Sumido dos palcos e trios elétricos, o ex-cantor de axé Netinho da Bahia tornou-se um empedernido soldado da milícia digital de Bolsonaro. Distante do sucesso musical desde os anos 2000, ele tenta retornar aos holofotes divulgando mentiras nas redes sociais.
Recentemente apadrinhado pela deputada Carla Zambelli, conhecida por ser uma das maiores disseminadoras de notícias falsas sobre a Covid-19, especialmente sobre as urnas eletrônicas, o agora o ex-cantor promete se lançar em carreira política. Além disso, deve se somar à tropa dos buchas de canhão bolsonaristas e se filiar ao PTB, partido dos grandes disseminadores do ódio e das fake news Roberto Jefferson e Daniel Silveira.
Vale lembrar que Netinho tentou utilizar a canção Milla, música com a qual fez sucesso na década de 1990, para apoiar Jair Bolsonaro, cantando-a inclusive em ato a favor de intervenção militar no último 7 de setembro. Manno Goés, autor da música e detentor de seus direitos autorais, não apenas manifestou-se publicamente condenando o ato como também processou Netinho por utilização indevida. Em apoio a Góes, Daniela Mercury gravou a música e postou em suas redes sociais: “Meu amigo querido! Eu entendo a sua agonia! Por isso, vou gravar Milla. Essa música é amor, é liberdade! Milla é nossa”.
Netinho hoje deixa de lado o que já fez profissionalmente, como a música e o carnaval da Bahia. Recentemente entrou de corpo e alma em uma cruzada em favor do atual ocupante da presidência da República e apesar de se dizer cristão, parece não se importar em apoiar Jair Bolsonaro, que mente sete vezes por dia. Na cabeça dele, prestar falso testemunho não deve ser mais pecado.
Falso testemunho
No dia 9 de março, o ex-cantor e pré-candidato publicou em suas mídias sociais um vídeo antigo de Bolsonaro mentindo sobre as supostas obras feitas pelo PT no exterior com dinheiro do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O pronunciamento é recheado de mentiras. As afirmações no vídeo são enganosas e misturam desinformação com informações falsas.
A lorota já é antiga e tem sido usada por Bolsonaro e seus fanáticos para enganar os brasileiros. A verdade é que o BNDES nunca financiou obras em países estrangeiros. O que o banco financiou foi a exportação de bens e serviços brasileiros de engenharia para o exterior. São coisas diferentes. Ou seja, o BNDES investiu em reais em empresas brasileiras que geram empregos no Brasil ao fazerem exportações.
A Verdade sobre Lula e o BNDES
Mesmo por que os financiamentos BNDES cobriam apenas empregos no Brasil e bens nacionais. Os financiamentos eram liberados ao exportador em reais, no Brasil. Nenhum centavo era remetido ao exterior. Exemplo: quando o BNDES fazia um empréstimo para a uma construtora brasileira, por exemplo, construir uma obra no exterior, o banco estava financiando também, mesmo que indiretamente, um número enorme de empresas aqui no Brasil, empresas que participam da cadeia produtiva.
A verdade é que entre 2002 e 2010, ao longo dos dois mandatos de Lula, o lucro do banco aumentou quase 18 vezes: passou de R$ 560 milhões para R$ 9,9 bilhões, mesmo com a crise econômica mundial de 2008. Tais investimentos não deram nenhum prejuízo à instituição.
Até Bolsonaro descarta ilegalidades no BNDES no período dos governos petistas. Mesmo assim, o atual presidente segue alimentando mentiras.
Bloco mórbido e material impróprio
Não é a primeira vez que o ex-cantor de axé divulga mentiras por aí. No ano passado, o apoiador de Bolsonaro, teve uma publicação ocultada pela rede social Instagram por divulgar fake news sobre a Covid-19. Em 2018, ele também distribuiu mentiras sem pé nem cabeça sobre a campanha de Fernando Haddad.
Por conta do excesso de mentiras, suas postagens no Twitter contam com a seguinte advertência: “O conteúdo multimídia a seguir pode conter material sensível ou impróprio”. Por conta da exagerada divulgação de notícias falsas ou duvidosas, Netinho usa a plataforma de extrema direita Gettr e uma comunidade no Telegram para se proteger de eventuais denúncias.
Netinho prefere divulgar fake news para conquistar a idolatria do bolsonarismo. Melhor estaria se seguisse animando as pessoas nos carnavais do Brasil e não em meio ao mórbido bloco de quem nada fez nada para combater a Covid-19 e promoveu a volta da miséria e da fome ao país.