Exatamente há um ano, no dia 17 de agosto de 2017, a Caravana Lula Pelo Brasil ganhava a estrada com o desafio de cruzar o Nordeste. Foram 4,9 mil quilômetros rodados, 60 municípios nordestinos visitados e muita emoção envolvida.
Para se ter uma ideia, o planejamento inicial previa a parada em 25 cidades. Porém, por onde passava, Lula era abordado. Pessoas fechavam a estrada apenas para abraçar o ex-presidente, olhá-lo nos olhos e, muita vezes, agradecer.
Outro marco simbólico, anterior à Caravana, foi o convite que Lula recebeu para a “inauguração popular da transposição do Rio São Francisco”, em 19 de março de 2017. Ele se banhou naquelas águas junto com a população de Monteiro (PB), que finalmente via a água chegar ao município historicamente esquecido. O povo sabia quem era o responsável por essa transformação. A transposição do Rio São Francisco impactou a vida de 12 milhões de pessoas.
Em seu discurso, Lula relembrou a infância pobre no interior do Nordeste. “Eu sei o que é colocar lata d’água na cabeça, de água suja. Eu vivi isso e por isso sabia que o povo precisava de água limpa”, falou.
Viajar pelo Brasil, conversando com as pessoas, não é novidade para Lula. Ele percorreu o país nos anos 1970, para organizar o novo movimento sindical; nos anos 1980, para construir o PT; nas Caravanas da Cidadania, de 1992 a 1994, para construir um programa de governo de baixo para cima. Na presidência, recusou-se a ficar encastelado no Planalto e continuou percorrendo o Brasil.
Inclusive, em abril de 1993, Lula repetiu, na histórica Caravana da Cidadania, a mesma rota que já havia percorrido a bordo de um caminhão pau de arara aos seis anos de idade. Visitou cenários ainda desolados pela seca e pela falta de perspectivas econômicas, muito diferente do que encontrou em 2017, mas a emoção e a receptividade do povo nordestino, que fazia questão de falar com ele, foram as mesmas.
A Caravana Lula Pelo Brasil saiu da Bahia. As agendas previam eventos em Salvador, Feira de Santana, Cruz das Almas e São Francisco do Conde, mas teve mais uma parada em Jandaíra.
Em Sergipe, houve cinco compromissos previstos na agenda (Aracaju, Itabaiana, Nossa Senhora da Glória, Estância e Lagarto) e outros improvisados em Campo de Brito, Japoatã e São Domingos.
Em Alagoas, foram Penedo, Arapiraca e Maceió. Seguindo para Pernambuco – com eventos em Recife e Ipojuca –, comunidades de Araripina, Goiana e Xexéu também pararam o ex-presidente. Assim como os paraibanos de Nova Palmeira se somaram aos de João Pessoa, Campina Grande e Picuí.
No Rio Grande do Norte, além de Mossoró e Currais Novos, parou em Acari, Campo Grande, Florânia e Jucurutu.
No Ceará, a Caravana saiu de Quixadá. Lula parou na usina que fica no município de Juatana, e também desceu do ônibus em Banabuiú, Solenópole, Vila São João de Solenópole, Quixelô, Iguatu, Cascudo e Cedro.
No Piauí, as paradas em Alegrete, Campo Grande do Piauí, Ipiranga, Inhuma, Passagem Franca do Piauí, Barro Duro, Miguel Leão, Monsenhor Gil, Demerval Lobão e Vila Irmã Dulce se somaram às agendas de Marcolândia, Picos, Altos e Teresina.
Em um dia comum na região, a passagem de Lula fez com que as pessoas saíssem do trabalho, das escolas e deixassem os compromissos de lado por apenas um motivo: ver o ex-presidente chegar.
E no Maranhão, estado em que encerrou a viagem, Lula teve compromissos em São Luís e em Timon.
Em todas as cidades, ele foi recebido por multidões que de longe clamavam pelo ex-presidente. Toda essa jornada foi registrada pelo fotógrafo Ricardo Stuckert e apresentada no livro “Caravanas da Esperança – Lula pelo Nordeste”, lançado no último 15 de agosto.
O legado de Lula e do PT no Nordeste
Em 21 dias de Caravana pelo Nordeste, o torneiro mecânico, sem diploma de ensino superior, recebeu cinco títulos de Doutor Honoris Causa e sempre fazia questão de afirmar que, para ele, o mais importante era o diploma que cada filho de trabalhador conseguia obter.
Sete das 18 universidades criadas nas gestões petistas estão no Nordeste. E cada uma mantém unidades em mais de um município, beneficiando 28 cidades.
Na área social, o Nordeste deu um salto ainda maior. Em 2002, quando o presidente Lula foi eleito, mais de 21,4 milhões de nordestinos viviam em situação de pobreza. Em 2012, esse número havia caído para 9,6 milhões, segundo estudo da Fundação Perseu Abramo, com base em dados do IBGE.
Outro dado que corrobora isso é a pesquisa divulgada no Fórum Brasil Regional, em junho de 2015, que mostra que o Nordeste responde por 61% na redução da pobreza do país, entre 2003 e 2013.
Por isso, não se pode negar a importância do programa Bolsa Família para a região, que chegou a ter mais de 7 milhões de famílias beneficiadas pelo maior programa de transferência de renda do mundo.
Para garantir a dignidade das pessoas do semiárido, foram instaladas 1,2 milhão de cisternas para consumo humano. E o Luz para Todos, até 2015, já tinha levado energia elétrica de forma gratuita para mais de 1,5 milhão de famílias nordestinas.
Tudo isso contribuiu para que, entre 2003 e 2013, o Nordeste tivesse índice de crescimento de 4,1% ao ano, enquanto o país ficou na marca de 3,3%, de acordo com o Banco Central.
As ações dos governos petistas para a região também geraram empregos. Em 2002, apenas cinco milhões de nordestinos tinham emprego formal. Já em 2013, esse número passou para quase nove milhões.
Por tudo isso, por todas essas conquistas, a Caravana mexeu com o coração do povo nordestino e marcou o reencontro de Lula com a população brasileira.