Bolsonaro não gosta de criança

Se gostasse de crianças, o presidente teria cuidado delas. Em vez disso, as apresentou à fome, à violência e ao desamparo e roubou delas a chance de um futuro

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Jair Bolsonaro mente quando fala que gosta de criança e a prova disso está nas suas próprias atitudes. Não é um acaso que apenas 26% das crianças de 2 a 9 anos consigam realizar três refeições por dia. É uma decisão política. Também não é à toa que, a cada hora, 73 crianças sofram violência no Brasil, sejam elas agressões físicas, psicológicas, abuso ou falta de acesso à alimentação e à educação. Jair Bolsonaro não gosta de criança porque, se gostasse, cuidaria delas.

Desde quando era candidato à Presidência, Bolsonaro usa da imagem das crianças e jovens e dos nossos sonhos de um Brasil melhor para justificar um governo que consistentemente ataca e deixa vulneráveis aqueles que mais precisam. O desmonte das políticas sociais vem acompanhada de falas e atitudes que são ameaça direta para crianças e adolescentes no Brasil

É uma realidade que as famílias sentem na pele, na falta de escolas, de acesso à saúde e até de comida na mesa. E também é comprovada por especialistas, como Ana Cláudia Cifali, coordenadora jurídica do Instituto Alana e membro da coordenação da Agenda 227, movimento que reúne organizações da sociedade civil pelo direito de crianças e adolescentes: “Este ano é o pior momento para crianças e adolescentes desde a redemocratização do Brasil”.

Enquanto os apoiadores de Bolsonaro inventam que o presidente cuida das nossas crianças, Bolsonaro vetou o reajuste e a merenda escolar só tem bolacha e suco. É uma atitude inaceitável em um país em que um menino de apenas 11 anos ligou para a polícia e pediu ajuda ao ver a mãe chorar no canto por não ter o que dar de comer aos filhos.

Por culpa de Jair Bolsonaro, o número de crianças e adolescente em situação de rua mais que dobrou num intervalo de 15 anos, passando de 1.842, em 2007, para 3.759, em 2022, revela censo realizado pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo. Na capital do estado mais rico do país, quase 4000 crianças e adolescentes estão diariamente expostos a diferentes tipos de violências e violação de direitos.

O legado de ódio e desmonte fala por si só: Bolsonaro não gosta de criança

Bolsonaro é responsável por incontáveis crianças que tiveram que abandonar as salas de aula para trabalhar. Para ele, o trabalho infantil não só não é condenável, como algo defendido. Já disse que “o trabalho infantil não atrapalha a vida de ninguém”, já pediu pra “deixar a molecada trabalhar” e já lembrou, saudoso, de “bons tempos, em que menor podia trabalhar”.

São crianças que precisam ajudar na renda de casa porque o Auxílio Brasil é uma política míope e insuficiente. Assim, 47,6% das crianças com menos de 6 anos vivem em situação de pobreza, com renda familiar que não chega a meio salário mínimo por pessoa. Os dados são do Observatório do Marco Legal da Primeira Infância, a partir da PNAD-C 2019 . 

Educação nunca foi prioridade, e o Ministério da Educação foi transformado em um balcão de negócios numa tentativa de troca por algum apoio político que mantenha Bolsonaro no poder. O Proinfância (programa que construiu, entre 2007 e 2015, 8.787 creches e pré-escolas com investimento de R$ 10 bilhões) e o Brasil Carinhoso (que instituiu o Benefício para Superação da Extrema Pobreza na Primeira Infância) foram abandonados. Antes mesmo da pandemia, mostra o Inep, houve completa estagnação dos indicadores educacionais da educação básica.

Jair Bolsonaro não gosta de criança e usa a imagem delas para propagar o ódio e sua cega política de liberação de armas. No ano passado, o Comitê dos Direitos da Criança da ONU condenou veementemente o uso de crianças portando armas de fogo (ainda que de brinquedo) ou vestindo trajes militares em eventos políticos em apoio a Jair Bolsonaro. 

“A circulação de imagens de tais crianças perpetua ainda mais os danos a elas causados e corre o risco de contribuir para a falsa percepção de que o uso de crianças em hostilidades é aceitável.”

Nota do Comitê dos Direitos da Criança da ONU

Quando o Brasil era o segundo país do mundo com mais crianças mortas por covid-19, o presidente cego por seu negacionismo retirava com as próprias mãos máscaras de crianças. Dias antes, o Brasil havia atingido o inaceitável marco de 500 mil mortes em decorrência da doença. Nada o comoveu, e as vacinas atrasaram. Para ele, não haviam morridos crianças o suficiente para que seu governo tomasse alguma medida, e assim nada fez. “É insignificante”, cravou.

Bolsonaro deixa milhares de famílias desamparadas

Por trás do mote bolsonarista “Deus, pátria e família”, a família de que ele fala é a que tomou de assalto o poder para garantir os próprios interesses. Os filhos que Bolsonaro defende são só os dele. Daí vale de tudo: de impedir investigações de poder e criar gabinetes paralelos a difundir todos os dias ódio e desinformação.

Atitudes falam mais do que palavras, e por isso Luiz Inácio Lula da Silva pode falar com propriedade sobre seu amor às crianças, às mães, avós, filhos e netos. O seu amor pelo povo transborda e se torna uma obsessão em sua trajetória política. É por isso que, com Lula as famílias tinham casa, renda, Saúde e Educação.

Não é à toa que um dos principais programas implementados por Lula traga família no nome: Bolsa Família, responsável por tirar 36 milhões de brasileiros e brasileiras da extrema pobreza. Ao contrário do Auxílio Brasil, o Bolsa Família era muito mais do que um auxílio financeiro e o programa atuava de forma estruturada como uma rede de proteção.

Como a mãe que ama a todos os filhos, mas olha com mais atenção para quem mais precisa, governou Lula.

Os benefícios iam muito além disso, como toda política bem pensada. O programa monitorava a frequência escolar de 17 milhões de crianças e adolescentes, atingindo o patamar de 97,8% na faixa etária de 6 a 14 anos; promoveu o crescimento de 290% no número de pessoas com Ensino Fundamental completo; acompanhou 9 milhões de famílias nas unidades de saúde.

Com foco na autonomia econômica, na proteção à saúde, na educação e em defesa da igualdade de gênero, Lula e Dilma mudaram a realidade de milhões de mulheres, que comandam quase a metade dos lares brasileiros. Assim, reduziram em 16% a mortalidade de crianças de 1 a 4 anos, entre 2006 a 2015.

O ódio de Jair Bolsonaro o cegou, e sua incompetência governou o Brasil pelos últimos quatro anos. As crianças hoje conhecem desde muito novas o horror da fome, da violência, o frio das ruas e o desamparo. Jair Bolsonaro pode até querer dizer agora que gosta de crianças, mas esse não é o legado que ele deixará. Ao contrário, é uma geração de crianças órfãs por conta do que ele não fez durante a pandemia de covid-19. Tentar reescrever essa história é uma forma de violência que só não supera ter sido um presidente que roubou das crianças a chance de um futuro feliz e de uma vida de dignidade, sonhos e realizações.