Presidente do PSL afirma que o Estado não é capaz de garantir segurança

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A cada divulgação de um possível ministeriável de Jair Bolsonaro, um sinal de alerta dispara. Após anunciar como ministro da Educação o general Aléssio Ribeiro Souto, que defende, entre outros absurdos, o ensino do criacionismo nas escolas públicas, agora surge Gustavo Bebianno como um possível ministro da Justiça.

Para quem não está ligando o nome à pessoa, Bebianno ficou famoso por suas ameaças e palavras de baixo calão a um militante de Bolsonaro, que havia acusado a ele e a Gulliem Lemos, presidente e vice do PSL, de terem transformado o partido em um grande balcão de negócios.

Por acreditar ser um militante o autor do texto no Facebook, que falava da “ascensão de bandidos que tomaram de assalto o partido do Capitão e hoje colocam em risco a candidatura do próximo presidente do Brasil”, Bebianno ligou para ele e o ameaçou. O áudio vazou, mostrando o nível das pessoas que cercam Jair Bolsonaro.

Bebianno, porém, não é apenas violento com as palavras. Em entrevista à Folha de S.Paulo, ele defende a proposta de armar a população. “O Estado não é capaz de garantir a minha vida, a sua vida, a vida dele. Ora, se o Estado não é capaz de defender a minha vida, será que eu não tenho o direito de me defender em caso de agressão atual e iminente?”, afirma ele, esquecendo-se de que, caso Bolsonaro seja eleito, o Estado serão eles.

Na mesma reportagem, Bebianno ressalta que um eventual governo do PSL não negociará com partidos de oposição como PT, PC do B, PSOL, porque “representam a mentalidade mais atrasada da face da Terra”. Tal afirmação vai ao encontro da ameaça velada que já fez Jair Bolsonaro a governadores de oposição: o candidato disse, com todas as letras, que vai tratar governadores da oposição sem nenhuma prioridade, o que é contra o princípio democrático e republicano. Isso quer dizer que Bolsonaro e seus asseclas, caso ganhem, governarão apenas para seus eleitores?

“É uma mentalidade que gera pobreza, que gera desigualdade, que gera violência e que tem o poder de aniquilar com qualquer sociedade organizada. Por isso, com eles, não haverá qualquer conversa”, afirmou Bebianno, que parece ser surdo e cego aos fatos. O relatório O estado da insegurança alimentar no mundo, da Organização das Nações Unidas, de 2015, destacou que o Brasil tirou milhões de pessoas do mapa da fome não apenas por conta dos programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, implantado por governos petistas. Fatores como o fortalecimento do poder aquisitivo das mulheres e a política de valorização do salário mínimo, promovidos nas gestões de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, também contribuíram para que o país tivesse menos de 5% de sua população em situação de subnutrição. A ONU lembrou ainda que, entre 2000 e 2012, os rendimentos médios dos 20% mais pobres da população cresceram três vezes mais rápido que os dos 20% mais ricos.

Sobre a participação de mulheres no primeiro escalão de eventual governo Bolsonaro em oposição ao ministério de Temer, completamente formado por homens (apesar da demografia brasileira), Bebianno afirma ao jornal que duas mulheres “talvez venham a participar” da composição ministerial, “mas a escolha delas, se, porventura, acontecer, não será porque elas são mulheres, será por competência”.