Na última semana, o brasileiro foi surpreendido com um novo reajuste no preço dos combustíveis. Em alguns estados, o litro da gasolina já ultrapassa os R$ 10. A escalada de preços da gasolina e do diesel são, sem dúvida, os maiores vilões do bolso do trabalhador brasileiro, e a culpa é do (des)governo de Bolsonaro, que agora tenta se desresponsabilizar pela política de preços da Petrobras, como se não fosse o presidente do país.
A situação era muito diferente durante os governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que não apenas conseguiram manter controlado o preço da gasolina (em todo o governo Lula, o aumento foi de apenas R$ 0,43), mas também aumentaram o poder de compra do trabalhador por meio da política de valorização do salário mínimo e de outras políticas econômicas que colocavam o pobre no centro do orçamento. Em setembro de 2015, um salário mínimo (R$ 788) comprava 240 litros de gasolina, a R$ 3,27. Em março de 2022, o salário mínimo compra apenas 160 litros (considerando o preço médio de R$ 7,50), uma diferença de 80 litros a menos (quase 2,5 tanques de gasolina a mais).
Se utilizarmos o preço médio atual da gasolina no país (R$ 7,50), o consumidor, ao encher um tanque de 35 litros, compromete 21,65% do salário mínimo. O gabinete do ódio faz malabarismo para tentar explicar o inexplicável, mas a verdade é que, com Bolsonaro e Guedes, o rendimento do trabalhador brasileiro sofre desvalorização recorde.
No primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, compravam-se 232 litros de gasolina com o salário mínimo de R$ 998. O litro do combustível custava R$ 4,30. Hoje, com a política desastrosa do presidente, o salário de R$ 1.212 só consegue bancar 161 litros. Desde que Bolsonaro assumiu, a gasolina já aumentou 75%. Nesse ritmo, até o fim do mandato do desgoverno – que tem dia e hora para acontecer – vai ser impossível encher o tanque.
A alta é consequência da política de paridade de preços com o dólar, chamada de PPI (Preço de Paridade Internacional), adotada pelo Brasil desde 2016, com o golpe, e mantida pelo governo Bolsonaro, que lava as mãos e diz que não é com ele. A Petrobras, que na gestão petista, cresceu mais de sete vezes, acumulou lucros recordes de produção, chegou a ser a quarta maior empresa do mundo, tem, atualmente, 30% do seu refino ocioso, enquanto 400 empresas importam gasolina dos Estados Unidos, com preço internacional.
Em 2002, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito, o salário mínimo era R$ 200 e comprava 127 litros de gasolina, que custava R$ 1,57, o litro. Em março de 2016, antes do golpe sofrido pela ex-presidenta Dilma Rousseff, o salário de R$ 880 comprava 235 litros de gasolina a R$ 3,73.
Isso só foi possível com a valorização do salário mínimo, o controle da inflação e do preço da gasolina. Lula foi o presidente que concedeu maior aumento de salário mínimo na história do Brasil, desde sua criação, em 1 de maio de 1940. O ganho real, acima da inflação, do salário mínimo, entre 2003 e 2010, foi de 53,6%. Entre 2002 e 2015, o aumento real foi de 76,54%. A política de valorização do salário mínimo, um dos pilares da inclusão social do período (que se tornaria modelo para o mundo), foi uma das principais responsáveis por manter a economia aquecida durante a crise econômica internacional de 2008.
Além disso, nos governos Lula e Dilma, a Petrobras adotava uma política de preços que não repassava a totalidade das variações de curto prazo dos preços internacionais de petróleo para os preços domésticos de derivados.
Com Bolsonaro, o Brasil anda para trás. Regride na política de valorização do patrimônio nacional, que é a Petrobras, enquanto subordina a estatal aos interesses de empresas importadoras de petróleo e acionistas minoritários.
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