Desde o dia 7 de abril, data em que se tornou preso político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem recebendo manifestações de apoio internacional, que demandam sua liberdade de todas as partes do mundo. Lideres políticos e até o Papa enviaram mensagens de apoio ao ex-presidente. Alguns deles chegaram a visitar Lula na sede da Polícia Federal, em Curitiba.
O ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, que foi preso político da ditadura uruguaia por 14 anos, visitou Lula em Curitiba, trouxe sua solidariedade e afirmou que a América Latina sofre com a situação atual do Brasil.
Na audiência entre o ex-chanceler Celso Amorim e o Papa Francisco, o pontífice fez questão de enviar mensagem pessoal para Lula. Com sua própria letra, na capa do livro “A verdade vencerá” (Boitempo Editorial), de Lula, o papa escreveu: “A Luiz Inácio Lula da Silva com a minha bênção, pedindo-lhe para orar por mim, Francisco”.
“Quem tira milhões de pessoas da fome constrói a paz”, disse Adolfo Pérez Esquivel, prêmio Nobel da Paz, após visitar Lula. Esquivel, que já havia tentado visitar Lula, mas foi impedido, afirmou que a prisão de Lula “é uma ação política, para falsificar sua imagem”.
“Eu fiquei muito emocionada ao vê-lo. Este homem é um líder para o Brasil, mas ele é também um líder e um companheiro para toda a classe trabalhadora do mundo”, afirmou a secretária-geral da Confederação Sindical Internacional (CSI), Sharan Burrow, após visitar Lula. Sharan reafirmou que vai garantir que todos os trabalhadores do mundo saibam que Lula é candidato à presidência da República: “ele está determinado a concorrer à presidência e não tem a menor intenção de retirar a sua candidatura”.
O eurodeputado italiano Roberto Gualtieri, do partido Democrático da Itália e presidente da Comissão de Economia do Parlamento Europeu, esteve em Curitiba em uma visita ao ex-presidente. Gualtieri, representando o Bloco Social Democrata no Parlamento Europeu e o Partido Socialista Europeu, entregou a Lula mensagens de apoio dos parlamentares e de ex-presidentes do Conselho Italiano.
No mesmo dia, um grupo de 29 congressistas norte-americanos, incluindo o senador Bernie Sanders, que foi pré-candidato à presidência dos Estados Unidos, enviou carta ao governo brasileiro na qual denuncia a prisão política de Lula, com base em “acusações não comprovadas” em um julgamento “altamente questionável e politizado”. Os parlamentares defendem que o ex-presidente responda ao processo em liberdade e afirmam que “a luta contra a corrupção não deve ser usada para justificar a perseguição de opositores políticos ou negar-lhes o direito de participar livremente das eleições”.
Em maio, o ex-presidente da França François Hollande e o ex-presidente de governo da Espanha José Luis Rodriguez Zapatero já haviam assinado documento em favor da libertação e da candidatura de Lula nas próximas eleições. “O impeachment de Dilma Rousseff, eleita democraticamente por seu povo e cuja integridade nunca foi questionada, já era uma preocupação séria. A luta legítima e necessária contra a corrupção não pode justificar uma operação que questiona os princípios da democracia e o direito dos povos de eleger os seus governantes”, afirmam no texto. Também subscrevem o documento o ex-primeiro-ministro da Bélgica Elio Di Rupo e três ex-presidentes do conselho de ministros da Itália: Enrico Letta, Massimo D’Alema e Romano Prodi.
Do Chile, a ex-presidenta Michelle Bachelet assinou, junto com outros 42 dirigentes da esquerda de seu país, uma carta de apoio à candidatura presidencial do ex-presidente Lula. A carta foi dirigida ao Poder Judiciário brasileiro com “uma defesa pela democracia”, considerando que “eleição presidencial sem Lula como candidato poderá ter sérias impugnações de legitimidade”. Entre as personalidades da esquerda chilena que assinaram a carta está Maya Fernández, presidenta da Câmara de Deputados e neta do ex-presidente Salvador Allende.
A atual senadora e ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, enviou várias mensagens de solidariedade a Lula, destacando ser evidente que “as elites do poder, que nunca se interessaram pela justiça ou pela democracia, usam o aparelho judicial para sua proibição”.
Também pela rede social, o deputado norte-americano da Califórnia Ro Khanna, do Partido Democrata, posicionou-se contra a prisão de Lula: “Estou muito preocupado pelo fato de que o candidato à Presidência do Brasil líder das pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva, está preso no que parece ser um processo por motivações políticas”, pontuou.
O presidente boliviano Evo Morales por várias vezes publicou mensagens em apoio ao ex-presidente por meio do Twitter. “Os crimes de Lula são: ter sido presidente dos trabalhadores, estar do lado dos trabalhadores e dos pobres que são vítimas dos estados coloniais. A luta continua por Lula livre”.
A solidariedade sul-americana veio também do ex-presidente do Equador, Rafael Correa: “Companheiro Lula: podem prender nossos corpos, mas não nossos ideais. Venceremos”. Correa, assim como Lula, teve prisão decretada recentemente.
Além das lideranças políticas, mais de 300 acadêmicos e intelectuais renomados assinaram manifestos para pedir a libertação do ex-presidente Lula. Entre os signatários, há nomes como o economista francês Thomas Piketty, a filósofa e ativista norte-americana Angela Davis e o filósofo esloveno Slavoj Žižek.
No manifesto, os intelectuais afirmam que Lula é um preso político e pedem para que comunidade internacional o tratem dessa forma. Na petição, eles chamam o processo contra o ex-presidente de “kafkiano”.
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