MPF abre investigação contra Paulo Guedes: guru de Bolsonaro faturou 150 milhões com fundos de pensão

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O Ministério Público Federal (MPF) abriu nesta quinta-feira (25/10) investigação contra o guru na área econômica do candidato Jair Bolsonaro (PSL), Paulo Guedes. Segundo reportagem do jornal O Globo, a investigação do MPF diz respeito à denúncia de que Guedes teria obtido “benefícios econômicos” a partir de possíveis “crimes de gestão temerária ou fraudulenta” em investimentos relacionados a fundos de pensão. Guedes terá que prestar depoimento em Brasília no dia 6 de novembro.

A empresa de Guedes, que faz gestão de investimentos, teria cobrado comissões consideradas “abusivas” pelo MPF. Os procuradores consideram sem “qualquer sentido” a base de cálculo para definir a comissão, que renderam à empresa faturamento de R$ 152,9 milhões entre 2009 e 2014.

As operações dizem respeito a cinco fundos de estatais que podem ter sofrido prejuízos após aplicarem dinheiro nos negócios geridos por Guedes. Entre os fundos potencialmente prejudicados, encontram-se três dos mais importantes do país: a Funcef, dos servidores da Caixa Econômica Federal, a Petros, dos servidores da Petrobrás, e a Previ, dos servidores do Banco do Brasil.

O jornal O Globo procurou a defesa de Guedes, que alegou que as acusações são “fragilíssimas” e afirmou “perplexidade” diante da notícia perto da eleição. Na investigação, o MPF vai apurar se o economista aplicou de maneira irregular dinheiro capitado pelos fundos de pensão – o que pode ter causado prejuízos milionários aos aposentados das estatais.

Interessante destacar aqui que Guedes e Bolsonaro pretendem adotar no Brasil o modelo de capitalização da Previdência implantado no Chile na década de 1980, que gerou graves prejuízos aos aposentados desse país. Cerca de 90% dos aposentados chilenos sobrevivem hoje com menos de meio salário mínimo.

Os advogados do guru de Bolsonaro disseram ao jornal O Globo que Guedes não tinha poder de deliberação sobre os investimentos e apenas sugeria às empresas que receberiam os recursos. Para serem efetivados, os investimentos tinham, nesse cenário, que ser aprovados por comitês compostos por integrantes dos fundos de pensão.

A nota dos advogados ao jornal alega, ainda, que “o relatório omite o lucro considerável que o fundo tem proporcionado aos investidores e a perspectiva de lucro de mais de 50% do valor investido. Ou seja, não houve qualquer prejuízo às partes envolvidas”.

Além dessa denúncia, Guedes enfrenta outras situações delicadas junto ao Ministério Público. O órgão investiga suspeitas de gestão temerária ou fraudulenta no BR Educacional Fundo de Investimento em Participações gerido por uma empresa de Guedes que captou recursos dos fundos estatais para investir no setor privado de educação.