É incrível assistir Bolsonaro se portando como comentarista do próprio governo quando o assunto é o abusivo preço dos combustíveis e os constantes reajustes. Assim como faz com outras áreas, o presidente lava as mãos e finge que não é responsável e nem pode fazer nada para acabar com o problema. Para que não restem dúvidas: a gasolina cara é culpa do Bolsonaro!
E o pior de tudo. Com a gasolina, o diesel e o gás de cozinha mais caros, a inflação também aumenta. Num efeito dominó, isso tem impacto direto no preço dos alimentos. Soma-se a isso o alto índice de desemprego e temos a volta da fome, da miséria e do endividamento no Brasil. A culpa também é do governo que o preço médio da gasolina seja hoje de R$ 7,29, chegando a R$ 8 em algumas regiões do País. Qual será o fim dessa estrada de abuso?
Para que fique explícito, a União é a acionista controladora da Petrobras, por isso tem poderes sobre a empresa para decidir seu comando e, consequentemente, sua política de preços. Se não quiser mudar essa política, o governo tem obrigação de fornecer subsídios ou criar fundos de estabilização.
Bolsonaro prefere culpar a própria empresa e dizer que o nome da Petrobras “vai para a lama” do que admitir sua própria parcela de culpa nisso tudo. Antes, ele já culpou governadores, a guerra, a covid e, óbvio, o Lula.
Mas, nos oito anos de governo Lula, a gasolina só subiu R$ 0,43. Quando Luiz Inácio Lula da Silva se tornou presidente da República, em janeiro de 2003, o preço médio do litro. de gasolina no Brasil era de R$ 2,16. Em dezembro de 2010, ao final de seu segundo mandato, o valor da gasolina no Brasil era de R$ 2,59.
Além disso, o imposto estadual que incide sobre o preço da gasolina, o ICMS, é o mesmo desde 2016 (27,6%, em média). Sendo assim, como os constantes aumentos podem ser culpa dos governadores dos estados brasileiros? Lembremos, antes do golpe contra Dilma, a gasolina custava, em média, R$ 3,60 na bomba.
A política adotada pela Petrobras desde 2016, de paridade com o dólar, é uma das principais causas dos aumentos constantes. O Brasil, mesmo sendo autossuficiente em petróleo, paga em dólar pela gasolina, enquanto os brasileiros recebem em real. Além disso, a venda de refinarias como a BR Distribuidora e toda a farsa construída pela Lava Jato para prejudicar a reputação da Petrobras agravam o problema, como tem alertado Lula em suas falas.
Um levantamento recente mostrou que Bolsonaro trabalha menos do que um estagiário. Desde 2019, quando assumiu, o presidente passa uma média de 3 horas por dia no Planalto, o resto do tempo é usado para atualizar redes sociais ou participar de motociatas com apoiadores. Bolsonaro podia usar melhor o tempo trabalhando efetivamente para tirar o Brasil dessa lama de pobreza e desespero que ele mesmo criou.
Diante de mais um aumento no preço do Diesel, de 8,8%, anunciado nesta semana, Bolsonaro decidiu trocar o ministro de Minas e Energia para, mais uma vez, se eximir da responsabilidade. Na última quarta (11), Jair Bolsonaro trocou o ministro de Minas e Energia (um dos últimos remanescentes de sua equipe original, que sempre obedeceu às ordens do chefe). Em seu primeiro pronunciamento, o novo ministro, Adolfo Sachsida, já anunciou que quer privatizar a Petrobras e o Pré-Sal e entregar de mão beijada nossas riquezas.
Em evento em Juiz de Fora na mesma data, Lula falou sobre o desmonte pelo qual a Petrobras passa e voltou a mencionar como o argumento de que a privatização traria competição e preços baixos é falso. A privatização da BR e o fatiamento da Petrobras ajudaram a construir o cenário atual, em que o Brasil contabiliza 392 empresas importando derivados e a gasolina e diesel são os mais caros do mundo. “O presidente, ao invés de colocar a mão e tentar resolver o problema, fica trocando o presidente da Petrobras e o ministro de Minas e Energia. Na verdade, ele não sabe o que está fazendo neste país”.
Lula ainda completou: “quero aproveitar esse humanismo reinante nessa sala, esse calor democrático, para dizer ao governo brasileiro e dizer aos empresários: parem de tentar privatizar nossas empresas públicas. Quem se meter a comprar a Petrobras vai ter que conversar conosco depois da eleição. Parem de tentar privatizar a Eletrobras porque, se não fosse a Eletrobras, não teria o programa Luz para Todos, que custou ao povo brasileiro R$ 20 bilhões e só pôde ser feito porque a empresa era pública. Parem de privatizar os Correios, não tentem privatizar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, o BNDES, o BNB e o Basa. Aprendam a trabalhar, aprendam a investir, aprendam a fazer política econômica, em vez de vender as coisas que já estão prontas”.
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