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Leite mais caro que a gasolina: ninguém aguenta mais pagar tanto no mercado

No Brasil de Bolsonaro, ir ao mercado virou um martírio. Com a escalada impagável do preço dos alimentos, está cada vez mais difícil encher o carrinho e garantir produtos básicos para a família. Mais um vilão do orçamento doméstico é o leite, que em alguns lugares já está custando mais até que a gasolina, beirando os R$ 10 em São Paulo. Em momentos assim, fica nítido como a política interfere e muito na nossa vida diária.

Em junho de 2010, quando Lula era presidente, o preço do litro de leite era R$ 2,17. Para uma comparação mais direta: o salário mínimo naquele ano era R$ 510. Um salário mínimo comprava 235 litros de leite. Em julho de 2022, com o salário mínimo a R$ 1212, é possível comprar apenas 121 litros de leite, uma queda de 49% no poder de compra do salário.

Segundo uma pesquisa recente, 70% dos consumidores regulares de leite disseram que o alimento não podia faltar em casa. Só que o preço está impagável, o que prejudica demais até a qualidade do que a gente consome e serve para a família. Para garantir que o pouco que dá pra comprar dure na geladeira, muitas famílias passaram a diluir a quantidade de leite na caixinha com água. Para cada litro de leite, um litro de água. Isso sem contar um novo produto que vem sido ofertado em supermercados país afora: o soro de leite para consumo humano, como substituto.

Em outros casos, tem gente que tem deixado de comprar carne – que também não está nada acessível – para poder garantir o leite das crianças. E assim, mês a mês, o poder de compra do salário mínimo cai, os preços sobem, e produtos que antes faziam parte da vida dos brasileiros estão ficando mais nas prateleiras do que nos carrinhos de supermercado. A própria carne de boi, o leite longa vida e o óleo vegetal, por exemplo, são alguns dos itens que foram comprados por menos pessoas em abril de 2022, em comparação com o mesmo mês em 2021.

E não é por menos. Segundo um levantamento feito em supermercados de São Paulo, um dos estados onde a cesta básica é mais cara, o quilo do leite em pó beira R$ 40. O da manteiga, R$ 60.

Controlar a inflação é uma obrigação para garantir ao povo trabalhador o seu poder de compra, o seu poder aquisitivo, para que as pessoas não tenham que piorar a qualidade da sua comida a cada dia. Eu tenho visto muita gente na televisão dizendo: hoje eu fui no supermercado, eu comprei menos, eu diminuí a minha compra, eu trazia um carrinho cheio agora estou trazendo meio carrinho. Eu comprava carne, eu comprava um quilo de carne por semana, hoje eu compro um quilo de carne por mês.

Lula

E o motivo passa, sim, pela política. Isso tem acontecido porque o leite vem sendo um dos principais itens que puxam o aumento da inflação dentro do grupo de alimentos e bebidas atualmente, uma situação que não deve terminar tão em breve por alguns motivos, que vão de intempéries climáticas a decisões políticas dos últimos anos.

Por que o leite está tão caro?

O que aconteceu é que, antes mesmo de as coisas apertarem para o consumidor nos supermercados, a conta já não fechava há algum tempo para os produtores. Em 2019, um pecuarista precisava produzir 28 litros de leite para comprar uma saca de 60kg de milho, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/Usp). Neste ano, esse volume chegou ao pico de 45 litros por saca. Ou seja: ficou mais caro alimentar o rebanho e houve queda na produção. Como a arroba da carne estava valorizada, muitos pecuaristas acabaram abatendo animais menos produtivos pra tentar minimizar o prejuízo. Consequência: no primeiro trimestre do ano passado, registramos a maior queda histórica no volume de leite produzido, de 10,3%.

Agora, com a seca do último ciclo – resultado também da crise climática – a qualidade do pasto foi reduzida ainda mais. Esse período da entressafra deve seguia até meados de setembro, quando as chuvas de primavera prometem aliviar a situação.

É verdade que, entre abril e julho, o preço do leite costuma subir justamente por conta da seca, que historicamente faz com que produtores tenham de complementar a alimentação do gado e repassar esse custo para o produto final. A guerra da Ucrânia também encarece o preço dos fertilizantes, e a alta dos combustíveis impacta diretamente no valor dos fretes.

São vários os eventos, muitas vezes imprevisíveis, que afetam o preço da comida. Mas é possível pensar políticas que visem minimizar os impactos disso na população. Sem esse olhar para a política, quem arca com as consequência é justamente o povo.

Nos últimos doze meses, até maio – portanto, sem contabilizar a alta de junho – , o leite UHT em caixinha subiu 29,43% para o consumidor, os queijos 17,4%, o iogurte 20,4% e a manteiga 17,4%, todos acima da inflação medida pelo IPCA, de 11,7%.

Tudo isso somado faz com que avancemos cada vez mais na triste estatística da insegurança alimentar. Em 2021, a insegurança alimentar atingiu patamar recorde de 36%, mais que o dobro do que era sete anos anos antes e, pela primeira vez, superior à média global (35%), segundo dados de pesquisa Gallup realizada desde 2006, a partir da aplicação de 125 mil questionários em cerca de 160 países, e analisados no Brasil pelo Centro de Políticas Sociais do FGV Social. São 125 milhões de pessoas em insegurança alimentar, e 33 milhões de brasileiros passam um dia inteiro sem comer absolutamente nada.

Com Lula: política bem pensada protege o preço dos alimentos

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É inaceitável pensar que tudo isso acontece em um país que, em 2014, havia saído do mapa da fome graças às políticas dos governos do PT. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva transformou a política de valorização do salário mínimo em lei, garantiu o reajuste real do salário mínimo por meio de sua correção a partir do repasse da inflação do ano anterior somado à variação do PIB de dois anos antes.

Tudo isso é consequência, sim, da condução desastrosa da economia pelo governo Bolsonaro. É uma tragédia anunciada pelo desmonte de uma série de políticas que existiam justamente para garantir acesso a alimento digno para toda a população. É nessas horas que a gente entende a diferença que faz termos políticas que colocam o povo como prioridade, que antecipam dificuldades para que todos e todas possam ter uma vida digna e poder sonhar com um futuro melhor para si, seus filhos e netos.

E como isso é feito? Nos governos do PT, o governo controlava o preço dos víveres por meio dos estoques públicos de alimentos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que são, em linhas gerais, uma maneira de o Estado proteger agricultores e consumidores dos riscos inerentes das atividades agrícolas (chuvas, secas, geadas, estiagem). Assim, o Estado “protegia” os preços dos alimentos, porque em momentos de dificuldades os estoques públicos ajudavam a regular os preços. Sem eles, ficamos mais suscetíveis a imprevistos do clima e do mercado, além da má administração.

Lula foi o presidente que concedeu maior aumento de salário mínimo na história do Brasil, desde sua criação, em 1 de maio de 1940. Também com Dilma, a agricultura familiar passou a ser prioridade, com programas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e a valorização da agricultura familiar

Desde o primeiro dia de seu primeiro governo, Lula sempre foi um lutador incansável pelo combate à fome. Em seus governos, havia um ministério dedicado somente a isso. E a fórmula sempre repetida por ele “de incluir o pobre no orçamento” trouxe bons frutos. É essa a resposta necessária para que o povo possa voltar a comer, e comer bem, num país tão rico como o Brasil.

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