Patrões querem interferir no voto de seus empregados: denúncias já passam de 120 casos

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Mais de 120 denúncias já foram encaminhadas ao Ministério Público do Trabalho (MPT) somente na última semana, por trabalhadores que afirmam ter recebido pressão de seus empregadores para votar em determinado candidato na eleição presidencial.

A informação é destaque hoje (06/10), véspera da eleição, no Blog do Sakamoto.

Como um dos resultados da ação dos procuradores do Trabalho – além da exposição de práticas completamente abusivas por parte dos patrões, -, os donos de empresas tiveram que se retratar publicamente. “O caso mais famoso foi o do dono da rede de lojas Havan, que vem defendendo publicamente Jair Bolsonaro. O juiz do Trabalho Carlos Alberto Pereira de Castro atendeu ao pedido do MPT e proibiu o dono da Havan de influenciar o voto dos empregados, sob risco de multa de R$ 500 mil”, explica Sakamoto.

Para o jornalista, “O Brasil está resgatando suas tradições. O problema é que são as piores possíveis”.

Sakamoto explica que “A prática é proibida por lei” e destaca que o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, registrou em nota pública que “é vedado ao empregador a prática de qualquer ato que obrigue o empregado ‘a seguir uma determinada crença ou convicção política ou filosófica, orientada pela organização empresarial'”. O procurador-geral afirmou, ainda, que o MPT está à disposição para receber denúncias, anônimas ou não, que serão investigadas. O canal para denúncias está disponível no site do Ministério Público do Trabalho.

No texto publicado no Blog do Sakamoto hoje, uma informação interessante é de que os Estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul vêm apresentando a maior quantidade de casos, segundo o MPT, reunindo 82,5% do total das denúncias.

Segundo os procuradores do Trabalho ouvidos pelo jornalista, o caso da Havan é emblemático e se repete em outros Estados, empresas e até instituições culturais, de ensino e de lazar. O presidente do Sesc, no Rio de Janeiro, por exemplo, pediu votos na intranet da entidade aos empregados, afirmando ”a todos aqueles que acreditam no seu trabalho” que sigam sua ”recomendação”.