Resultados parciais no exterior são usados para influenciar eleição no Brasil

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Brasileiros que vivem em outros países tentam influenciar as eleições no Brasil divulgando resultados parciais do pleito no exterior. Alguns brasileiros e brasileiras que vivem e votam no exterior estão divulgando os resultados da votação nos países em que vivem, onde o horário para votar já foi encerrado. As informações estão circulando por todas as redes sociais e até pela imprensa, podendo, evidentemente, influenciar ou ser usadas para influenciar o pleito no Brasil.

No YouTube, o vídeo Jair Bolsonaro começa ganhando em primeiro turno no Japão já possuía mais de 198 mil visualizações às 15 horas de Brasília.

O mesmo vídeo foi postado no Facebook, onde, às 14h45, contava já com mais de 60 mil compartilhamentos e atingia acima de 1,2 milhão de visualizações.

Os comentários sobre os resultados no Japão levaram a comentários no Twitter como “Cheirinho de primeiro turno #17Neles” e “Só não ganha no Brasil se for fraudado“.

Contradição e legislação
A apuração oficial dos resultados das eleições presidenciais tem início no Brasil a partir das 19 horas (pelo horário de Brasília). O horário de votação vai das 8 às 17 horas em todo o país, sendo respeitado o fuso horário de cada local. Assim, nos estados do Amazonas, Roraima, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia a votação começa (e termina) uma hora depois do horário de Brasília; no Acre, duas horas depois.

Por conta dessas diferenças, as parciais dos resultados são divulgadas oficialmente pelo TSE apenas depois do encerramento do pleito em todo o território nacional, ou seja, a partir das 19 horas de Brasília.

Isso é feito, entre outros motivos, para evitar que a divulgação dos resultados dos estados que já fecharam a votação influencie os votos das regiões em que a votação ainda não foi encerrada.

Com as novas tecnologias e a explosão do alcance das redes sociais, é possível tirar fotos dos boletins que consolidam resultados de cada seção em um determinado país, consolidar, por conta própria, o número de votos ali registrados e criar postagens imediatadas para divulgar os resultados nas mídias digitais.

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), fotografar e divulgar imagens desses boletins não representa ilegalidade. O TSE ressalta, contudo, que a contagem paralela dos votos não tem validade.

Os boletins trazem todas as informações relativas à votação naquela seção, incluindo comparecimento de eleitores, contagem de votos brancos e nulos e o número de votos nominais e de votos de legenda.

Assim, pelo uso que está sendo feito da votação em outros países – e pela prática de só iniciar a apuração e a divulgação oficial de resultados no Brasil depois de a votação se encerrar em todos os Estados –, fica a pergunta ao TSE: não é uma flagrante contradição? E que pode, inclusive, influenciar a votação no Brasil?