A mentira na história política brasileira: o caso da proclamação da República

Jair Bolsonaro, o presidente que tem por única estratégia de governo a mentira, institucionalizou o fenômeno das fake news na política brasileira. Mentindo no mínimo quatro vezes por dia, Bolsonaro já admitiu, inclusive, que as fake news fazem parte de sua vida. Mas essa não é a primeira vez que mentiras e fake news estão presentes na história política brasileira: boatos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, se repetem desde as eleições de 1989, as primeiras após a retomada da democracia. A relação entre mentiras e República brasileira vai ainda mais longe, desde seu nascedouro.

Vocês sabiam que a Proclamação da República, esse feriado que a gente comemora no dia 15 de Novembro, foi acelerada em 1889 basicamente por causa de uma fake news? Quem explicou isso no Twitter, 3 anos atrás, durante a campanha de 2018, quando Bolsonaro fazia das notícias falsas seu principal cabo eleitoral, foi o historiador Laurentino Gomes.

Pois conta ele que no dia 14 de Novembro de 1889 foram plantados rumores na Rua do Ouvidor do Rio de Janeiro – que funcionava como uma espécie de Whatsapp de hoje – pelo major Frederico Sólon de Sampaio Ribeiro, futuro sogro do escritor Euclides da Cunha.

Os boatos (que seriam as fake news) diziam que o governo do Visconde de Ouro Preto (primeiro ministro do Imperador Pedro II) tinha decidido prender o marechal Deodoro da Fonseca e as principais lideranças do movimento republicano. Com isso, esperava-se indispor os militares com as autoridades imperiais.

O boato chegou rapidamente aos quartéis e colocou em andamento o movimento que derrubou a monarquia na madrugada do dia 15.

Em 2021, o Brasil tem um presidente que instrumentaliza a mentira como forma de governar. Bolsonaro mente sobre tudo, mas concentra quase metade (48,6%) de suas inverdades em assuntos relacionados ao coronavírus. São mentiras que levaram mais de 600 mil famílias brasileiras a chorarem a morte de seus entes queridos. São declarações falsas contra máscaras, contra isolamento social e propagandas a favor da cloroquina e do kit covid, medicamentos sem eficácia comprovada.

Relatórios internacionais apontam que Bolsonaro mentiu, em média, 5 vezes por dia em 2020. O presidente emitiu 1682 declarações falsas ou enganosas, segundo dados do The Global Expression Report 2021. Além disso, a organização registrou que, no ano passado, o presidente, seus ministros e assessores deram 464 declarações públicas contendo ataques diretos a jornalistas ou deslegitimando o trabalho da imprensa.

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