1001 noites com Bolsonaro: histórias de morte, fome, inflação e ódio

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Nesse 27 de setembro de 2021, completam-se 1001 noites com Jair Bolsonaro no poder. Tal qual Sherazade, Bolsonaro ocupa-se de contar histórias fantasiosas para tentar garantir sua sobrevivência no governo, enquanto o caos se aprofunda no país. Miséria crescente, a volta da fome, desemprego, inflação descontrolada, seguidas violações de direitos humanos e 594 mil mortos pela pandemia gerenciada por um presidente negacionista: essas são apenas algumas das histórias reais que assolam o povo na longa noite bolsonarista.

No Brasil de Bolsonaro, quase 50 milhões de brasileiros vivem em situação de fome (passam um dia inteiro sem se alimentar) ou de insegurança alimentar moderada (dificuldade e restrição no acesso a alimentos). São 1001 noites de desemprego: mais de 14,4 milhões de pessoas estão desempregadas, e falta trabalho para um total de 33 milhões (entre desempregados, subempregados e desalentados). Durante o primeiro ano da pandemia, graças à desastrosa gestão de Bolsonaro, 6 empregos desapareceram por minuto no país.

A inflação de setembro atingiu o mais alto índice em 27 anos. A inflação dos alimentos está descontrolada, e o aumento médio da cesta básica nos últimos 12 meses foi de 22%. Segundo estudos do DIEESE, o salário mínimo necessário para prover as necessidades básicas dos trabalhadores seria de R$ 5.422. O valor é cinco vezes maior do que o salário mínimo atual de R$1.100, que não vê aumento real desde 2017. Pesquisa realizada pelo Datafolha mostra que 85% dos brasileiros teve que cortar o consumo de algum alimento desde janeiro (41% não tem dinheiro nem para comprar pão). Os combustíveis sofrem sucessivos aumentos graças à dolarização dos preços implementada por Bolsonaro, e a gasolina já chega a R$ 7 em diversas cidades do país.

A Anistia Internacional listou 32 violações de direitos humanos cometidas por Bolsonaro em seus mil dias de governo. Em relatório intitulado “1000 dias sem direitos – As violações do governo Bolsonaro”, a entidade destaca a gestão da pandemia de covid-19 e aponta a “conduta negacionista e irresponsável, omissão, falta de transparência de dados, troca de ministros da saúde e falta de assistência adequada aos profissionais de saúde”, além da falta de vacinas para populações indígenas e quilombolas e a violação de direitos sanitários da população carcerária. A Anistia denuncia ainda as medidas de armamento da população, as ameaças ao direito à vida e as restrições à liberdade de imprensa.

A total falta de gestão federal avizinha o país de sua maior crise hídrica e energética. As ações do presidente? Aconselhar as pessoas a tomarem banho frio e não usarem elevadores.

Enquanto isso, Bolsonaro se dedica a contar histórias, inventar mentiras e tentar inundar as redes com fake news ao mesmo tempo em que segue gastando dinheiro. Foram R$ 6 milhões em gastos com o cartão corporativo (despesas pessoais do presidente e de sua família).

Bolsonaro segue defendendo a cloroquina e o kit-covid de remédios comprovadamente ineficazes, inclusive em seu discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU. No mesmo discurso, Bolsonaro também mentiu sobre o valor do auxílio emergencial, cancelado por ele em dezembro e retomado com valores pífios apenas em abril e sobre as políticas ambientais de seu governo.

A mentira é a única estratégia consistente de Bolsonaro: são ao menos 4 mentiras por dia, de acordo com estudos nacionais e internacionais. Nas últimas semanas, inclusive, o presidente assumiu que fake news fazem parte de sua vida, sem pejo algum.

Para “celebrar” seus mil dias de governo, Bolsonaro poderia por exemplo lançar programa de geração de empregos. Ou desmentir publicamente suas falas sobre a cloroquina. Em vez disso, o presidente planeja cortar o país em comícios eleitorais, sob o pretexto de inaugurar obras como a inauguração de 10 km de asfalto no sul da Bahia ou a inauguração de obras de ampliação do aeroporto regional de Maringá.

O problema, para Bolsonaro, é que o povo tem memória, e sabe que o Brasil tem jeito.