Denise, mas quem é que disse que o Brasil precisava das reformas? Quem disse isso era um setor empresarial que queria se desfazer do país inteiro como se desfizeram, no Paraná, da fábrica de fertilizantes, a FAFEN, a Usina de Xisto, querem vender a REPAR, isso não é reforma. Denise, é só olhar os números: em 2014, a Previdência Social era superavitária. Mas tem o problema da Previdência que, se você não tiver emprego, você não tem contribuinte; se você não tiver contribuinte, a Previdência vai ser deficitária.

Olha, a reforma, na verdade, que algumas pessoas desejam, é desmontar o Estado brasileiro. É o Estado brasileiro não valer nada, como eles estão fazendo agora com a Petrobras, como fizeram com a BR, como fizeram com os gasodutos, como fizeram com a fábrica de Xisto. Ou seja, o que nós precisamos ter em conta é a quem interessa essa reforma de Estado.

Eu nunca vi nenhum trabalhador brasileiro, nenhum, nenhum sindicalista brasileiro falar em reforma. Quem fala em reforma são os empresários e aqueles que querem comprar aquilo que representa os interesses do povo brasileiro, como uma empresa poderosa como a Petrobras, como a Eletrobras.
Então, minha cara, eu não fiz a reforma. Agora, você, Denise, sabe perfeitamente bem que nós mandamos duas propostas de reforma tributária para o Congresso Nacional. A última foi em setembro de 2010, em setembro de 2007, e essa reforma tributária foi aprovada na minha presença pelos 27 governadores de Estado, ela foi aprovada por 27 presidentes de federações empresariais, ela foi aprovada por todas as centrais sindicais e por todas as lideranças. Quando ela chegou no Congresso Nacional simplesmente ela não andou, porque alguém não quis que ela andasse, porque alguém hesitou que ela andasse.

Estou convencido de que nós precisamos ainda começar a discutir reforma tributária, eu não sei se uma reforma tributária completa ou a gente discutir tópico da reforma tributária. Eu, por exemplo, estou convencido de que uma das grandes soluções que o Brasil precisa hoje é a gente voltar a colocar o pobre no orçamento da União, no orçamento do município, no orçamento do estado e colocar o rico no imposto de renda, que é o que está faltando para que os ricos paguem sobre lucros e paguem sobre dividendos. Aí, quem sabe a gente vai arrecadar o suficiente para fazer as políticas públicas que o Brasil tanto necessita.

Denise: E falando em reforma, a reforma trabalhista, qual que é a sua intenção, presidente? Se o senhor vier novamente a ocupar o cargo, que mudança seria essa, essa mudança, que houve uma reforma trabalhista aprovada ali no Governo Temer, considerado pelo setor produtivo um avanço. Mas na sua opinião não é bem assim, não é?

Lula: Denise, não houve reforma trabalhista, Denise, o que houve foi uma destruição de tudo aquilo que a gente tinha conquistado desde os anos do Getúlio Vargas. E o que sobrou no lugar? Nada. Porque se criou a ideia de que o cidadão ia deixar de ter carteira profissional assinada, e o cidadão ia ser um microempreendedor, ele ia trabalhar com Uber no aplicativo, ele ia trabalhar entregando comida, ele ia trabalhar fazendo uma série de serviços. Acontece que essas pessoas estão descobrindo agora que eles ficaram escravos, porque trabalham, não têm direito a férias, não têm direito a seguridade social, não têm direito ao descanso semanal remunerado, se alguém da família ou a pessoa fica doente não tem nada que dê a ele o mínimo de sustentação.

Então, o que nós precisamos é voltar a discutir uma política trabalhista que dê ao trabalhador o direito dele ser tratado com decência, o direito dele ser respeitado, o direito da sua família ter acesso à saúde, o direito dele ter acesso a alguns benefícios, sobretudo quando ele está doente, quando ele sofre acidente, ou quando ele se aposenta. Isso acabou. Então, o que nós queremos é repor os direitos dos trabalhadores brasileiros.

Denise: Falando um pouquinho sobre as articulações políticas, eu estou conversando com o ex-presidente Lula, quando a gente briga com um vizinho presidente, a gente fica assim, brigou feio, ele ofendeu, a gente não quer mais saber de falar com ele, vira a cara. E aí para o cidadão comum às vezes fica difícil entender: mas em 2006 o Alckmin e o Lula trocaram muitas acusações. Agora, me parece, indo, trocando de partido, o Alckmin, tudo indica, 99%, que está fechado. Vai ser o seu vice mesmo o Geraldo Alckmin? E como explicar essa aliança, presidente?

Lula: Denise, primeiro o que é importante e a grande arte da política é você aprender a conviver democraticamente na adversidade. Eu não quero um vice igual a mim, eu não preciso de um vice do meu partido. Eu já dei demonstração disso em 2002, quando coloquei o José Alencar para ser o meu vice, um companheiro que pertencia ao PL, e um grande empresário. Veja, o problema do Brasil hoje não é ganhar as eleições apenas, é que você precisa ganhar e precisa consertar aquilo que foi destruído.

E você sabe, Denise, o que aconteceu nas universidades brasileiras você sabe o que aconteceu nos investimentos do setor de ciência e tecnologia, você sabe o que está acontecendo na saúde brasileira, você sabe o que está acontecendo no mundo do trabalho, em que as pessoas estão trabalhando de forma intermitente, em que as pessoas não têm documento assinado, não têm carteira assinada. Ou seja, as pessoas estão quase que fazendo bico.

É preciso fazer com que a gente conserte o país. E para consertar o país eu estou conversando com muitas forças políticas, ainda não está certo que o Alckmin é o vice porque o Alckmin não tem nem partido político ainda, e eu ainda não me defini. Mas se eu me definir e for o Alckmin a pessoa certa para ser meu vice, eu não terei nenhum problema. Eu fui adversário dele em 2006, nós divergimos em 2006, as divergências serão colocadas de lado para que a gente possa colocar na mesa aquilo que efetivamente unifica o futuro desse país, o que nós queremos fazer para esse país, como é que a gente vai fazer com que o país volte a ser feliz, que o povo volte a trabalhar, que o povo volte a comer três vezes por dia, que o povo volte a estudar, que nenhum menino seja obrigado a desistir da escola porque não tem o que comer em casa ou porque não tem condição de estudar.

Nesse momento, Denise, nós estamos com as crianças voltando para a escola e as crianças mais pobres estão mais atrasadas em relação às crianças de classe média porque não tiveram computador, porque não tiveram aula digital. Ou seja, então, nós vamos ter que fazer um trabalho imenso, envolver todos os educadores brasileiros, envolver a sociedade brasileira para que a gente possa recuperar o atraso a que essas crianças foram submetidas por conta da pandemia. E, além disso, nós vamos ter que cuidar da saúde nesse país, porque nós temos um presidente totalmente irresponsável, um presidente que, efetivamente, eu não entendia que o povo brasileiro poderia ter um presidente do naipe que ele teve o Bolsonaro, um presidente que faz da mentira o seu charme de governança, que faz das mentiras todo santo dia e mente por prazer, conta as inverdades por prazer, inventa coisas por prazer, sabe, vende fake news todo santo dia para a sociedade brasileira. E eu, então, quero te dizer, se for para que o Alckmin seja o meu vice, aquilo que vai facilitar a possibilidade de ganhar e governar, eu, sinceramente, não vejo nenhum problema em ter o Alckmin como meu vice.

Denise: 7:43, estamos conversando ao vivo com o ex-presidente Lula. Presidente, tem uma pergunta aqui do Portal Metrópoles, que é parceiro da Banda B, que coloca o seguinte: o senhor está participando pessoalmente de várias articulações que incluem conversas com MDB, PSD, PSDB, o senhor já se mostrou disposto a montar uma ampla aliança para essas eleições. Nessa aliança, presidente, cabem protagonistas do impeachment da presidente Dilma?

Lula: Olha, se você só for conversar com quem não votou no impeachment da Dilma, você não tem com quem conversar, porque 90% da classe política votou no impeachment da Dilma. Ora, mas se eu ficar pensando só nisso, eu então estou paralisado diante da política. O Congresso Nacional não é o que é porque eu quero que ele seja assim, o Congresso Nacional é o que é porque o povo brasileiro elegeu esse Congresso Nacional. Então, não adianta eu dizer se eu gosto ou não gosto de um deputado, se eu gosto ou não gosto de um presidente de partido, eles não pediram para mim para ser deputado e não pediram para mim para ser dirigentes dos partidos. Mas, na verdade, eles representam uma parcela da sociedade brasileira. Então, se eu tiver que conversar com as pessoas, eu vou conversar com as pessoas, porque eu preciso pensar o Brasil a partir de 2023 e não o Brasil de 2014 ou 2015, ou 2010, ou 2011. Eu tenho que pensar no país do futuro e esse país tem que ser construído com novas atitudes. E é por isso que eu estou muito disposto a conversar porque eu sei efetivamente o que é governar, e uma coisa mais grave, Denise, é que o Congresso Nacional com esse orçamento secreto, sabe, ele praticamente amarrou o presidente da República, ele praticamente anulou o papel do presidente da República no gerenciamento do orçamento. Hoje, quem define o orçamento é o presidente da Câmara, quem leva dinheiro para os municípios são os deputados, sem passar por governadores, o presidente virou quase que um Zé Ninguém na relação com o Congresso Nacional, totalmente dependente. Não tem na história da República, não tem, desde que Floriano fez a República, que a gente tenha um presidente tão frágil, tão submisso como esse presidente atual. Então, minha cara, é preciso conversar com muita gente, com muita gente. Você pode ficar tranquila que, quando eu for a Curitiba, eu vou conversar com você para que você compreenda perfeitamente bem as dificuldades de governar esse país.

Denise: É, fácil não é não.

Lula: Eu tenho certeza do papel importante que joga o Congresso Nacional, que joga os partidos políticos. Não cabe a mim ficar julgando se o partido é bom ou se é ruim, cabe a mim saber o seguinte, eu tenho que negociar com as pessoas que foram eleitas, com as pessoas que têm mandato. E eu vou conversar com todas as pessoas. Eu posso conversar mais com uns, menos com outros, mas eu vou conversar com as pessoas, porque, se você não gosta de conversar, se você não gosta de conversar com os contrários, é melhor então você não ser político.

Denise: Presidente, o senhor sempre disse que o ex-juiz Sergio Moro fez palanque com a Lava Jato, o senhor falava isso há muito tempo. E o senhor acredita então que ele está hoje no lugar que ele sempre quis, disputando as eleições? Como é que o senhor vê as pré-candidaturas de quem o condenou, e hoje tendo aí como um possível adversário?

Lula: Denise, tem duas coisas que eu não esqueço nunca. Você está lembrada do primeiro depoimento que eu fui fazer com o Sérgio Moro.

Denise: Sim.

Lula: Eu disse para o Sérgio Moro: Você está condenado a me condenar, porque já permitiu que a mentira fosse longe demais, e a desgraça de quem conta a primeira mentira, Denise, é que morre mentindo para poder justificar a mentira. Ora, como esse cidadão, como esse cidadão sempre teve a pretensão de ser político, ele sempre teve a pretensão de sair da mediocridade que ele é enquanto pessoa humana, para ganhar notoriedade na política, e agora ele tem uma chance. Ele tem uma chance. Ele não vai ter mais a unanimidade na imprensa, ele não vai ser mais capa de todas as revistas toda semana, ele não vai ser mais convidado para debates para ganhar dinheiro da imprensa, ele não vai mais aparecer na Globo todo dia, não vai aparecer mais no SBT, na Record, na Bandeirantes, na capa da revista, na primeira página dos jornais, ele aparecia todo dia. Ou seja, nós tivemos nesse país cinco anos, Denise, em que o Moro aparecia todo dia de forma favorável e o Lula aparecia todo dia de forma desfavorável. Como eu sou um homem que crê em Deus, como eu sou um homem que tenho fé, e como eu sou um homem que creio na minha inocência, eu pude provar que esse cidadão era mentiroso, que esse cidadão tinha má-fé, que esse cidadão não estava preparado para ser juiz. Ele, na verdade, queria ser político. E agora ele tem uma chance, agora ele pode provar o que ele é, ele agora pode fazer os debates, pode falar à vontade, pode responder, porque quando era juiz ele não respondia nenhuma pergunta. Aliás, ele não queria que ninguém perguntasse nada para ele. Então, Denise, eu estou muito tranquilo, estou muito tranquilo porque eu sempre acreditei que a verdade, ela vence, ela pode demorar, mas ela vence. E eu sou um homem de cabeça muito tranquila, porque eu sei o que eu fiz nesse país e sei o que tem que fazer nesse país. Ele não sabe o que ele fez e não sabe o que vai fazer, porque a impressão que eu tenho cada vez que ele fala é que ele sabe cada vez menos das coisas deste país. Ele foi uma invenção, ele foi um boneco de barro, um deus de barro criado por setores da mídia brasileira que está desmoronando, que está se esfacelando, e eu não sei aonde que ele vai parar.

Denise: Quero até comentar, falando nesse assunto, uma declaração do pré-candidato ao governo da Bahia, integrante aí da ala moderada do PT, o senador Jaques Wagner, ele colocou o seguinte, que considera que Sérgio Moro um adversário mais fácil de ser batido num eventual segundo turno pelo senhor, do que o próprio presidente Jair Bolsonaro. E segundo o Jaques Wagner, o centrão, inevitavelmente, vai ser atraído por uma base do governo num eventual governo do PT. O senhor considera mesmo Moro talvez mais fácil a ser batido do que Bolsonaro?

Lula: Eu não considero ele nem candidato, Denise. Sinceramente, o papel que ele está fazendo em cada entrevista é tão ridículo que eu quero que ele se exponha mais, eu quero que ele tenha mais tempo na televisão, eu quero que ele dê mais entrevista em rádio, eu quero que ele se coloque na frente da imprensa para desnudar. Ou seja, aquele homem sem toga não vale nada. Então, eu acho que é importante que ele seja candidato, eu não escolho adversário, sabe, eu vou disputar as eleições com tantos quantos sejam candidatos.

É importante lembrar o povo do Estado do Paraná que, quando eu fui candidato pela primeira vez, tinham 12 candidatos que eu disputei, tinham pessoas muito importantes como Ulisses Guimarães, Aureliano Chaves, Leonel Brizola, Paulo Maluf, Afif Domingos, Mário Covas, era muita gente importante, sabe? E eu não tive problema. Então, quem vai escolher o adversário que vai disputar as eleições e ganhar é o povo brasileiro, que, quando ele decidir, obviamente, que eu me submeto à decisão do povo, e sempre foi assim.

Denise: A campanha do Bolsonaro já mostrou que vai explorar o tema da corrupção para atacá-lo, não é, presidente. Vai usar vídeos, por exemplo, de delações como a do Palocci. Como é que o senhor vai responder sobre esse tema de acusações de corrupção nos governos do PT?

Lula: Esses temas já estão respondidos pela Justiça. Você está lembrada, Denise, que quando eu estava no governo eu dizia: só existe uma forma das pessoas não pagarem o preço de ser presas, é as pessoas andarem na linha. Ora, você sabe Denise que nunca teve nesse país um governo que apurasse, que investigasse tanto quanto nós fizemos no PT, tanto no meu governo como no da Dilma. A diferença entre nós e o atual presidente é que o atual presidente esconde as coisas que faz. Até agora o Queiroz não foi julgado, até agora a rachadinha do filho dele não foi apurada, até agora os desmandos da família Bolsonaro não foram investigados, diferentemente do meu tempo em que a gente investigava tudo. Por isso que nós criamos a Lei da Delação Premiada, por isso que nós criamos o Portal da Transparência, por isso é que nós criamos a Lei do Silêncio para que a gente pudesse não deixar que nada deixasse de ser investigado, que a imprensa tivesse acesso, acesso a tudo aquilo que o governo fazia. É esse o governo que nós precisamos no país, é esse tipo de gente que nós precisamos.

Então, nós estamos totalmente, mas totalmente, eu me sinto muito à vontade para debater qualquer tema que se queira discutir neste país, inclusive a corrupção, que é um tema que eu quero discutir porque eu quero discutir, a pretexto da corrupção, o que aconteceu no mundo da Petrobras. Foram 4 milhões e 400 mil trabalhadores que perderam o emprego nesse país por conta da Lava Jato. Foram 270 bilhões de reais que deixaram de ser investidos na economia, mais 58 bilhões que deixaram de ser arrecadados. Esse prejuízo que o Brasil está tendo agora, esse preço da gasolina que o Brasil está tendo agora, Denise, tem muito a ver com a destruição da Petrobras, tem muito a ver com a destruição das empresas de óleo e gás desse país, tem muito a ver com a destruição daquilo que a gente estava fazendo de transformar o pré-sal no passaporte do futuro desse país.

Eu não sei se você sabe, Denise, hoje 30% da inflação desse país é pelos preços controlados pelo governo, pelo preço do diesel, da gasolina, do gás, pelo preço da energia elétrica. Então, 30% da inflação se deve aos preços administrados pelo governo. E por que a gasolina é obrigada a ter paridade internacional? Porque na medida em que eles fatiaram a BR e venderam a BR, hoje nós temos mais de 400 empresas importando gasolina dos Estados Unidos. Ou seja, quando a gente descobriu o pré-sal, que a gente virou autossuficiente, que a gente tinha decidido fazer mais refinarias no Maranhão, mais refinarias no Ceará, ou seja, não só parou as refinarias como hoje a nossa capacidade de refino está 25% menor.

Ou seja, o Brasil está refinando menos para importar mais, para atender aos interesses de quem? Das empresas importadoras de gasolina que importam sem pagar imposto aqui no Brasil e vendem uma gasolina que é extraída, com o petróleo que é extraído a preço de reais, vende a gasolina a preço de dólar, o que é um assalto ao bolso do povo trabalhador brasileiro.

Denise: Presidente, eu queria aproveitar e lhe perguntar também qual é a sua opinião sobre a viagem do presidente Bolsonaro hoje para a Rússia, o senhor iria?

Lula: Eu não sei o que Bolsonaro foi fazer lá. Eu não sei. Normalmente, quando o presidente viaja, a agenda do presidente é divulgada com antecedência, com quem ele vai se reunir, o que ele vai fazer lá. Até agora, eu acho que o Bolsonaro acendeu muita vela a Deus para ir, porque estava esperando que alguém convidasse ele, ele precisava ser convidado, ele não poderia ficar apenas com o Senegal…. com o Senegal não, com as Guianas, que ele visitou agora recentemente, ou seja, a Guiné-Bissau, em que ele mandou buscar o presidente aqui, ele precisava conversar com mais gente. Eu espero, na verdade, o que eu espero é que um presidente da República quando viaja ele leva uma pauta séria para discutir seriamente com outro presidente, e depois saber qual é o benefício que o Brasil ganhou com essa viagem.

Mas eu espero que, pelo menos agora no final do mandato, ele faça uma coisa útil e não volte para cá mentindo, porque o problema desse presidente, Denise, é o seguinte, olha, eu vou lhe dar um dado aqui que foi publicado no UOL. Ou seja, em 2019, esse cidadão contava quase duas mentiras por dia, dava 11 mentiras por semana e 44 mentiras por mês, 538 mentiras por ano. 2020 era 4,5 mentiras por dia, 30 por semana, 122 por mês, 1.464 mentiras por ano. 2021, Denise, 7 mentiras por dia, 49 por semana, 196 por mês, e 2.352 mentiras por ano. E isso é aferição, sabe, do mentirômetro do Bolsonaro. Então, o Trump mentia 11 vezes por dia. Ou seja, você não pode ter um país governado por alguém que mente da forma mais velhaca possível.

O país não comporta isso, o país precisa de alguém sério, de alguém que fale coisa com coisa, de alguém que passe seriedade para o povo. E ele fala todo santo dia para agradar os milicianos dele. Por isso, eu espero que, agora voltando da Rússia, tenha tomado um puxão de orelha do Putin e tenha voltado com o mínimo de seriedade aqui para o Brasil para que o povo possa ir desfazendo a imagem negativa que tem desse cidadão.

Denise: Presidente, eu quero também, o nosso tempo já está quase terminando aqui, eu quero… recentemente teve um episódio aqui de um vereador de Curitiba, o Renato Freitas, que entrou numa igreja, o senhor deve ter visto, protestava contra o racismo, houve uma grande repercussão em nível nacional, o próprio presidente Bolsonaro comentou. Qual foi a sua opinião sobre todo esse caso? Inclusive tem algumas fake news espalhando que o senhor se for eleito vai tirar todo o privilégio das igrejas. O caso ganhou uma grande repercussão. Como o senhor vê isso?

Lula: Denise, você sabe qual é a coisa mais importante de a gente ter um pouco mais de idade? É que a gente já viveu determinadas coisas. A primeira coisa que eu queria dizer ao povo do Paraná é que o nosso vereador tem o direito de fazer protesto contra o racismo. Agora, o que ele não tem direito é invadir igreja, o que ele não tem direito é de entrar numa casa religiosa para fazer o seu protesto. Então, ele está errado, e se ele está errado ele precisa humildemente entender que a palavra desculpa não é uma palavra que diminui a pessoa. A palavra desculpa engrandece quem tem a grandeza de pedir desculpas. E tem outro tipo de protestar. O nosso vereador deve ter aprendido que ele pode chegar ao padre e pedir para o padre fazer uma missa para o povo negro de Curitiba, ir lá protestar e homenagear os que fizeram a igreja. Ele pode pedir, inclusive, para que o bispo, ele é vereador, ele pode fazer um ofício ao bispo pedindo para o bispo para aquela igreja ter um padre negro, dois padres negros.

O que não tem sentido é invadir a igreja, o que não tem sentido é transformar um templo religioso num lugar de protesto. Não foi correto, ele sabe que errou. Agora, também nós não podemos, eu sou contra a pena de morte, eu sei que tem muita gente: vamos cassar, vamos cassar, vamos degolar. Não. Esse menino, por ser jovem, cometeu um abuso, ele, portanto, tem o direito de pedir desculpas, tem o direito de ser desculpado, tem o direito de ser perdoado, e quem sabe isso tenha sido a grande lição da vida dele. Para ele perceber que o exercício da democracia que ele tem que fazer tem limite na hora que isso fere os interesses dos outros. É importante que ele saiba conviver assim, é importante que ele saiba que nunca mais ele adentre um templo como forma de protesto, quando as pessoas estão lá tratando da sua espiritualidade, tratando da sua fé.

Portanto, Renato, se você estiver me ouvindo eu queria te dizer como um pai pode falar para um filho: você errou. Se você errou, não persista no erro, humildemente peça desculpa, peça desculpas ao povo do Paraná, peça desculpas ao PT, peça desculpa aos padres, aos religiosos. E nós vamos te defender, nós não vamos querer que você seja cassado, e nós não vamos permitir que a direita conservadora da Câmara te casse. Não. Quantas pessoas já erraram? Quantos absurdos acontecem na Câmara todo dia? Quantas mentiras o Bolsonaro conta sobre religião todo santo dia? Não tem ninguém mais falso com a religião do que o Bolsonaro. Não tem ninguém que minta mais, olha só nos olhos do Bolsonaro quando ele fala em Deus.

Então, eu acho, Renato, que é o seguinte, quando a gente erra, que a gente toma um tombo a gente levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima. Você é muito novo, você tem muito a fazer por Curitiba, você tem muito a fazer pelo movimento negro, você tem muito a fazer no combate ao racismo. Portanto, levante a sua cabeça, querido, sabe, reconheça que você cometeu um deslize político, peça desculpas e vamos tocar o barco para frente. O partido irá lhe defender para que você possa continuar com o seu mandato e exercendo as suas funções porque só o povo é quem tem direito de cassar você.

Denise: Bom, para encerrar a nossa entrevista eu preciso perguntar aqui qual seria o melhor palanque eleitoral aqui no Paraná? Aqui o senhor tem dois aliados históricos: o ex-senador Roberto Requião, o governador Ratinho Junior, que também já teve próximo, apesar de ter apoiado o presidente Bolsonaro, do PSD, o Ratinho que é do PSD, e um partido PSD que tem flertado também com o PT. Como é que, que palanque ideal seria aqui no Paraná?

Lula: Olha Denise, todo mundo sabe o seguinte, olha, eu tenho até agradecimento ao governador Ratinho porque, quando eu estava preso e morreu o meu neto, ele colocou o helicóptero do estado à disposição da Polícia Federal para me levar a São Paulo. E esse gesto de gratidão eu reconheço. Eu tive amizade com o Ratinho quando ele não era governador e eu mantenho a minha relação de amizade porque eu não confundo as minhas divergências políticas com a minha relação pessoal. Agora, do ponto de vista político, todo mundo precisa saber, se o Requião for candidato a governador do Paraná, eu terei imenso prazer em ser cabo eleitoral do Requião, se ele o quiser, eu terei imenso prazer de ser cabo eleitoral do Requião. Quero que as pessoas saibam que eu acho que uma das grandes injustiças que aconteceram nas eleições de 2018 foi o Requião não ter sido eleito senador da República, o Brasil perdeu muito com a não reeleição do Requião.

E eu estou à disposição, as pessoas de vez em quando falam que o povo do Paraná não gosta de mim porque eu não gosto do povo do Paraná. Deixa eu contar só uma coisa para você Denise, em 2002 eu tive no primeiro turno no Paraná quase 51% dos votos. Em 2006, na minha reeleição, eu tive 38% dos votos no primeiro turno e 50% no segundo turno. Ou seja, significa que o povo do Paraná tem votado no Lula igual votam em outros estados. Obviamente que o Paraná tem um setor político mais conservador, e nós temos que respeitar a tradição política de cada estado, de cada cidade, sabe, assim, isso é democracia. Isso é democracia. Eu pretendo visitar o Paraná logo, logo. Eu, quando puder decidir se sou candidato ou não, quero visitar todos os estados, e, pode ficar certa, Denise, você estará como jornalista cobrindo um grande ato que eu pretendo fazer na Boca Maldita. Ou seja, porque fazer campanha sem passar na Boca Maldita é não fazer campanha.

Denise: Certeza.

Lula: Como eu já disse muitas vezes, eu espero de cima do palanque te ver lá embaixo cobrindo ou assessorando a tua equipe de imprensa que vai cobrir o nosso ato no Paraná. E eu tenho certeza que nós temos muitas chances de ganhar as eleições no Paraná, tanto com o Requião quanto com o candidato a presidente.

Denise: Não tenho como terminar…

Lula: E o seguinte, você sabe do carinho imenso que eu tenho com as pessoas que eu tenho no Paraná como a Gleisi, como o Ênio, como o Zeca Dirceu, como a Arilson Chiorato, a Luciana Rafagnin, o professor Lemos, o Tadeu Veneri, ou, seja, essas pessoas que me ajudam e que constroem o PT no Estado do Paraná. Mais a Carol, o Renato, sabe, a nossa professora Josefa, que são vereadores. Eu quero dar um abraço em todos eles e dizer para você, Denise, que eu estou muito consciente da responsabilidade que nós temos que enfrentar no Brasil. Estou muito consciente. Você sabe que eu sonhei durante muito tempo que, quando eu deixei a presidência da República, a gente iria entrar no rol dos países altamente desenvolvidos. Eu sonhei quando o Brasil chegou à sexta economia do mundo, eu imaginava, dizia para os franceses e para os ingleses que nós iríamos passar eles na questão econômica.

Lamentavelmente, inventaram um golpe na Dilma, inventaram uma coisa chamada Ponte para o Futuro, na verdade nunca fizeram a ponte, só cavaram o buraco, e jogaram o povo brasileiro dentro desse buraco. Então, uma das coisas que me fazem ter disposição de voltar a ser presidente é porque eu tenho consciência de que é possível recuperar esse país, gerar mais empregos, aumentar o salário. Porque no meu tempo de presidente, Denise, 89% dos reajustes de salário dos trabalhadores eram acima da inflação. Hoje apenas 7% dos reajustes estão acima da inflação, o restante é a menos da inflação. Então, significa que o povo está ganhando menos, trabalhando menos, comendo menos, e tendo menos alegria.

E eu quero recuperar e transformar esse país, não no país do ódio, no país das armas, eu quero transformar esse país no país da paciência, no país da fraternidade, da solidariedade, o país do amor, o país do livro, e não o país das armas. E esse país, eu tenho certeza que a gente pode construir com pouco tempo. Nós temos que reconquistar credibilidade internacional, temos que conquistar credibilidade interna, e precisamos, obviamente, que trabalhar muito, e é isso que eu quero fazer. É por isso que eu digo o seguinte, não se preocupe porque eu tenho 76 anos, que a minha energia é de 30 anos de idade. Eu nunca tive tanta energia para recuperar esse país como eu tenho agora.

Denise: Para fechar, o senhor é corinthiano, eu tenho que perguntar: quem deve ser o técnico do Corinthians, presidente? O senhor quer um técnico português? Dá uma dica para a torcida corintiana aqui.

Lula: Deixa, Denise, eu, na verdade, eu acho uma papagaiada esse negócio de técnico português. Ou seja, eu respeito todo mundo, mas Portugal não tem uma tradição futebolística que diz que o técnico de lá são melhores de que os nossos, sabe, eu acho isso um absurdo. Mas de qualquer forma eu gostava do Silvinho, eu gostava do jeito que o Silvinho trabalhava, eu achava ele muito sincero no trabalho dele. Agora é o seguinte, se você não compra jogador você não ganha jogo, sabe, não é o técnico que vai ganhar o jogo, contrata um jogador de qualidade para você ganhar.

E eu acho que o Corinthians está montando um time, era importante que ele contratasse um técnico, eu tenho vários técnicos que o Corinthians poderia contratar, o Mano Menezes, o Luxemburgo, ou seja, não precisava procurar ninguém em Portugal, e não precisava procurar ninguém na França, na Inglaterra, pega aqui dentro mesmo, pega aqui dentro, está cheio de gente com competência, está cheio de gente querendo trabalhar. Agora, o que precisa é você contratar um técnico com um programa de trabalho para um determinado tempo, você não pode contratar um técnico e na segunda derrota mandar embora. Aí não é possível.

Imagina se um jornalista fosse contratado para trabalhar e a cada matéria equivocada que ele fizesse ele fosse mandado embora. Não. Tem sempre que ter paciência, conversar, refazer as coisas. Você perde um jogo, você ganha outro. Mas eu estou muito otimista com o Corinthians, eu estava achando que a gente ia cair o ano passado, não caiu, a gente ficou, agora estamos na Libertadores. E eu acho que é importante o Corinthians, porque se o Corinthians ganhar a Libertadores ele vai ensinar os palmeirenses como é que se ganha um título mundial. Porque o último título ganho neste país por um time da América do Sul foi exatamente o Corinthians, em 2012, e exatamente contra o Chelsea.

Denise: O senhor não tem medo de perder voto de palmeirense não, presidente?

Lula: Denise, uma coisa importante, Denise, que nós temos que levar muito em conta é que esse país já conheceu, ele quase chegou a um estado de bem-estar social. Eu quando falo muito de recuperar o prazer das pessoas pela vida é porque, quando ninguém acreditava, nós geramos 22 milhões de empregos com carteira assinada, quando ninguém acreditava nós criamos um Programa Luz para Todos, nós criamos o Bolsa Família, nós criamos o PAA. Eu queria, inclusive, aproveitar essa tua entrevista para agradecer, mas de coração, os companheiros que coordenaram a vigília quando eu estive no Paraná, e sobretudo agradecer a Regina da CUT, o companheiro Baggio do Movimento Sem Terra, que foi um herói na organização daquela vigília. Porque nunca tinha tido uma experiência no mundo, Denise, de uma vigília ficar 580 dias. Nunca. Você não tem noção do significado daquilo na minha vida, você não tem noção. Inclusive uma cachorrinha que foi criada lá está comigo aqui, sabe, que é a minha cachorrinha chamada Resistência, que é um presente que eu ganhei da vigília e eu vou carregar para o resto da vida essa benção de Deus desse povo maravilhoso. Inclusive o padre da igreja que o Renato fez a manifestação é um padre que foi várias vezes à vigília participar de ato ecumênico, de quem eu sou muito grato, eu tenho um profundo respeito.

Denise: Certo então. Obrigada pela entrevista, presidente, estamos sempre com as portas abertas, a democracia é isso. E eu agradeço a sua participação, muito obrigada mesmo.

Lula: Denise, obrigado a você, obrigado ao povo do Paraná, obrigado aos companheiros e companheiras que estão nos assistindo.

Denise: Obrigada. Conversamos aqui…

Lula: Espero que antes das eleições eu vá ao Paraná fazer uma entrevista pessoalmente assim, de corpo presente, Denise.

Denise: Com certeza, estaremos de portas abertas. Obrigada presidente.

Lula: Obrigado minha querida.

Denise: 08:12, conversamos então ao vivo com exclusividade com o ex-presidente Lula aqui na Rádio e no Portal Banda B.